11º Morte iminente

237 30 3
                                    

  
   Ele vai me entregar!

   É o que minha mente grita quando ouço aquelas palavras saírem da boca de Horácio.

   Mesmo sem virar a cabeça, meus olhos percorrem o ambiente na tentativa de encontrar algo que possa me ajudar. No entanto, as almofadas e um par de estatuetas que decoram a mesa de centro daquela sala compartilhada não parecem muito promissoras para a luta iminente. Ou a minha morte iminente.

   Na minha luta interna entre ficar parada ou ir corpo a corpo com Dante, se passam apenas alguns segundos. Opto por permanecer parada esperando as palavras seguintes de Horácio, mesmo sem ter ideia do que ele ia dizer!

   —Qual é o problema? —Dante reforça soando mais zangado do que curioso.

   O problema é que esta mulher faz parte dos Vasconcellos, é a frase que eu me preparo para ouvir...

   —Dário está certo com relação....

   —Eu acabo de ter essa conversa com Dario e não vou ter de novo! Você vai voltar com ele e fazer aquilo que eu mandei.

   A forma letal que Dante fala aquilo não deixa margem alguma para Horácio dizer algo. Ainda assim, espero apreensiva que ele abra a boca para revelar algo sobre mim, mas após ele concordar e dar alguns passos para trás, começo a ter esperança de que ele nada saiba ou lembre de mim.

   Quase até solto um suspiro por perceber o quão perto a foice da morte pareceu tocar meu pescoço. No entanto, não chego a soltar pelo simples fato de, antes de ele finalmente ir, seus olhos batem nos meus e pela fração de segundos que o encaro, um estremecimento me percorre pela escuridão velada que capto.

   Ele sabia de algo? Lembrava de algo? Ou era apenas desconfiança?

   Eu não tinha como ter a resposta de nenhuma dessas perguntas que me assombravam a mente até mesmo quando Horácio se foi. Se ele realmente soubesse teria contado na hora suas suspeitas. No submundo ele era conhecido como o carrasco dos Gonzalez e seu posto naquela família o fazia não ser um alvo fácil para se aniquilar, caso viesse ser necessário. Não pediria ajuda a Vladimir para aquilo e muito menos para Marcelo...

   Calma!

   Me repreendo. Às vezes ele tem apenas algo arranhando sua mente. Uma lembrança perdida de outrora que não faria ele associar ela a mim...

   Ou assim eu esperava...

   —Ele te assustou...?

   Ouço as palavras de Dante e, por estar tão emaranhada nas suposições que rondavam minha mente, nem percebo que ele mantém agora a total atenção em mim.

   Piscando volto para ele tentando captar a essência de sua pergunta. Tinha soado mais como uma afirmação do que uma pergunta. Fosse pela maneira defensiva que eu me encontro com os braços cruzados ou até mesmo a minha expressão, que eu ainda lutava para disfarçar qualquer vestígio de apreensão.

    —Talvez um pouco. —dou de ombros soltando a meia verdade.

   Seguro seus olhos de lobo sem piscar, já que aquilo não é uma total mentira. Ainda mantendo os braços cruzados dou continuidade antes que ele pergunte o que exatamente Horácio tinha me assustado.

   Além dele desconfiar de que eu era ligada aos Vasconcellos.

   —Mas por que me chamou? —pergunto me sentando no sofá para recuperar toda a estabilidade que tinha perdido com aquele encontro. — Algum problema Sr. Dante?

Além da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora