Pelo som alto do tiro, chego a fechar os olhos e me abaixar. No entanto, quando os abro novamente, percebo que a bala não veio da arma de Dário.
Na verdade, ela veio da entrada do galpão. Viro os olhos para a mesma cena que Dário olha espantado. Seu segurança até então em pé, caí primeiro de joelhos e um milésimo depois de cara no chão.
—Martin...?
O nome sai da boca de Dário assim que volta os olhos para cima e encontra o responsável pelo tiro. Confuso, ele apenas observa quando Martin, com a arma levantada, passa pelo segurança, possivelmente morto, e é seguido calmamente por Dante.
—Dante? —Dário solta com uma mistura de espanto e praguejo. O que ele tenta esconder com suas seguintes palavras. —Dante! Como você está...?
—Vivo? —Dante completa com um tom irônico. —Devo agradecer a incompetência daqueles que te seguem.Assim que ele para, há alguns passos com Martin ao seu lado, seus olhos vão para mim. Certificando de que eu estou inteira. Assinto de que estou bem e, pelos segundos que ele mantém os olhos presos nos meus, vejo o alívio neles. Alívio que se transforma em ferocidade quando vê um Oswaldo esparramado no chão e volta a atenção para Dário.
—Se eu tinha alguma dúvida de que você é um filho da puta traidor, —Dante começa com um tom amargo ao apontar com a arma em direção de Oswaldo. — já não tenho mais.
—Do que você está... —Dario tenta com um tom cauteloso ao dar um passo à frente, mas as palavras de Dante o param logo em seguida.
—Não nego que foi uma surpresa você tentar me matar. Mas minha surpresa maior foi saber que eu não fui o primeiro, apenas o primeiro que não conseguiu. Eu sei que você é o responsável pela morte de Dimitri, Dário. Que comprou a alma daquele desgraçado para não sujar as mãos diretamente, como sempre aliás.
—O que? Eu...
—Não finja que não sabe do que estou falando!
A ferocidade no tom de Dante estremece até mesmo Dário, que vejo disposto a negar. Porém, ao ele olhar de mim há alguns passos dele com a arma pronta para engatilhar e para onde Martin ainda mantinha a sua levantada com Dante, sei que repensa. Principalmente, ao olhar de relance para Oswaldo e finalmente entender que tudo tinha sido armado.
Assim que chega nessa conclusão, ele quase solta um suspiro ao arrumar, com a arma ainda na mão, a postura e o paletó cinza escuro que veste em seu corpo alto e magro.
A sua fisionomia muda a partir daquilo. Parecendo não fazer questão de esconder o garbo irônico, mesmo sabendo que estava encurralado. Os traços de seu rosto fino, parecidos com os de Dante, mas envelhecidos pelo tempo, se mostram ironicamente calmos. Como até mesmo suas seguintes palavras:
—O que você quer que eu fale? Eu sou leal a esse negócio. Eu sou tão leal a este nome que quando eu vi que vocês poderiam arruiná-lo, eu tomei as minhas providências.
—Não ouse falar de lealdade! Você não sabe o que é ser leal!
O grito de Dante se reverbera pelo galpão, mas não afeta nem um pouco a postura arrogante de Dário. Que continua seu discurso:
—É por esse seu jeito emocional que eu fiz o que fiz. Não nego que pensei que controlaria esse seu gênio quando assumiu os negócios, mas vi que é um cabeça dura que nem o irmão.
—Nós confiávamos em você!
—E eu confiava que vocês não fariam merda! —ele rebate no mesmo tom. —Eu prefiro morrer do que ver o que meu pai, meu avô e muitos outros construíram, arruinado por dois rapazes que não sabem como administrar um nome tão grande como os dos Gonzalez. Então sim, eu sou leal! E eu vou morrer sendo leal.
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Além da Vingança
Romance"Em um jogo de matar ou morrer pode o amor sobreviver...?" Vingança. Para muitos, um prato que se come frio. Para tantos outros, algo que não vale a pena investir. Para Lissa, que perdeu a pessoa mais importante da sua vida pela cobrança de ou...