15 minutos.Só mais 15 minutos para que eu pudesse invadir a empresa para pegar o celular de Marcelo e sumir dali.
O plano de entrar e sair com aquele celular tinha sido bolado às pressas pela minha cabeça assim que tinha sentado no ponto de ônibus, que tinha na calçada oposta ao edifício Gonzalez, e entendido como os seguranças agiam. Mesmo estando do outro lado da avenida de mão dupla, que só não está tão movimentada por ser a madrugada de um domingo, consegui determinar o espaço de tempo que eles rodavam o prédio.
A parte que eu olhava era a entrada e saída exclusiva dos carros para o estacionamento subterrâneo do edifício, sendo assim, sua retaguarda. No entanto, minha entrada não seria por ali, mas sim pela passagem que havia em uma das laterais que evitava que os pedestres tivessem que dar a volta até o próximo quarteirão para chegar ao outro lado. Essa mesma passagem tinha uma escada de incêndio externa que seria minha passagem de entrada e se, tudo desse certo, minha saída despercebida.
Eu tentava focar nas minhas ações a seguir e não no que estava deixando para trás. Depois de sair do quarto de Dante apenas havia passado no quarto de hóspede para pegar algumas coisas essenciais, o restante, como a mala de roupas, eu tinha deixado para trás. Apenas antes de vir parar naquele ponto tinha parado em um estacionamento, que estava mais para depósito, e pegar o carro que tinha deixado para situações como aquela. Que ir embora às pressas era a única coisa certa a fazer.
Tinha medo de que se ficasse até inventar uma desculpa para ir despercebidamente eu perdesse a convicção de ir. Principalmente depois da última barreira derrubada entre Dante e eu…
Suspirando, passo a mão no meu rosto para me tirar da letargia que aqueles pensamentos sempre me jogavam. Não poderia deixar aquilo me abalar, não naquele momento.
Depois que já estivesse no carro, que estava estacionado a uma quadra estrategicamente, eu poderia deixar a turbulência me pegar.
Antes disso, olho para o relógio que Valentim tinha me dado apenas para certificar que em questão de segundos veria a ronda dos seguranças por aquela área. E ao levantar os olhos para o edifício logo os vejo dar a volta rotineira para poucos minutos depois retornarem para os seus postos.
Quando não vejo mais a sombra deles é minha vez de agir. Levanto o capuz do moletom preto, que combinava tão bem com a calça e sapatos escuros, enquanto atravesso a via tranquilamente com as mãos no bolso.
Chego na calçada desejada poucos segundos depois e com a cabeça baixa vou em direção a passagem. Ninguém aparece em meu caminho, culpa de estar perto das 6h e as nuvens ainda permanecerem escurecidas escondendo o sol, que pelo jeito não daria as caras naquele dia nublado.
Agradecendo pela escuridão, ainda fornecida pela madrugada, sigo pelas beiradas e pontos cegos das câmeras até a escada externa de incêndio. Com cuidado absoluto, pulo o pequeno portão que bloqueava a escada quando não tinha expediente e subo os degraus sem fazer qualquer tipo de barulho.
Minhas pisadas eram tão suaves que o silêncio só era quebrado quando um ou outro carro passava na avenida. E foi me aproveitando de quando um carro mais barulhento passou na avenida que eu consigo abrir a porta de corta fogo em um dos andares.
Uma vez dentro das escadas agora internas, me faço respirar fundo algumas vezes para recuperar o fôlego dos 15 primeiros lances. A entrada naquele andar se dava por conta que, mesmo que a escada externa tivesse uma boa altura, ainda não pegava o andar do escritório de Dante. A única forma de acessar os últimos andares era por dentro e, como todos os outros andares para o adentrar em si, precisava de um cartão de acesso.
Ainda bem que eu era assistente de Dante, o que fazia o seu andar ser o meu. Me dando total acesso.
Por isso, assim que cheguei enfim, no andar certo, logo bati meu crachá no painel que destrava a porta de acesso ao andar. Quando o clique se reverbera pelo vazio das escadas apenas a puxo o mais suave possível apenas me dando espaço para passar.
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Além da Vingança
Romance"Em um jogo de matar ou morrer pode o amor sobreviver...?" Vingança. Para muitos, um prato que se come frio. Para tantos outros, algo que não vale a pena investir. Para Lissa, que perdeu a pessoa mais importante da sua vida pela cobrança de ou...