XXXXI

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O mundo rodava em câmera lenta. Não sentiu quando foi empurrado, ele estava vidrado na parceira que gritava. O grito da mais pura dor e agonia. O desespero dela alcançaria cada parte do universo.

Ele a viu parar de gritar. Os olhos estavam tomados de sombras, o rosto sem expressão. E a mente dela quebrou em milhões de pedaços. Arin era feérica e tinha acabado de quebrar o juramento de fidelidade ao Rei. Ele sentiu a alma dela rasgando, descolando do corpo com o quebrar da promessa. Mas não era nada comparado ao medo de perdeu o parceiro. Arin se soltou de Konrath que lhe unhou a carne ao tentar contê-la. Ela correu e se jogou logo atrás dele. As sombras escureciam ainda mais as feições sombrias de Arin. Ele olhava para uma fêmea que lutaria até o fim pelo parceiro. Morreriam juntos, engolidos pelo mar. De todos os finais que Az imaginou para a sua vida, nunca tinha pensado nesse cenário. Arin o surpreendera até o fim.
O golpe da água contra suas costas foi duro, pela dor para respirar provavelmente quebrou costelas. Mas não o sedaram para que ele sentisse tudo isso, que ele estivesse vivo quando a água invadisse seus pulmões.

Não tinha um centímetro de Arin que não doía

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Não tinha um centímetro de Arin que não doía. Seu corpo era esmagado de dentro para fora. Mas lutaria até que seu coração parasse de bater. Assim que caíram na água, Azriel de costas e ela de ponta, nadou até alcançar o parceiro pelo braço e leva-lo de volta para cima. Ela nadava contra a correnteza e usava qualquer resquício de força que tinha para mantê-los na superfície enquanto Azriel terminava de romper as correntes. Os pulsos do macho estavam quebrados e cortados, mas ele não parou vendo a parceira quase perdendo a consciência. Arin tentava muito não desmaiar, Rhys não estava aqui para ela fazer o juramento de sangue, mas seu parceiro poderia se salvar se conseguisse nadar. Hélion tinha explicado que ela precisaria tomar pelo menos uma gota de sangue de Rhys ao jurar sua alma guerreira para ele. O nariz dela sangrava e ela sentia que os portões do Além-Mundo não estavam distantes, a inconsciência cantava seu nome.

- Eu te amo Az. – ela disse antes que dormisse, porque quando fechasse os olhos, seria para valer dessa vez.

- Não, Arin, ainda não. Aguente só mais um pouco, ele está vindo... eu sei que está. – Az chorava e juntou a testa dele à dela.

O último beijo que dariam foi molhado e não saberiam dizer se pelo sangue, lágrimas ou pelo mar.

- Eu fui a fêmea mais feliz do mundo em compartilhar esses dias com você. – Az nadava com ela em direção à ilha que estava muito longe ainda.

A fêmea perdia a força em seus braços, ficava mais difícil nadar com ela até a terra.

Uma ideia dançou pela mente do espião, ele não era um governante ou alguém com autoridade para pedir isso à ela, mas ofereceria tudo para a parceira. Se isso não funcionasse, ele não se incomodaria em estar aqui para Rhys quando o amigo chegasse. Se essa última tentativa de salvar sua parceira não funcionasse, Azriel a acompanharia para onde ela estava prestes a ir. Tinha que funcionar, que a Mãe tivesse misericórdia sobre a mulher que mais sofreu na vida, que o permitisse de oferecer a única coisa que ele poderia à essa altura... Ele mesmo.

- ARIN. ARIN. Vamos jurar fidelidade, agora.

- O quê? - a voz pouco mais que um sussurro, falhando em agonia.

– Eu juro fidelidade à você Arin, prometo amar e cuidar de você até que meu coração pare de bater. Vou te honrar e proteger com todo o meu ser. Tudo o que eu sou e tudo o que eu tenho é seu agora, e vai ser seu para sempre, até que o Além Mundo nos reivindique. – ele pegou a mão dela, quebrada e cortada, pediu desculpas pelo laço e mordeu a ponta do dedo dela, tomando uma gota. – Agora quero que jure para mim Arin, que viverá e amará a vida. Lutará por mim, mas por você também, e ...

- Eu juro Az. – Ela disse fraca e a voz já falhando. Ele mordeu o próprio dedo e pôs na boca dela.

Arin sorriu, e inspirou. Lentamente alma e corpo voltavam a ser só um. Arin não tinha jurado fidelidade a nenhum Rei ou Grão Senhor, tinha jurado fidelidade ao parceiro. Ninguém mais perfeito para ela estar ligada ao resto da vida. Que parecia que seria bem curta devido aos diversos ferimentos e por estarem em alto mar, mas morreria livre e nos braços do parceiro.

- Obrigada Az, agora vou morrer em dez minutos e não dois. – ela tentou brincar e ele riu aliviado, foi a última coisa que ela fez antes de desmaiar.

Az lutava e nadava contra ondas, Arin não teve forças para soltar as asas dele presas em correntes. Mas ele devia isso à ela. Não pararia de nadar até leva-la à terra firme. Podia sentir a presença de Rhys já. Ele abriu a mente ao irmão de onde estava exatamente. Com muito esforço, ele alcançou a terra e carregou Arin até a areia. Abraçou a parceira nos braços, a protegendo do vento frio da noite. Controlava a respiração dela, a artéria pulsando firme no pescoço... pescoço que estava livre de tatuagem. Rhys e Cassian vieram buscar eles. Hesitante, Rhys viu enquanto se dirigia à beira da praia a cena que Elain havia mostrado dias antes, o corpo de Arin enrolada nas asas mortas de Azriel como se aquele casulo fosse preservar eles seguros e juntos para sempre. Mas ao contrário da visão, eles estavam vivos.

Corte de Adagas e Sombras - Fanfic AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora