EPÍLOGO

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“A vida pode apresentar diversos caminhos, mas o tempo sempre se encarrega de nos levar para o caminho que estamos destinados...”

3 meses depois.


Dante Gonzalez...✨

—O que o senhor acha? —pergunta pela terceira vez o homem que apresenta um novo projeto sobre os caminhões de nossa frota.


—Pode prosseguir, Fernando. —repito então pela terceira vez.

Minha tentativa de não soar irritado não funciona, percebo isso pelo tom avermelhado que toma as bochechas dele. Minha irritação não era bem direcionada a ele e a ninguém daquela reunião. Ela vinha da reunião que eu teria antes dela com um novo intermediário enviado pelo Vasconcellos para facilitar nossas negociações, mas o mesmo não tinha aparecido. O que acabou por atrasar a reunião atual.

Para tentar disfarçar a minha irritação abaixo meus olhos para as folhas cheias de dados na minha frente. No entanto, depois de um longo dia burocrático no escritório e uma semana mais longa ainda, já não tenho cabeça para entender nada com precisão.

Eram naqueles momentos que eu sentia ainda mais falta de meu pai e Dimitri. Eles eram perfeitos para aquele trabalho burocrático...

Já estava cansado, mesmo que só fizesse um pouco mais de três semanas que eu havia voltado completamente para o mundo burocrático. Antes disso, estivera cuidado minuciosamente dos que eram leais ao plano de Dário. Tinha começado por Horácio, que depois de uma boa dose de persuasão me contou exatamente quem estava com eles naquele golpe contra mim. Sem fazer alarde voltei e comecei a caçar um por um, que simplesmente não esperavam por aquilo.

Depois de deixar claro que eu não iria tolerar deslealdade dentro de nenhuma das vertentes dos meus negócios, anunciei a nova linha de negociação que teríamos com os Vasconcellos. A parte lícita tinha aceitado com entusiasmo, já a parte ilícita teve que ser convencida de que estarmos juntos fortaleceria ainda mais nossa logística em território nacional, como internacional. Além de se tornar imbatível para qualquer grupo que quisesse se sobrepor a nós.

Essa reestruturação tinha levado um pouco mais de dois meses e ter o apoio total da minha mãe, de Cecília, de Martin e diversas pessoas leais a mim, tinha sido essencial. Ao contar a verdade sobre tudo para minha mãe e Cecília, ambas tinham ficado arrasadas. A decisão de contar apenas que Dário tinha sido desleal  para todos os outros, tinha sido uma decisão fácil. Todos os outros não precisavam saber o quão desleal ele era e que tinha sido morto em decorrência disso.

Mesmo imerso no trabalho, poucos foram os momentos que ela não passou pela minha mente. Da casa ao escritório alguma lembrança sua surgia. De seu sorriso hesitante a seus olhos sempre fascinantes, que me intrigaram e me fizeram querer saber tudo sobre ela. De sua visível determinação… Sentia falta até de nossas conversas mais banais. Simplesmente sentia falta dela.

O último encontro com Vladimir tinha sido um verdadeiro desastre. Mesmo com um intermediário que eu julguei ser bom, tínhamos discordado em tudo. Como tínhamos também discordado nos últimos dois encontros antes desse. Em todos cada um, alternadamente, indicou um novo intermediário para tentar apaziguar as diferenças que não poderiam ser irreconciliáveis. Estávamos indo para o quarto indicado agora pelos Vasconcellos.

E, com todo esse clima de poucos amigos, não tinha perguntado sobre Lissa para eles. Tiveram momentos que eu quase cheguei a perguntar para Vladimir, que viu a pergunta estampada na minha cara; mas o receio de ouvir que ela tinha escolhido não voltar me impediu todas as vezes...

Além da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora