12º Os irmãos Benítez

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   O que eu realmente poderia esperar desse jantar...?

   Essa era a pergunta que eu me fazia quando Oliver, que dirigia o sedan negro com Martin ao seu lado, saiu do estacionamento subterrâneo do hotel. Tanto quanto eu ainda tentava descobrir, ou simplesmente entender, o que o aviso de Glória queria dizer.

    O silêncio no carro apenas ajuda a instigar aqueles questionamentos que, aparentemente, não teriam respostas até o final do jantar. A ansiedade me corrói de pouquinho em pouquinho e, olhando discretamente para Dante, me pergunto se ele também está ansioso. No entanto, quanto mais o sedan ganha as ruas em curvas suaves, o único movimento de Dante, de olhar para o seu relógio caríssimo, me diz que talvez a ansiedade fosse apenas minha.

    Tão perdida em minhas suposições que só me dou conta de que finalmente chegamos quando o carro para e Martin é o primeiro a sair e assim abrir a porta para mim. Após pendurar a bolsa em meu ombro aceito a sua ajuda para sair do carro. Ao estalar meus saltos no concreto da calçada a brisa morna que envolve o ar me deixa com um gostinho do mar, que possivelmente fosse apenas algumas quadras dali. Não chego a aproveitar aquele ar por Dante já estar ao meu lado e logo depois liderando o caminho até a entrada do restaurante.

    Seguimos em uma fila indiana com Dante à frente e Martin na retaguarda. Oliver ficando no carro aparentemente não enfrentaria o jantar iminente.

   Antes mesmo de chegar na entrada do restaurante percebo o quão sofisticado ele é. Estava nítido do arco dourado da entrada com o nome do restaurante aos homens bem vestidos que de longe eu via guardarem portas de vidro.

   Seguimos Dante que, sem cerimônia, vai até as portas ignorando as pessoas requintadas que pareciam ter que esperar para ter sua vez de entrar.

   Não pude deixar de perceber os olhares que nosso trio recebeu. Se era por estarmos passando na frente ou pela intimidação que ambos emanam inconsciente, eu não sabia. Mas foi acentuada quando os homens nas laterais da porta não demoraram um segundo, após a chegada Dante diante deles, para abrirem as portas de vidro em uma sincronia perfeita.

   Assim que adentramos o restaurante um ar mais fresco pelo ar-condicionado nos recebe. Melhor evidentemente para Martin, que com seu uniforme habitual, terno e gravata pretos, não sofreria mais com ar quente. Diferente dele, Dante optou apenas por uma camisa social azul-marinho sem a devida gravata, deixando alguns botões abertos. Agora ao seu lado noto que seus cabelos escuros estão jogados para trás, o que evidencia ainda mais os seus olhos azuis de lobo que tão bem combinam com sua camisa...

  E é exatamente aquele olhar que deixa a recepcionista do restaurante corada quando paramos a sua frente.

   —Seja bem-vindo Sr. Dante! É sempre bom o ter por aqui. —ela cantarola com as mãos entrelaçadas na frente de seu vestido dourado e reto, que combina perfeitamente com os tons de ouro do restaurante. —Por favor, me acompanhem.

   Assim que ela assente em minha direção e possivelmente na de Martin em reconhecimento a nós, segue liderando o caminho para dentro do salão do restaurante. E, ao olhar para os detalhes do salão de piso branquíssimo, era possível perceber o quão caro ali definitivamente era. Fosse pelo lustre dourado que eu não duvidava ser feito boa parte de ouro ou por algumas pilastras cobertas por espirais dourados com luzes que ajudavam a iluminar o ambiente.

   Encantada com a riqueza do lugar sinto quando Dante coloca a mão em minhas costas me direcionando, já que pelo espaçamento das mesas ocupadas estávamos agora lado a lado. Olho para ele e espero encontrar uma cara séria, porém encontro uma suavidade que me faz sentir um friozinho na barriga...

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