13º Uma questão de escolha

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     Aquele pressentimento me segue até mesmo quando saímos do restaurante e o mormaço nos abraça, mas muito mais fresco de quando chegamos. Vamos em direção ao carro sem nenhuma palavra trocada. Queria perguntar para Dante o que ele havia dito para o segurança, mas me limitei apenas a olhá-lo de esguelha.

   Quando chegamos ao carro Dante abre a porta para que eu entre e assim faço. Quando ele a bate noto que Oliver não está em seu posto e ao virar para trás consigo ver apenas o porta-malas do sedan levantado. Me esforçando vejo um pouco das sombras dos três em frente a ele. O que conversam não chega, nem eu me esforçando, a minha compreensão. O que aumenta o meu pressentimento...

   Antes que eu possa pensar em sair do carro, o porta-malas é fechado e as três sombras tomam seus devidos lugares. Oliver rapidamente, após colocar o cinto, dá partida no carro. Ele estava exatamente igual de quando havíamos deixado há uma hora, mas olhando rapidamente para Martin noto que além dele ter abandonado seu blazer, possivelmente no porta-malas, agora tinha uma bolsa em seu colo...

   —Você foi muito bem, Lissa. —ouço a voz de Dante e não tenho outra escolha senão voltar meus olhos para ele.

   —Considerando que eu me segurei para não jogar o vinho na cara daquele idiota. —respondo automaticamente notando que ele havia dobrado as mangas de sua camisa até os cotovelos.

   —Não a culparia se tivesse feito isso. —ele sorri e, mesmo que meus instintos me avisassem de que algo estava errado, não consigo não entrar na onda e sorrir imaginando a cena.

    —Teria sido uma cena interessante. Não que Carmen fosse aprovar isso. Ela definitivamente já vai acabar comigo quando souber o que eu disse para ele...

   — Não se mantermos isso por aqui, não é Martin?

   —Claro. —concorda Martin com uma voz tensa que me faz estranhar ainda mais.

   —Tudo vai acabar bem, não se preocupe. —Dante diz tranquilo me encarando solene, como se visse a preocupação em meu rosto, mas para eu esquecê-la.

   Se não soubesse de tudo sobre os seus negócios teria deixado suas palavras e olhar calmo me tranquilizar, mas meus instintos ainda gritavam que algo estava errado. Porém, mesmo assim amenizo meu rosto e tento não parecer preocupada. Ainda me encarando ele solta uma piscadela parecendo satisfeito com a minha intenção de acatar suas palavras e assim, seguimos viagem.

   Seguimos em um silêncio que pouco a pouco pude sentir uma tensão aumentar. Tanto Oliver, quanto Martin, pareciam tensos com alguma coisa iminente. Apenas Dante ainda aparentava tranquilidade, preso em seus pensamentos.

    Olhando para janela via que a estrada vinha se alterando há pelo menos meia hora. Não me recordava do caminho na vinda, já que estivera presa nas suposições sobre aquele jantar, mas as árvores pesadas que começavam cada vez mais dominar as laterais da pista me deixavam com o pé atrás. Mas ainda com o vazio dela...

   Concentrada, levo um pequeno susto quando um celular toca dentro do carro. Vejo ele ser atendido no primeiro toque por Martin, que apenas pronuncia a palavra "sim" para outra pessoa. Ainda prestando atenção nele mudo o foco quando luzes fortes de um farol iluminam a traseira do sedan. Tanto que viro para trás vendo o par de faróis irem se aproximando cada vez mais. Sinto quando há uma diminuição da velocidade do carro fazendo com que não só um, mas dois carros 4x4, passem ao meu lado tomando assim frente do sedan.

   —Estaremos prontos.

   Ouvir essas exatas palavras de Martin faz com que a pergunta de "o que está acontecendo" para "para o quê exatamente estaríamos prontos" se formasse em minha cabeça.

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