Capítulo dois: Hugo Lambertucci

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- Amiga, que barra! - disse Brenda, minha melhor amiga e companheira de trabalho após ouvir sobre a doença de Louis.
- Nem me fale! - digo esgotada.

Estávamos no estoque da loja organizando as roupas que estavam fora do lugar.

- Como você vai conseguir esse dinheiro para o tratamento? - perguntou ela enquanto dobrava algumas blusas.
- Não faço ideia Brenda. - confesso.
- E o seu irmão? Será que ele não pode te ajudar?
- Não sei, acho que não. E, não quero mais incomodar Beto com meus problemas. Ele tem sido um anjo na minha vida, já me ajudou muito, não quero o incomodar mais.
- Se eu tivesse, sabe que te daria. - diz ela.
- Eu sei, obrigada Brenda. - agradeço com um leve sorriso.

Beto e Brenda eram muito especiais na minha vida.

- Meninas! Preciso da ajuda de vocês na loja. - diz Ângelo, nosso chefe ao entrar no estoque com um de seus famosos ataques de chiliques.
- Quem foi que chegou agora? A mulher do presidente? - perguntou Brenda sorrindo. Nosso chefe sempre ficava no puro nervos como dizia ele quando alguém importante vinha a loja.
- Não, graças a Deus aquela mulher louca não voltou mais. - disse ele colocando uma mão sob o lado esquerdo do peito. - Quem está lá fora é ninguém menos que Hugo Lambertucci!
- Quem? - perguntamos juntas.
- Aí meu santo Antônio das encalhadas! Em que mundo vocês vivem heim?! É até um pecado não saber quem é aquele homem! - disse ele como se falasse pra si mesmo. - O Sr. Lambertucci é simplesmente o homem mais rico do país! Dono da famosa agência de turismo a Lambertucci agência que realiza o seu sonho de viagem. - olhamos uma para a outra sem entender nada. - O quê? Vocês nunca viram essa propaganda? - perguntou ele surpreso. Balançamos a cabeça em sinal de negativo. - Meu Deus! É pior do que pensei... Enfim, preciso de todas as minha vendedoras na loja, o Sr. Lambertucci está aqui com uma.de suas, namoradas, e preciso de todas para os atender... Vamos, vamos! - disse ele nos apresando.
- Está bem, calma. - reclamou Brenda enquanto éramos colocadas para fora do estoque.


Chegamos na sala principal da luxuosa boutique e logo vimos nosso cliente e sua "namorada". Ambos estavam sentados em um dos sofás da loja, bebiam champanhe e eram paparicados por todas as funcionárias da loja. Aquilo era ridículo. Reviro os olhos ao me deparar com aquela cena. Apesar do tal Sr. Lambertucci ser um homem bem vistoso e bonito, era óbvio que aquela perua loira e cheia de apliques estava com ele apenas por seu dinheiro e poder. Até um cego via isso.

- Andem, vão lá! - ordenou Angelo sutilmente para nós.

Sem ter mais o que fazer, seguimos na direção deles.

- Não! Eu não gostei dessa! - disse a tal perua a uma de nossas vendedoras apontando para a caixa de sapato de marca que ela lhe trouxe para ver. A menina saiu com cara de desesperada da frente da mulher. E ao julgar por sua feição e das demais e por todas as caixas de sapatos e roupas que estavam em volta dos dois, nada estaria agradando aquela mulher. Se eles saíssem dali sem comprar nada, certamente teríamos um Ângulo desesperado e em crise. E eu simplesmente não tinha mais paciência pra aguentar seus ataques.

Observei bem como aquela mulher se vestia. Estava usando um vestido vermelho sangue tomara que caia com uma fenda na lateral que quase mostrava seu quadril, embora o vestido já fosse curto, ela parecia ser do tipo que gostava de se mostrar. Em seus pés haviam um par de sandálias douradas, e muitas jóias em seus dedos, pescoço e pulsos. Ela era do tipo que ostentava.

Enquanto Brenda tentar puxar assunto com ela perguntando do que ela gostava, lembrei que no estoque havia uma peça que eu tinha acabado de guardar, não era bem uma peça recém lançada mas era bem o estilo dela, com a história certa, certamente ela o compraria, ou melhor, faria o tal namorado comprar.

- Onde você vai? - perguntou Angelo ao me ver sair.
- Sei bem o que essa perua quer, a distraia, já volto. - falo e Angelo faz que sim.

Sigo para o estoque e logo encontro a peça, pego também um par de scarpian que sei que ela vai gostar. Por mais que aquele mundo não fosse o meu, após três anos trabalhando ali e atendendo a tantas ricas frescas, aprendi como elas pensavam, e acredite, todas pensavam igual e tinham o mesmo gosto.

- Acredito que desse a senhorita irá gostar! - digo chamando a atenção da mulher e automaticamente do tal namorado também.

A mulher ao ver a peça em minhas mãos erguida para ela, seus olhos brilharam. Ela se levanta e o olha ainda mais de perto.

A peça se tratava de um vestido preto e nude tubinho. Simples, talvez, se não fosse por um pequeno detalhe, o vestido no seu lado esquerdo era todo preto das alças a barra, e no seu lado direito, nude, mas completamente transparente. A parte nude deixava toda a pele a mostra, um prato perfeito para quem gostava de chamar atenção.

- É perfeito! - disse ela.
- Acredito que com esse sapato, ficará ainda melhor. - digo confiante. Os sapatos além de ser preto, seu salto era simplesmente uma réplica de uma cobra enrolada e sua cabeça sustentava o sapato. - É o último de uma coleção de três, apenas a primeira dama dos Estados Unidos e a Adele tem eles.
- Vou levar os dois! - disse ela para o namorado. O homem faz que sim com a cabeça esbanjando um leve sorriso.

A mulher pede para Angelo embalar as peças e após pegar o cartão das mãos do homem, segue para o balcão. Aliviada, respiro fundo, afinal, eu tinha conseguido vender algo para aquela mulher. Enquanto as outras vendedoras corriam para tirar a bagunça que a mulher havia deixado no local, percebo que o tal namorado me olhava. De uma forma estranha e suspeita, vi que ele me analisava e isso me deixou brava.

Eu sabia bem como era o tipo desses caras, e eu não seria mais uma pobretona que iria cair na sua lábia.

Então, o olho seriamente, mostrando com meu olhar que eu não estava gostando de o ver me olhando daquela forma, noto que ele se surpreendeu com minha feição, pois, logo ele ergue uma sobrancelha, surpreso? Talvez. E então sigo com as outras, as ajudando a arrumar toda aquela bagunça.

Confesso que aquele olhar daquele homem me deixou sem jeito.

Eu sabia que tinha uma boa aparência, me cuidava sempre que podia e tentava me manter bem. Mas, depois que tive Louis e depois de tudo o que passei para cria-lo, me fechei para esse tipo de pensamento, me fechei para os homens. E agora, com a doença de Louis, eu simplesmente não tinha cabeça para pensar em mais nada.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora