Soco de direita. Soco de esquerda. Giro. Chute.
Soco de direita. Soco de esquerda. Giro. Chute.
A única sequência de pensamentos que gosto de ter quando estou treinando. No entanto, como meu plano A ainda não tinha tido êxito, pensamentos aleatórios insistiam em cruzar minha mente fazendo com que meu treino não rendesse tanto quanto eu gostaria. Quanto mais concentrada estivesse, menos chances de sentir a força dos golpes desferidos no pobre saco de areia pendurado. Porém, dispersa como estou, sinto cada golpe atravessar meus ossos.
—Merda! —xingo ao bater uma última vez no saco.
Tentando recuperar o fôlego fisgo longas respirações enquanto fico olhando o saco pender de um lado para outro na viga duvidosa....
—Esse saco deve ter feito alguma coisa muito ruim para você além de bater nele, o xingar.
—Ele está mais para aquele soltou uma piada muito ruim. —rebato voltando os olhos para entrada da sala.
—Ou ele pode ser a cara de um certo alguém... —ele gesticula. —... Que não entrou em seu jogo.
—Que ainda não entrou, Thales! Ainda...
—Não estou te acusando, Valquíria...
—Não me chame assim! Principalmente aqui! —o corto dura.
Mesmo que a academia estivesse relativamente vazia naquele horário da manhã, tanto naquela área que estamos quanto no restante do pavimento, não é bom abusar da sorte.
Eu tinha me escrito naquela academia de bairro que, nada mais era que um galpão com tatames e aparelhos de ginástica alugados por um casal de idosos atléticos, para fazer com que "minha vida" fosse o mais convincente possível. Mas não nego ter me encantado tanto com os donos, quanto por aquele espaço rusticamente singelo...
—Como eu disse, eu não estou te acusando.
Eu sabia que não estava.
—Eu sei. —suspiro me encaminhando para minhas coisas.
Ao chegar nelas, que se encontravam em cima de um dos compridos bancos de madeira encostados na parede, trato de me sentar e resgatar minha garrafa de água. E, antes mesmo de tomar o primeiro gole, vejo Thales se sentar no banco ao lado.
—Vladimir decidiu sobre o que você precisa ficar de olho quando entrar lá.
—E o que é?
—O porto de Santa Maria.
—Ainda esse porto? —bufo.
Lembrava perfeitamente de como Valentim, ao decorrer dos anos quando ia me visitar, falava o quanto Vladimir queria o porto de Santa Maria. Que nada mais era que um enorme porto para importação e exportação de contêineres que não eram fiscalizados. Ótimo ponto para o ramo de negócios de ambos que prestavam serviço de logística de transporte para as mais variadas coisas. Esse porto estava nas mãos dos Gonzalez praticamente desde de sempre e Vladimir sempre o quis.
—Não foi por esse porto que eles acharam que foi um da família Vasconcellos que sabotou o carro do seu antigo chefe?
—Nós não fizemos nada. Dante apenas deduziu que tivemos algo a ver porque Vladimir quer aquele porto. Seja lá como ocorreu o acidente de Dimitri, não tivemos nada a ver.
Mas ao contrário dele, que tinha algo a ver com a morte do meu irmão...
—Ele quer que eu fique de olho nas negociações que os Gonzalez fazem, enquanto não o mato e relate para você? —volto para a questão do porto não querendo mexer naquela memória.
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Além da Vingança
Romance"Em um jogo de matar ou morrer pode o amor sobreviver...?" Vingança. Para muitos, um prato que se come frio. Para tantos outros, algo que não vale a pena investir. Para Lissa, que perdeu a pessoa mais importante da sua vida pela cobrança de ou...