7º O Coquetel

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   Eu não tinha muita vontade de ir a aquele coquetel. Tanto que mal pensei nele nos últimos dois dias. Porém, sendo nova e mal conhecendo as pessoas que trabalham na empresa, decidi me arrumar e ir. Quem sabe encontrava algo em potencial que me servisse como informação para Vladimir. Ainda mais por ser na residência dos Gonzalez.

É uma possibilidade que eu reflito, enquanto alisava o vestido bordô de mangas compridas, que tinha encontrado escondido no guarda-roupa. Seu caimento ia até os meus joelhos e sua gola choker evidenciava um singelo decote.

Nem lembrava a última vez que tivera que o usar. Ou se é que já tinha usado. Tanto que dou uma volta em frente ao espelho olhando se havia alguma etiqueta que eu deixei passar. Não encontrando nada, apenas retoco a máscara de cílios, que havia aplicado para dar destaque aos meus olhos verdes, e a última escovada nos meus cabelos pretos que caem soltos em meus ombros.

Pronto! Mais do que pronta!

Com os saltos pretos estalando logo chego ao carro que tinha chamado por um aplicativo. Nele confirmo o endereço da residência para o motorista, que logo dá partida.

Chegar lá, mesmo que houvesse um pouco de trânsito perto do local, foi mais rápido do que pensei que seria. Assim que piso fora do carro, vejo diversas pessoas ao redor, seja saindo dos carros ou simplesmente esperando ao redor.

Estando na calçada da residência o primeiro indício que eu tenho é que a propriedade é enorme. Muros altos a rodeiam e não dão a mínima chance de alguém se aventurar a atravessar. Havia apenas uma entrada, onde algumas pessoas já se aglomeravam em uma fila para poder entrar.

Percebo que a fila é movida ao decorrer que um casal, vestidos elegantemente, bipavam o código que todos convidados haviam recebido por e-mail.

Alguns minutos depois passo por eles para enfim adentrar a propriedade dos Gonzalez. Uma vez lá dentro meus instintos me fazem detectar os seguranças que haviam ao redor. Não me espanto em identificar vários espalhados discretamente ao redor.

Desviando os olhos dos camuflados seguranças, analiso a grande área à minha frente, onde evidentemente acontecia o coquetel, arrumada elegantemente com algumas mesas grandes em lugares estratégicos contendo vários tipos de canapés. No entanto, ainda vejo alguns garçons circularem com bandejas cheias de canapés ou taças borbulhantes. Aproveitando que um passava com as taças, resgato uma delas antes de olhar para além dos convidados e ver o majestoso casarão ao fundo.

E a palavra majestoso se encaixava perfeitamente naquele casarão. Três andares se projetavam em uma estrutura de modelo mais clássico e antigo. Os ornamentos das janelas dos três andares e as duplas portas da entrada com uma pequena escadaria remetiam a uma era colonial.

Sabia que aquele casarão tinha sido presente há muitos anos do governo para a família Gonzalez, como um casarão do outro lado da cidade tinha sido presente para a família Vasconcellos.

Tinha dúvidas que aqueles presentes tinham sido dados por livre e espontânea vontade para ambas as partes.

Apenas diferentes dos Gonzalez, que tinham mantido o charme colonial, os Vasconcellos na primeira oportunidade haviam a reformado e a deixado muito mais moderna do que um dia fora.

Bebericando a taça olho mais uma vez em volta procurando ao menos por Natália, a qual me ajudaria a me entrosar melhor...

Ouço, além de uma baixa melodia instrumental que embala o coquetel, uma voz sussurrar ao meu ouvido:

—Procurando por alguém?

Espantada, viro para encontrar o dono com toda a sua altura em um smoking negro. Dante. Vejo seu rosto estar mais aberto por seus escuros cabelos estarem perfeitamente penteados para trás, evidenciado assim a simetria do seu maxilar com uma barba por crescer e seus olhos azuis de lobo mais vivos do que nunca...

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