10° A viagem perfeita

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   Aquela viagem era perfeita!

   Não que eu tivesse me atentando a isso quando Dante havia vindo ao meu apartamento ontem. Com o incidente ainda tão fresco na minha cabeça conturbada não tinha associado a viagem com nada além de que eu iria com ele.

   No entanto, ao chegar no ponto de encontro e avistar praticamente todos os Gonzalez fez com que as minhas neuras mudassem e ainda mais ao entender que todos nos acompanhariam. Aquilo foi apenas o primeiro passo para que eu mudasse totalmente os meus pensamentos para o ali. E logo após saber para qual o exato litoral estávamos indo foi apenas o início de eu entender qual a sequência de eventos que àquela simples viagem desencadearia.

   Aquela era a minha chance!

   A minha chance de voltar para a cidade com alguma informação do Porto de Santa Maria, que tanto Vladimir queria. Conseguir aquela informação me daria passe livre para acabar com aquilo. Dar um ponto final a minha tão planejada vingança. E eu me convencia de que era por essa bendita informação que eu não tinha pensado em executar o meu plano de o matar quando o tive pela primeira vez sozinho ontem no meu apartamento. O que voltava do por quê aquela viagem era simplesmente perfeita!

   Sorria por dentro, mesmo que estivesse ainda a caminho do hotel que ficaríamos hospedados. Pelo menos uma hora de viagem no avião particular dos Gonzalez e mais alguns bons minutos, que ainda se estendiam, para chegar finalmente ao hotel.

   Olhando pela janela do carro que é conduzido por Martin, tento não pensar em Cecília, que se encontra ao meu lado, e nem em Glória, que está ao lado de Martin no banco da frente. Tinha sido claro como a água, que ambas seriam as que mais sofreriam pela morte de Dante. As duas tinham sido simpáticas desde o momento que as tinha encontrado e apenas sorriram para mim quando Dante apontou que eu iria com elas para o hotel.

   Eu conseguia ver o carro onde tanto ele quanto seu tio Dário estavam, um pouco mais a frente. Queria estar lá para ouvir se falavam algo sobre o porto ou, simplesmente, para me distanciar das duas que nunca teriam sorrido para a mulher que planejava matar o atual chefe de sua família.

   Olhando de soslaio vejo Cecília sorrir para o celular, que a mantinha entretida desde do começo da viagem.  Não queria imaginar que o motivo do sorriso fosse Marcelo, mas poderia ser. O que aumenta minha vontade de conseguir logo a informação e acabar com aquele romance fadado ao fracasso...

   Alguns momentos depois finalmente chegamos ao hotel e, após entender que tudo já está pronto, sou encaminhada para o quarto que eu ficaria.

    Ao chegar ao quarto amplo, impessoal e de vários tons de verde, não posso deixar de pensar o quanto não saber o porquê exatamente de ter sido trazida a aquela viagem me incomodava.

   Eu era a assistente de alguém que nem me contava que iria fazer algo tão simples quanto uma viagem. Normalmente a assistente era a pessoa que providenciaria os detalhes de uma viagem daquelas e, no mínimo, saberia o real motivo dela!

   Me jogando na cama macia, apenas fito o teto branquíssimo, lembrando que Dante mal tinha falado comigo durante a vinda até ali. Mal tinha olhado para mim na verdade. O que eu era grata, já que não pude não ter meus olhos desviados para ele por alguns instantes. Instantes esses que me peguei me perguntando se ele pensou tanto quanto eu naquele maldito beijo. Não pude também não me repreender por aqueles pensamentos.

   Até como agora, que começo piscar mais demoradamente, me repreendo por deixar meus pensamentos vagarem para  a sensação distinta que tive ao o beijar...

✨🖤✨🖤✨

   Parecia que eu tinha cochilado apenas por alguns minutos quando desperto novamente, por causa de algum barulho distante. Contudo, quando sento ainda meio grogue, logo noto que uma escuridão domina o quarto. Apenas uma singela claridade vinha da janela do quarto comprovando que meu cochilo tinha durando bem mais do que apenas alguns minutos.

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