Corte de Adagas e Sombras - Fanfic Azriel

XXXXV

- Algumas semanas depois –

O tilintar de pratos e taças e o converseiro que o lembrava de um formigueiro fez Rhys precisar pedir para que parassem de falar.
Estavam todos na mesa de jantar em um dia qualquer da semana. Sua família se silenciou quando viram que Rhys tinha algo importante a dizer.

- Uma carta chegou hoje. Gostaria que soubessem que o herdeiro de Hybern recuou na guerra. A Rainha humana retirou os exércitos de lá depois que Arin queimou todo o estoque de flechas de freixo que ela tinha encomendado e roubou todos os suprimentos que o feiticeiro ia precisar. – Ele fez um sinal de reconhecimento para Arin por suas habilidades e coragem. – A fortaleza improvisada do Rei dos Assassinos foi invadida e estão todos mortos. – silêncio recaiu no ambiente e Azriel apertou a mão de Arin por baixo da mesa em conforto, se alguém desconfiou que eles eram os responsáveis por isso, não falou. – Sozinho ele não tem forças suficientes para garantir uma invasão à nenhuma Corte, então retirou todas e quaisquer ameaças e faremos um conselho com os demais Grão Senhores para que ele firme um acordo que vai nos dar direito a tolerância zero em caso de futuras ameaças.

- Ele deve estar bem bravo que vai ter que assinar isso. – Elain foi a única a dizer algo.

- Ele pode pegar a raiva dele e enfiar no...

- Cassian... – Amren o cortou.

- Eu só ia falar que...

- Cassian, cala boca. – Mor gritou do outro lado da mesa. – Não vamos falar do buraco de ninguém, estamos jantando, pela Mãe!

- E daremos início à construção do orfanato em Rask para as crianças que estavam sendo treinadas na Fortaleza. – Az havia contado para Arin a verdade sobre sua família, quem era seu pai e o que ela realmente havia herdado. Ela escolheu derrubar a Fortaleza dos Assassinos e deu todo a fortuna para Rhys administrar em Velaris com a condição que cuidariam das crianças que estavam presas naquela vida, devolvendo-as para a infância que lhe fora roubada. Adorou a ideia de Feyre de uma galeria para aulas gratuitas de pintura exatamente igual a que tinham aqui em Velaris, para as almas perturbadas que precisavam se expressar.

Devagar voltaram às conversas paralelas. Rhys e Feyre apreciaram em silêncio aquela felicidade que há poucas semanas atrás era tão frágil e incerta, como algo que pudesse quebrar se tentassem segura-la mais forte. Todos tinham medo de que Arin voltasse traumatizada e entrasse em algum tipo de refúgio interno e que não conseguiriam tira-la. Mas ela nunca fez o que eles pensavam. Arin se provou, mais uma vez ser uma fêmea poderosa, não como Rhys com sua escuridão ou Feyre com seus dons herdados dos outros Grão Senhores, mas na força dela, força essa que não deixou que nada nem ninguém a quebrasse, e o mais importante, trouxe luz à Azriel que desde sempre só vivera na escuridão. Não se acostumaram ainda a ver o macho sorrir tanto como ele fazia quando estava com ela. Ele era atencioso e dedicado, e cada minuto do seu dia era dedicado e pensado na parceira. Não perca tempo com bobagens, era a frase que ressoava na mente de Rhys quando via a irmã sorrindo.

Mais tarde, depois do jantar e voltando para os quartos, Arin chamou Az para um canto quando viu que Cassian ia para o terraço provavelmente buscar algo que havia esquecido. Ela estava há dias esperando a oportunidade de testar os reflexos dele, agora que Madja oficialmente liberou ela em alta médica.

Arin pediu para que Az fizesse silêncio e se escondesse nas sombras e fez cara feia quando ela ia sair pela janela da casa do vento (onde podia cair do topo da montanha) e Az tentou impedi-la. Apenas com um olhar dela o macho recuou de volta para as sombras. Devagar e em um silêncio mortal ela subiu as paredes até o telhado colocando os olhos em Cassian que procurava algo pelo terraço. Ela avançou em escuridão, contra o vento que levava o cheiro dela para longe, uma perna na frente da outra, agachada nas sombras, a respiração encurtada para manter o coração batendo controlado no peito. Ela se preparou, uma adaga na mão esperando o momento certo. A arte do espião era esperar o momento perfeito, e ele veio... quando distraído, Cassian virou para a parede.