27° Linhas tênues

168 29 14
                                    


Ouvir o nome que Vladimir tinha me dado sair da boca de Dante me gela a espinha de uma maneira que eu tenho que usar todas as minhas forças para não demonstrar que aquele nome me abalava. Principalmente quando seus olhos ainda estão grudados em mim...

—Soa familiar para você?

—Não. —nego prontamente balançando a cabeça e cruzando os braços com medo que o tremor que me perpassa denunciasse a minha mentira. —E para você?

—Infelizmente não. —ele nega também soltando um suspiro. Vejo ele levar uma das mãos ao rosto e esfregar os olhos em um gesto cansado, o que  me deixa soltar um suspiro inaudível também. —Mas encontrei um celular com ele e acabei o encaminhado para a empresa. Segunda o T.I. o desbloqueia e vamos descobrir mais coisas…

Merda!

Muitas coisas poderiam estar no celular de Marcelo, coisas que poderiam me ferrar de verdade.

—E falando em celular… —ele continua sem ver o meu ataque interno sobre a droga de celular que estava com ele. —Acredito que esse seja seu.

Ele estende o que percebo ser o meu celular, que até então tinha esquecido, assim que o pega atrás de si. Como ele não se move, não tenho outra opção a não ser ir até ele. Com atenção no celular o pego da sua mão sem o tocar, mesmo que meus dedos tivessem a vontade imensa de o fazer. Principalmente ao ter ele tão próximo novamente…

—Eu vou embora. —solto a primeira coisa que me vem à mente para refrear a vontade de acabar com a distância que eu mesma tinha imposto.

—Você não precisa ir tão rápido.

—Sim, eu preciso. Não tem mais porque eu ficar aqui.

Principalmente depois do meu plano de matar você não ser mais atrativo. O que era contraditório, já que tinha sido o motivo de eu me aproximar e, agora por não ter uma perspectiva de o finalizar, era motivo de eu ir….

Aquele pensamento é o que me faz olhar bem para ele. O rosto do homem responsável por tirar aquele que eu mais amava, mas que agora além do ódio por aquilo havia um sentimento de paixão. Era uma linha tênue entre os dois que eu não queria testar. Não quando uma das partes podia não se equilibrar e cair para um lado ao qual eu poderia me arrepender em algum momento.

E é por isso que olho fixamente para ele. Vendo desde de seus cabelos molhados se mostrarem ainda mais escuros a as maçãs altas que delineava bem seu rosto até o seu queixo marcante. Não me atenho aos machucados, mas apenas no conjunto de suas belas feições e na ferocidade que ainda conseguia distinguir no fundo de seus olhos de lobo. A mesma que eu tinha visto quando ele tinha me conhecido pela primeira vez.

Tanta coisa tinha acontecido daquele primeiro encontro cara a cara para aquele momento em que eu o deixaria…

E como se ele percebesse a minha decisão de partir sua expressão começa a mudar para algo que eu tinha medo de colocar sentido. Mas a necessidade estava ali espreita com algo há mais que ele parecia pronto para falar.

Lissa

—Não… por favor, Dante, não.

Balanço a cabeça com veemência ao fazer aquela súplica. Principalmente por meu sexto sentido me alertar que, seja lá o que ele queria dizer, pela forma que me olhava poderia abalar a minha decisão de ir embora.

Por isso, mesmo com o coração afundando no peito, começo a dar os primeiros passos para trás… Porém, não tenho a chance de virar antes que Dante se precipite e, a próxima coisa que eu capte, é que ele está invadindo meu espaço pessoal e suas mãos já estão a cada lado embalando meu rosto.

Além da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora