2º Entrevista

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   Esperar por aquele dia não foi fácil, mas estar a mais um passo de concluir o que prometi ainda no túmulo de meu irmão é, no mínimo, gratificante!

   Olhando ao redor analiso as mulheres que estão tão prontas quanto eu, para trabalhar para o senhor Dante Gonzalez. Depois de um minucioso processo seletivo estar ali, sem dúvidas, levantou a convicção de cada uma de que aquela entrevista final estava no papo.

   Duas das mulheres até chegam a olhar com desdém para as outras. Com cores fortes e decotes um pouco avantajados, elas se vestem para impressionar.

   Se aquilo fosse contar para algo não só eu, como uma senhora que está muito elegante e outra moça, iríamos perder pontos. Não tinha nada de provocante na minha saia lápis de cintura alta e na camisa branca de mangas compridas. Aquele conjunto dificilmente fosse impressionar, então espero que as referências do meu último trabalho, que tinha conseguido com a faculdade quando ainda tinha uma vida normal, fosse fazer alguma diferença.

   Era engraçado pensar que há um ano minha vida se resumia em estudar e trabalhar arduamente para conseguir um novo cargo. Até tinha poucos colegas, mas os dispensava sempre que Valentim estava disponível para me encontrar. Namorados nunca tinham sido o meu ponto alto, então deixar tudo para trás não tinha sido uma tarefa muito difícil...

   —Mariela Barros?

   O nome chamado chama não só a minha atenção, como de todas outras, para a mulher loira que vinha da sala de Dante com uma prancheta nas mãos. Seus saltos estalam no chão branquíssimo e a acompanham até ela passar pela mesa, que só uma de nós ocuparia, e parar a alguns passos do par de sofás de couro preto que estamos sentadas.

   A mulher chamada logo se levanta alisando sua a saia preta que, em contraste com sua blusa rosa choque e bolsa extravagante, é o que menos chama a atenção.

   — O Sr. Dante vai recebê-la.

   Dito isso, Mariela segue até a mulher que indica, com sua expressão dura, para a acompanhar.

   Após as duas sumirem pela porta de Dante reflito sobre o que sei da mulher loira. Ela tinha se apresentado como Carmen Santana, diretora de departamento dos negócios Gonzalez, quando havíamos chegado ali. Tinha explicado ainda que estava ali para avaliar também, já que a nova contratada também se reportaria a ela.

   Pelas minhas pesquisas, oficialmente, ela participava apenas dos negócios lícitos dos Gonzalez, liderando uma equipe que intermedeia o que é importante para o chefe saber dos demais diretores. Mas extra-oficialmente tinha conseguido identificar que a mesma sabia e auxiliava colocando da forma mais legal as coisas erradas que faziam.

   No último ano extrai o máximo de informações tanto da parte lícita, quanto ilícita dos seus negócios. Saber de tudo me clareou ainda mais o porquê da rivalidade entre os Vasconcellos e Gonzalez, ambos cuidam da logística de transporte das mais variadas empresas. E, enquanto a parte legal é mostrado ao mundo, a parte ilegal oferece, àqueles que podem pagar um alto preço, um serviço que engloba o transporte seguro de coisas que vão de armas á peças de alto valor contrabandeadas.

   E, se uma parte da pesquisa tinha sido feita em cima dos negócios, a outra tinha sido feita em cima de Dante. Poucas tinham sido as informações obtidas de fontes legíveis antes dele se tornar chefe dos Gonzalez a dois anos, com 26 anos. Aparentemente, após a morte de seu pai, Daniel Gonzalez, de câncer, seu irmão e primogênito tinha sido elevado ao cargo. Mas o mesmo tinha morrido em um acidente de carro. Tal acidente pode ter sido o iceberg para toda a situação que estamos hoje. Afinal, a família Gonzalez murmurou pelo submundo que os Vasconcellos tinham culpa pela morte de Dimitri, mesmo sendo um acidente de carro. O que Vladimir e até Valentim sempre negaram, a última coisa que queriam era uma guerra para enfraquecer os negócios porém, obviamente, os Gonzalez tinham tirado suas próprias conclusões...

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