Capítulo sete: O contrato de casamento

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Estava há exatamente meia hora parada na recepção esperando ser atendida. Já falei a secretária que preciso falar com Hugo, já me apresentei mas ela sempre dá uma desculpa para me prender ali.

Sei bem o que ela está fazendo. Ela simplesmente não iria me deixar falar com ele. Conhecia bem gente assim.

Mas, quando estou quase a ponto de explodir e fazer um barraco, eis que surge uma senhora, certamente era da equipe de limpeza do prédio ao julgar por suas roupas e ela estava com um balde e rodo nas mãos. A senhora segue para o banheiro que ficava depois da recepção e então a sigo.

Ela entra no banheiro e começa a limpar.

- Senhora, senhora. - a chamo. Ela se vira.
- Eu? - pergunta surpresa.
- Sim. - me aproximo. - Preciso de sua ajuda.
- Minha? - pergunta mais surpresa ainda.
- Sim! Bom, é que, me chamo Lyandra, sou namorada do Hugo, dono da empresa. Eu vim aqui para fazer uma surpresa a ele, eu estava viajando e cheguei hoje, enfim, mas a secretária não autorizou minha entrada, eu não me apresentei como namorada dele para não estragar a surpresa... Nunca vim aqui antes, então, preciso saber em qual andar é sua sala e, preciso que alguém distraia a secretária para eu entrar no elevador. - digo torcendo para que a mulher acredite na minha história.

Ela me olha atentamente, e por alguns instantes o silêncio é gritante naquele banheiro.

- Vejo a verdade em seus olhos! - disse ela quebrando o silêncio. - A sala dele fica no último andar, terceira porta a direita. E sobre aquela loira azeda, pode deixar, dou conta dela. - diz ela com um sorriso.
- Obrigada, muito obrigada. - agradeço aliviada.

Sigo com a mulher de volta para a recepção.

A senhora começa a disfarçar e finge limpar o balcão da recepção. Em uma fração de segundos, vejo ela bater no copo que cai no colo da recepcionista, brava, a mulher faz um escândalo, a senhora pede desculpas mas ela não se importa. E então, enfurecida, a secretária saí a passos rápidos para o banheiro.

- Obrigada. - digo baixinho para a senhora que apenas sorri.

Sigo apressadamente para o elevador e aperto o botão para o último andar.

Enquanto o elevador subia, torci para que tudo desse certo, aquela seria minha última tentativa, minha única opção.

As portas do elevador se abrem e vejo que assim como o prédio, aquele andar em especial era lindo. A decoração moderna e fina deixava bem claro que Hugo realmente tinha dinheiro, muito dinheiro.

Ando e passo por três portas a direita e logo ouço a voz de Hugo. Paro bem em frente a porta e o vejo de costas, falando no celular ele olhava a vista a sua frente através das paredes de vidro do prédio.

- Si nona eu já falei de você a ela... Não se preocupe, você vai gostar dela... Tutto Bene nona, agora tenho que desligar. - e assim ele desligou.

- Hum, hum! - deixo um som.forte mais contido sair de minha garganta anunciando minha presença ali.

Hugo se vira e logo me vê.

No primeiro momento sua feição é de surpresa, mas logo um de seus sorrisos sinicos se mostram.

- Que surpresa! - diz ele colocando o celular em cima da mesa.
- Espero não estar atrapalhando. - digo sem graça.
- De maneira alguma, entre. - diz ele.

Entro e ele faz sinal com a mão para que eu me sente a sua frente. Nos sentamos e Hugo não para de me olhar. Hugo pega uma bolinha azul claro de anto-estresse e começa a apertar repetidas vezes a bola.

- Já deve saber o porquê estou aqui! - digo sem rodeios. Ele sorri. Um sorriso vitorioso.
- Que bom que tenha aceitado minha proposta. - diz ele enquanto apertava a bola.
- Sim, eu aceito. Mas só estou fazendo isso porque não tenho outra alternativa. - disparo.
- Sim, eu sei. - diz ele.
- E agora, como vai ser? - pergunto.
- Me passe seu pix Lyandra. - diz ele para minha surpresa.
- Como?
- Me passe seu pix, preciso fazer a transferência do seu dinheiro. - diz ele como se fosse a coisa mais natural do mundo.
- Mas, não casamos ainda. - falei confusa.
- Eu sei, mas, sei que se você está aqui, é porque está precisando muito. Você deixou isso bem claro agora a pouco. E, confio em você! E sei também que não faria nenhuma burrice. - diz ele seriamente.
- Está bem. - digo. Em seguida, pego a caneta que estava sob a mesa e um pedaço de papel, escrevo o número do meu pix e lhe entrego.

Hugo pega seu celular e após breves instantes ele me mostra que a transferência foi feita com sucesso. Ao ver o valor que havia na minha conta, respiro aliviada. Eu finalmente havia conseguido.

- Por hora, assine esse contrato. - diz ele ao me entregar uma pasta. A abro e começo a ler. - É nosso contrato de casamento. Estamos casando com separação total de bens, nosso casamento será válido até a minha avó voltar para a Itália, por isso não expecifiquei data. Preciso que tenha paciência. Esse é apenas um contrato, só para nos garantir direitos, caso um de nós queira voltar atrás. - diz ele me olhando.
- Não se preocupe Senhor Lambertucci, não volto atrás com minha palavra. - digo seriamente. Ele sorri.
- Hugo, pode me chamar de Hugo... Nos casamos em um mês, será dias antes de vovó chegar. Até lá, você pode continuar na sua casa, para preparar seu filho para a nova vida, acredito que ele precise de um tempo.
- Tudo bem. - digo. - Como sabia que eu aceitaria? Vejo que aqui está meu nome completo. - pergunto o olhando.
- Você é mãe Lyandra, sei que as mães fazem tudo por seus filhos. - diz ele apenas. - Bom, algumas delas. - conclui ele.

Assino o contrato e o entrego. Ja estava feito. Apesar de não concordar com tudo aquilo, meu coração se acalmou em saber que breve Louis começaria seu tratamento.

- Você não vai se arrepender Lyandra. Você acabou de mudar sua vida e de seu filho. E pra melhorar. - diz ele ao se levantar. Não digo nada, apenas me despeço dele sutilmente e saio dali.

Um misto de sentimentos me invadiram. Alívio, medo, dúvida. Mas, tudo valeria a pena, pois tudo o que fizesse para meu filho ainda seria pouco.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora