5º Soco, porrada e bomba?

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   Eu sabia que trabalhar para Dante não seria soco, porrada e bomba todo dia, mas eu meio que esperava mais agitação. Não a agitação de um escritório normal, mas algo mais perigoso com os negócios ilícitos que eu sabia que ele tinha.

   Talvez, por não confiar em mim ainda, ele não tivesse aberto mais espaço para que eu pudesse saber, por exemplo, como andava as negociações realizadas no porto de Santa Maria.

   Não tinha tido notícias ou um vislumbre de Marcelo, mas sabia que mais cedo ou mais tarde ele apareceria interessado em saber o que eu tinha de novidade.

   O que resulta em nada!

   —Mais um relatório para o Sr. Dante verificar! —cantarola Natália assim que adentra o andar.

   Natália, que eu logo aprendi ser uma espécie rara de pessoa feliz no trabalho, vem com os saltos estalando no chão branco desviando dos móveis elegantes que havia no andar. Aquela era a mesma área que eu tinha feito a entrevista há quase quatro semanas e sua cor degradê de cinza e branco combina tão bem com o terninho de Natália.

   —Vou pedir para ele verificar.... —pego o documento logo o direcionando para o par de relatórios que eu já tinha para ele olhar. —.... Assim que ele terminar uma videoconferência.

   —Você sabe que ficaria mais bonita se sorrisse um pouquinho mais.... —até abro a boca para rebater, mas a mesma logo me corta ao se escorar em minha mesa me tirando a chance. —... Não adianta fazer essa cara! Você sabe que eu estou certa! Então, você sabendo disso e hoje sendo véspera de um feriado prolongado de quatro dias, acredito ser a ocasião perfeita para você acompanhar as pessoas mais legais do departamento para umas boas doses!

   A mesma termina com o polegar levantado em direção a boca, como se fosse uma garrafa de bebida. A sua animação até é convincente e, se eu estivesse trabalhando ali sem nenhum motivo obscuro, teria aceitado. No entanto, esse não é o meu caso...

   —Sinto muito, mas já tenho planos para essa noite. —dou de ombros.

   E tinha mesmo, algo que definiria se seria executável o que eu tinha planejado para o final daquilo tudo. Eu tinha tido uma prévia exata estando tão perto de Dante de como sua vida profissional funcionava. E é apenas aquilo que eu precisei para saber o que tinha que fazer para poder tentar sair com vida. Não que fosse sobrar muito depois...

   —É por essa longitude de seus olhos que eu precisava te levar para dar uma volta! —Natália interrompe meus pensamentos.

   —Realmente não dá hoje, quem sabe semana que vem? —desconverso e logo vejo que seria fácil seguir por aquele caminho com ela.

   —Você me despista que nem o Martin! Falando nele.... —ela dá uma olhada ao redor, mesmo sabendo que não o encontraria ali, antes de inclinar em minha direção. — Será que ele não aceitaria dar uma volta comigo hoje?

   —Martin não brinca em serviço e a última coisa que eu vejo ele fazer é ter uma noitada em plena quarta-feira.

   Praticamente impossível! O mesmo não brincava de maneira alguma em serviço ou qualquer coisa por fora, era o que parecia. Martin Dias era o motorista e segurança mais próximo a Dante.

   As poucas vezes que eu o havia visto eram nas ocasiões que ele subiu até aqui para falar com o chefe. O seu olhar escuro e desconfiado tinha pousado em mim na última vez e, eu não sabia dizer, se ele soube de algo ao meu respeito ou se apenas olhava desconfiado para cada pessoa que passava em seu caminho. Como não tinha sido demitida ou morta ao decorrer dos últimos dias, acredito que a segunda opção era a que ocorria.

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