—Olá Valquíria…
O nome sussurrado em minha orelha só traz uma raiva que me sobe a ponto de eu empurrar tanto a surpresa, quanto a pessoa que ainda tinha a mão colada em minha boca, para longe. O safanão recebido por ele funciona a ponto dele me soltar e eu me projetar para frente e espalmar minha mão em uma área plana para me estabilizar nos saltos.
O escuro do lavabo se intensifica quando ouço a porta fechar, mas não dura já que uma luz clara logo ilumina todo o cômodo segundos depois.
—Você é idiota de aparecer aqui de novo?! —atiro baixo assim que viro para encarar Marcelo, que vestido com um terno escuro se passava nitidamente como um dos convidados.
Obviamente Cecília tinha o convidado e pior, continuava a se envolver com ele…
—Eu sou o idiota? —ele rebate no mesmo tom dando um passo em minha direção. —Tem certeza? Não era eu que estava derretida nos braços do inimigo!
Agora sabia que a paranoia de estar sendo observada não tinha sido apenas coisa da minha cabeça. Pela maneira acusatória que Marcelo agora me encara, mal posso acreditar que não havia o visto antes.
Por que mesmo que seus instintos gritassem, você ainda está se prendendo na bolha ilusória que criou para se manter perto de Dante sem sentir culpa…
A vozinha que reverbera nos meus pensamentos faz com que eu não consiga responder de pronto a sua acusação. Aquilo alimenta a sua fúria e a bolha que eu insisti em manter, sinto estar prestes a estourar…
—Eu sabia que isso ia acontecer! Sabia que você não ia se manter intacta para o charminho de merda dele! —ele acusa apontando o dedo na minha cara.
—Tira a merda desse dedo da minha cara! —rebato logo empurrando sua mão de perto do meu rosto, mas ele nem se importa, já que aquilo não é nem o começo do que ele obviamente tem para falar.
—Que cedo ou tarde a marra que você mostrava para a família seria jogada por terra na primeira vez que ele mostrasse os dentes para você! Você transou com ele e esqueceu o que tinha que fazer?!
—Eu não esqueci o que eu tenho que fazer!
—Não esqueceu é? —ele indaga de uma forma meio alucinada invadindo meu espaço pessoal. A vontade de recuar é imensa, mas me mantenho ereta usando como apoio a mesma bancada da pia que ajudou a me manter nos saltos quando havia o empurrado. —Então vamos o matar! Eu atraio a irmãzinha dele para algum lugar e quando ele for bancar o herói nós o matamos!
—Eu não vou envolver Cecília!
—O que tem de mais envolver aquela pirralha?! Se ela der algum problema nós acabamos com ela também! —ele continua como se a ideia já tivesse lhe ocorrido há algum tempo. —Vai ser rápido e eficaz! E quando Vladimir ficar sabendo o que eu fiz para dar fim no chefe Gonzalez ele vai me fazer parte oficial do conselho…
—Eu disse que não! —exclamo o empurrando para trás para marcar meu ponto. —Eu não vou envolver Cecília nisso!
Ele até dá um passo para trás não esperando meu empurrão, mas são poucos os segundos que a surpresa o dominam. Já que no próximo segundo a raiva já o dominava e, sem que pudesse me preparar, ele vinha para cima de mim. A próxima coisa que meu cérebro registra é a mão de Marcelo no meu pescoço e seu corpo prensando o meu duramente na pia. Poderia culpar as taças que havia tomado pela minha falta de reação imediata, mas a menção de colocar a doce garota na linha de fogo me desestabilizou.
Ou seria a menção da morte imediata de Dante…
—Após ter aberto as pernas para ele, esqueceu o que ele fez? —ele sibila bem perto do meu rosto ainda me prensando e apertando o meu pescoço. —Esqueceu que ele mandou matar Valentim?!
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Além da Vingança
Romance"Em um jogo de matar ou morrer pode o amor sobreviver...?" Vingança. Para muitos, um prato que se come frio. Para tantos outros, algo que não vale a pena investir. Para Lissa, que perdeu a pessoa mais importante da sua vida pela cobrança de ou...