—Oliver?!
A minha cara estupefata e minha falta de reação seria cômica, se a situação não fosse trágica. Olhando para um dos seguranças mais próximo de Dante meio que esperei que o próprio se materializasse do nada ao seu lado. Mas, além das mulheres que olhavam de maneira desconfiada e algumas de cobiça para Oliver, nenhum sinal de Dante era visível… Ainda.
—Olá, senhorita…
—Oliver… C- como você…
—Tenho certeza que é uma coisa que Dante vai querer te contar —ele corta já antecipando o que eu perguntaria logo tirando o celular do bolso interno do seu paletó e depois de alguns segundos o estender para mim. — Agora.
Primeiramente hesito em pegar o celular, mas acabo por pegá-lo e, receosa, o levo a orelha.
—Como você sabia que estávamos aqui?
A pergunta meio gritada, por causa da música que continua alta ao redor, que sai da minha boca não é bem a que eu queria fazer. A pergunta se ele estava bem vem até a ponta da minha língua e tenho que a morder de volta. A pergunta se ele tinha realmente acabado com a ameaça que Ruan representava até passa pela minha cabeça, mas o medo de ouvir de sua boca que o frágil elo que nos ligava tinha se rompido me impediu também.
—Digamos que eu sou quase sócio dessa boate e conheço boa parte dos colaboradores.
Não poderia negar que um certo alívio me bate ao ouvir a voz forte de Dante ressoar.
Ele realmente estava vivo…
Mas por quanto tempo…?
—Você está aqui?! —pergunto desviando meus pensamentos para o ali.
—Eu estava para resolver um pequeno problema quando soube que…
Paro de conseguir entender suas palavras quando um burburinho se eleva rapidamente ao redor. Ao olhar para cima e avistar Oliver alguns passos à minha frente não tenho tempo de lhe dizer nada, antes de um par de garotas o rodearem. Percebo tardiamente que elas o confundiam com um dos seguranças da boate por ele estar com seu habitual terno. Sem que eu pudesse fazer qualquer coisa elas o arrastaram, seja lá para qual confusão estivesse acontecendo, um pouco mais atrás no salão da boate.
Sou obrigada a dar alguns passos para longe do banheiro feminino para conseguir entender o que Dante continuava a falar no celular.
—Desculpe, eu não entendi o que disse, já que acabaram de roubar seu segurança!
A risada que dou é tanto pela situação inusitada que Oliver estava tendo, quanto pelo efeito das duas caipirinhas que circulam no meu sistema.
—Eu sei que Oliver vai saber segurar as pontas até eu chegar aí… —ouvir seu evidente sorriso em sua voz apenas faz com que meu coração dê uma batida há mais.
—Então você está vindo para cá? — pergunto de repente ansiosa para o ver.
—Chego em poucos minutos, então preciso que encontre Cecília…
Mesmo que eu estivesse focada em tentar o ouvir no fuzuê que acontecia à minha volta, uma coisa se desenrolar a apenas alguns metros de repente me rouba a total atenção. Com o intuito de ouvir Dante melhor agora percebo estar no começo de um corredor que dá para uma das saídas de acesso. No entanto, não sou a única ali…
A primeira coisa que rouba a minha atenção é o vestido conhecido de paetê escuro da garota que nem deveria estar ali. A segunda é a pessoa que a arrasta para fora.
—Meu Deus…
Sem reação de primeiro momento apenas abaixo o celular da minha orelha enquanto via o filho da mãe tentar equilibrar Cecília e abrir a porta escura que havia naquela parte.
Acordo do transe quando a porta bate com um estrondo me fazendo além de pular, mesmo que o estrondo dela fosse reduzido pelo barulho de dentro, derrubar o celular de Oliver. A segunda reação que tenho é simplesmente correr atrás deles sem me importar em pegar o celular caído no chão. Quando rompo pela porta a escuridão do beco me recebe, mas não demoro mais do que meio segundo para ver o que procurava.
—Marcelo!!
Ao ouvir seu nome ele para e vira para mim ainda tendo Cecília, evidentemente drogada, com um braço molenga ao redor de seus ombros. Ao mínimo vejo surpresa em seu rosto quando me identifica parada logo em seu encalço.
—O que diabos você pensa que está fazendo?!
—Aquilo que você não teve coragem. —ele praticamente cospe ao ajeitar uma Cecília debilitada ao seu lado. A garota nem parecia se dar conta do que estava acontecendo!
—Você não está pensando direito. —começo a dar os primeiros passos em sua direção. —Eu disse para você que esse plano…
—É o melhor plano que já bolei! —ele interrompe e sua forma meio alucinada me causa arrepios involuntários. —E quando eu conseguir o que você foi incapaz, eu vou ser promovido dentro da família! Eles vão ver que é muito melhor ter eu do que uma garota estúpida que nem você!
—Marcelo eu já disse…
—Para aí mesmo!
Suas palavras são seguidas dele tirar uma arma, sei lá de onde, e apontar firmemente em minha direção fazendo com que eu pare imediatamente de tentar me aproximar.
—Você está muito enganada se pensa que vai conseguir me impedir… Eu vou acabar com ela!
—Não faz isso! —me apresso a dizer levantando as mãos em sinal de rendição quando ele volta o cano da arma para têmpora de Cecília, que ainda parecia absorta em seu próprio mundinho. —Você não precisa! Solta ela e vamos fazer isso de outro jeito…
—Não tem outro jeito.
Antes que eu possa registrar qualquer coisa ele simplesmente volta a arma na minha direção e meu instinto é simplesmente abaixar quando um duplo disparo explode naquele beco. Porém, mesmo que eu tivesse me jogado no chão, os dois disparos não tinham sido para mim. Percebo ao ouvir o urro de dor que se reverbera a minhas costas. Com os olhos esbugalhados, olho para trás a tempo de ver Oliver se escorando em uma das paredes paralelas daquele beco. A expressão de choque em seu rosto não era nem um quarto da minha própria ao ver os dois ao pontos vermelhos irem tomando forma.
Por reflexo, vou em sua direção no mesmo momento que ele escorrega pela parede e tomba desajeitadamente sentado no chão.
—Oh meu…
Sua careta de dor é o máximo de reação que ele tem ao ele próprio colocar a mão em seu abdômen, onde uma das balas havia acertado, e eu colocar por extinto no furo em seu ombro.
—Você precisa… chamar ajuda… —ele diz com dificuldade.
—E – eu…
Ainda pressionando a ferida em seu ombro percorro com os olhos freneticamente o beco para ver se encontrava alguém que poderia ajudar. Mas, mesmo que houvesse diversas pessoas a apenas alguns metros, nem uma alma viva parecia estar ali naquele momento para ajudar. Ao olhar por sob meu ombro vejo Marcelo começar a se movimentar para longe dali…
—Droga! Você pede ajuda, —digo rapidamente ao pescar meu celular do bolso de trás da minha calça e, assim que dou em sua mão, começo analisar ao redor em busca de sua arma. Quando encontro-a simplesmente esfrego o sangue da minha mão e a pego. —eu preciso tentar pará-lo!
Antes que ele possa me impedir corro na direção que Marcelo tinha ido. Rompendo para rua de trás da boate, tenho um vislumbre deles e os sigo cegamente.
—Para Marcelo! —grito mais uma vez no segundo beco que agora ele entrava.
Aquele beco diferente do outro fedia e sua parca iluminação vinha apenas de um poste no meio de seu cumprimento. Mais uma vez vejo Marcelo parar, mas desta vez não virar de imediato.
—Marcelo…
—Você vai me ajudar… —ele finalmente vira para mim e, exatamente como eu, mantém a arma erguida. —Ou não?
Tentando controlar a respiração hesito em dizer qualquer coisa que fosse agravar a situação. Principalmente pela forma ainda meio alucinada que eu via nitidamente em sua expressão. No entanto, minha hesitação parecia ter outra fonte para ele.
—Acho que vou ter que realizar essa dança sozinho…
—Espera! —grito assim que ele dá um passo para trás.
Ainda com a arma erguida ele para e eu vejo que o confronto cara a cara não seria o caminho certo com ele. Por isso, com toda a calma do mundo eu levanto minhas mãos em sinal de rendição, inclusive a arma que também segurava.
Ok, vamos seguir por outro caminho…
—Tudo bem, eu vou te ajudar.🖤✨🖤✨🖤✨🖤✨🖤
Eita, eita, eita 🤭
Muitos beijos !!!
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Além da Vingança
Romance"Em um jogo de matar ou morrer pode o amor sobreviver...?" Vingança. Para muitos, um prato que se come frio. Para tantos outros, algo que não vale a pena investir. Para Lissa, que perdeu a pessoa mais importante da sua vida pela cobrança de ou...