37° O Embate - Parte 1

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E a bolha durou o máximo que pudemos aguentar. Mas quando o dia amanheceu, tivemos que sair dela para encarar o iminente embate.

Nossa primeira parada foi encontrar Martin. Uma de suas primeiras perguntas a Dante era se ele estava preparado para tudo. Subliminarmente se ele estava preparado para matar seu tio. A resposta de Dante tinha sido direta: se fosse preciso ele mataria Dário.

A conformidade em seu tom me confirmou a suspeita de que suas reflexões sobre Dário na madrugada tinham sido sua maneira de separar o tio que sempre esteve com ele, para o traidor que tinha matado seu irmão.

Nossa segunda parada tinha sido para pegar Oswaldo. Ao olhar para ele, poderia dizer que os homens de Vladimir tinham pegado leve. Mesmo que estivesse com pontos roxos dos socos ganhos por Dante em seu rosto, nenhum há mais parecia ter sido adicionado. Eles entregaram ele em perfeitas condições para que Dante fizesse a jogada que queria com Dário.

Como dito por Vladimir, ele ajudou no que Dante precisou. O carro, as armas e qualquer coisa há mais foi disponibilizada pelos homens dele sem questionamentos. Não houve nem quando Dante deixou claro quando pegamos Oswaldo, que dali ele assumiria e não precisava da ajuda de nenhum deles. Para aquele encontro com Dário, a única que ele não tinha aberto mão era eu.

Então aqui estou eu em um carro com 3 homens com quereres distintos. Martin, que dirigia, queria seu chefe de volta. Dante ao seu lado queria o poder de volta. E o Oswaldo, que ao meu lado no banco de trás, parecia querer apenas sumir. Sua tremedeira se acentua quanto mais chegamos perto do ponto de encontro. Estava claro que o encontro iminente com Dário era tão assustador para ele, quanto a ameaça que Dante ou os homens de Vladimir fizeram.

Antes que possa me aprofundar ainda mais naqueles pensamentos, o carro para indicando que havíamos chegado. Assim que bato a porta dele faço o reconhecimento do lugar. Parados em uma estrada de barro, vejo que abaixo dela há um galpão. O caminho que Martin tinha feito não era bem o indicado para se chegar nele, mas ao Dante e ele irem até a beirada da estrada para o ver melhor, me alega que aquela era a intenção.

Quando chego ao lado de ambos vejo que há uma pequena trilha no barranco que leva até o galpão. Estreita e quase tampada pela vegetação rasteira, mas ainda visível.

—Nós três vamos descer até lá. — Dante diz quando vira os olhos para mim, que assinto. 

Com isso, Martin vai buscar Oswaldo ainda dentro do carro. Desconfiados de qualquer movimento dele, suas mãos estavam algemadas à sua frente. E assim permanece quando Dante começa a liderar a descida. Para sorte de Oswaldo a descida não é tão íngreme.

Quando chegamos lá embaixo desfazemos a fila indiana, mas mantemos Oswaldo em nosso meio. Não que ele fosse correr, se isso acontecesse Martin, que tinha ficado no topo da estrada, facilmente o acertaria.

Olhar para o galpão agora de perto percebo o que de longe não vi. Apesar de possuir um teto e paredes cobertas de latão, seu interior quando adentramos mostra ainda uma construção em andamento. Ou não. Já que quando chegamos no final dele e perto de uma pilha de vigas de ferro, o deterioramento delas me diz que faz algum tempo que ninguém dava continuidade naquela construção.

—Preciso que você fique aqui com ele. —Dante começa quando para a minha frente. —Martin e eu ficaremos acompanhando do lado de fora para encurralarmos ele aqui dentro.

Volto por um instante meus olhos para a pilha duvidosa de vigas que me cobriria da vista da entrada do galpão, mas quando volto a atenção para Dante assinto.

—Se você acha que essa é a melhor saída, estou dentro.

—Vai dar certo. —ele reafirma confiante ao colocar a mão na lateral do meu pescoço.

Além da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora