Capítulo um: Louis

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Volto para casa com o coração em pedaços.

Louis estava na escolinha e aquele era meu dia de folga, aproveitei para ir pegar os resultados dos exames e conversar com o médico dele, e para minha tristeza, descobri que meu menino estava muito doente. O pior pesadelo que uma mãe   estava virando realidade na minha vida.

— Lya, como você está? - ouço a voz do meu irmão do outro lado da linha. Eu não conseguia dizer em voz alta o que eu havia descoberto naquela manhã. - Lya, está tudo bem? - insistiu ele ao notar meu silêncio. Respiro fundo e então falo. Eu precisava colocar pra fora.
- Louis está com leucemia! - ao dizer essa frase, não consigo me conter mais, e então solto todo o choro que eu tanto reprimia.
- Lyandra, como assim? - perguntou ele surpreso. - Você não pode estar falando sério, eu estive aí semana passada, ele estava bem, eu vi, ele estava bem. - disse meu irmão desesperado.
- Descobri hoje Beto. Depois que você foi embora, Louis passou mau, muito mau, levei ele para o hospital e então pediram exames, fizemos e o resultado saiu hoje. O médico me explicou que ainda está bem no início, as chances de vencermos a doença são  boas, ele está bem confiante, com o tratamento certo, Louis terá grandes chances de vencer essa batalha. - digo tentando parecer otimista.
- Lya, eu, eu não sei o que dizer, eu, eu queria estar aí com vocês mas, acabei de voltar de férias, a escola não deixará que eu me ausente mais. - disse ele com pesar.
- Eu sei meu irmão, eu sei que por você, você estaria aqui conosco... Eu só, precisa dizer para alguém sabe, desabafar, colocar pra fora, eu já não aguentava mais segurar isso. - desabafei.
- Lya, como eu queria estar com vocês!
- Não se preocupe Beto, vamos vencer mais essa dificuldade!
- Eu sei que vai minha irmã, você é mais forte do que pensa... E como será o tratamento de Louis?
- Ele irá começar com algumas seções de quimio, e vamos ver como vai reagir. Se tudo der certo, ele ficará bem logo.
- Ele irá ficar sim, nosso menino é muito forte. - disse Beto me fazendo ficar mais emotiva do que já estava.
- Obrigada Beto, obrigada por tudo.
- Estou aqui pra isso irmãzinha. E, se precisar de dinheiro, de qualquer coisa, sabe que estou aqui. Pode me pedir que dou um jeito. - assegurou ele.
- Fique tranquilo, eu tenho alguma reserva. Vou usando a princípio. - menti.
- Está bem. Qualquer coisa me ligue, até mais.
- Até. - digo e em seguida desligo o celular.

Por mais que eu soubesse que podia contar com Beto, eu sabia que ele não poderia me ajudar na proporção que eu precisava. Sem falar que, Beto já havia me ajudado e muito esses anos todos. Eu não queria o explorar ainda mais.

E sentada no sofá da pequena casa, choro amargamente pela a doença de meu filho.


******

- Mamãe, sabia que eu aprendi a contar até dez! - disse Louis animado enquanto voltavamos para casa da escola no final da tarde.
- Sério meu pequeno?! Que bom, fico feliz por você, você é muito inteligente. - digo com um leve sorriso. Os olhinhos de Louis brilham ao ouvir o elogio. Seus pequenos olhos pretos como a jabuticaba era tudo o que eu precisava ver para me acalmar.

Voltamos para casa com Louis animado me contando como havia sido seu dia.

E a noite, coloquei meu filho para dormir, e enquanto o vi adormecer, não resisti e deixei as lágrimas caírem.

Acariciando seus cabelos num tom de loiro claro, chorei por pensar que talvez, se nada desse certo, meu filho não teria um futuro, ele não viveria e nem se tornaria um homem de bem. E isso era o que eu mais temia.

Naquela noite, decidi fazer o possível e o impossível para que Louis vivesse. Meu filho iria ter as mesmas chances que qualquer outra pessoa teria, ele iria lutar e vencer essa batalha, e eu iria dar o meu melhor para que ele assim fizesse. Eu daria a minha vida se preciso fosse.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora