8º Um problema chamado Marcelo

240 29 2
                                    

Eu não podia acreditar que estava vendo ele bem ali!

Mesmo que as sombras o favorecem e ninguém prestasse a ínfima atenção naquele ponto, era como se uma luz néon estivesse bem em cima dele.

—Sejam todos bem-vindos! —ouço Glória começar e sua voz retumbar pela propriedade por causa do microfone. As pessoas até batem palmas, mas não consigo fazer o mesmo... —Para quem não me conhece eu sou Glória Gonzalez, mãe do atual CEO das empresas Gonzalez. E para aqueles que não me conhecem, fiquem cientes de que eu faço esse mesmo discurso todos os anos...

As pessoas riem à minha volta e eu até viro para olhar Glória sorrir estando a frente tanto do cunhado e da filha, que estão cada qual ao seu lado. Cecília estando um pouco mais atrás sorria discretamente ao olhar para o lado...

—Esse coquetel é para parabenizar a todos que estão mais um ano conosco e a aqueles que acabaram de se incorporar. Homenageamos os que já partiram, como meu estimado marido Daniel e meu filho Dimitri....

Deixo de prestar a atenção no que Glória diz quando percebo a atenção de Cecília se voltar para a mãe e ir segurar sua mão. O discurso dela continua, mas volto a atenção para a pessoa que mais do que tudo eu tinha vontade de estrangular!

Se foi o meu anseio de torcer o pescoço dele que o fez olhar para mim eu não saberia dizer, mas agradeci por ter funcionado. Com todos prestando atenção no discurso que Glória recitava ninguém prestou a mínima atenção quando me esquivei para seguir em direção a passagem.

Não havia seguranças naquela parte que me encaminhei com ninguém menos que Marcelo à minha frente. Ele deu alguns passos até que uma escuridão, apenas clareada por luzes distantes e a voz de Glória bem mais fundo, nos embalasse.

Quando ele finalmente para, vejo que a parte de trás da propriedade é tão grande quanto a da frente. Só que diferente da frente, que era evidentemente uma recepção, ali era a parte privada com piscina e tudo.

Contudo, por mais que quisesse apenas apreciar, ao Marcelo virar tenho que me segurar para não ir socar a cara dele.

—O que diabos você pensa que está fazendo aqui, Marcelo?! —disparo ao parar bem a sua frente e sussurrar com urgência

—O que você acha? —ele retruca com desdém.

Ah, como eu odiava aquele idiota!

—Eu não preciso de uma babá, Marcelo! Além do mais, é você que está pagando de babá aqui! A garota só tem 16 anos!

—Apenas seguindo com uma sombra atrás de você, lindinha... —ele sobe a mão para tocar no meu rosto, mas logo dou um passo para trás batendo em sua mão no processo.

—Vladimir sabe por acaso que você está aqui? Porque pelo o que eu sei, você apenas deveria esperar que eu fosse te dar algo com relação ao Porto de Santa Maria!

—Eu não vou ficar esperando você se dar conta de que não consegue matar ele. Pelo menos eu vou tentar tirar algo....

—Vladimir não sabe que você está tentando isso. —rebato com convicção, sem deixar me abater por suas palavras.

Ele passa a mão pelos escuros cabelos cacheados e depois pelo rosto, que pelas luzes distantes, parece ainda mais pálido que o habitual. Tínhamos a mesma idade, 22 anos, e até a mesma altura, mas as semelhanças paravam aí. Principalmente quando ele abria boca e fazia coisas assim. Pensando que eu, por ser mulher, não daria conta de nada. Mal se dava conta de que ele que estava fazendo papel de idiota, ao se envolver com a pobre garota! Dante o mataria dolorosamente se desconfiasse a quem Marcelo realmente respondia. E não que eu fosse ter pena dele, mas não queria que quando ele caísse respingasse em mim.

Além da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora