- Consegue andar? - pergunta Hugo após andarmos alguns passos. Eu estava mancando um pouco.
- Sim! - respondo.
- Se não estiver bem eu posso te carregar! - diz ele para minha surpresa. Nesse momento paro de andar.
- Não há necessidade! - digo firmemente. Ele ergue uma sobrancelha.
- Não precisa ser tão durona Lyandra! Não sou o bicho papão. - o olho atentamente.
- Eu estou bem, não precisa se preocupar. - digo voltando a andar me soltando de sua mão.
- Vamos para o quarto, é lá que fica a maleta de primeiros socorros. - diz ele apenas.E assim, sigo com Hugo como minha sombra para o andar de cima.
- Eu, vou limpar o ferimento e depois faço um curativo. - diz ele ao sair do banheiro com a maleta em mãos. Faço que sim.
Eu estava sentada sob a cama. A adrenalina ainda me envolvia e eu não parava de pensar na notícia que Beto havia me dito.
- Lyandra! - ouço a voz de Hugo me chamar para a realidade. O olho confusa. - Preciso que coloque seu pé sob minha coxa, para que eu possa limpar o ferimento. - diz ele me olhando. Faço que sim e assim coloco meu pé como ele havia pedido. Hugo estava sentado sob uma das poltronas do quarto a minha frente, e antes que ele começasse a limpar o ferimento, ele acendeu seu cigarro.
- Sei que não é da minha conta mas, precisa fumar a toda hora? Ainda é muito cedo! - digo deixando as palavras saírem de minha boca. Ele me olha atentamente.
- Tem razão... Não é da sua conta! - diz firmemente. Engulo em seco.E assim, Hugo começa a limpar suavemente meu ferimento enquanto segura com os lábios o cigarro.
- Pronto! Acabamos. - disse ele ao finalizar.
- Obrigada! - digo ao abaixar meu pé.Hugo guarda de volta na maleta as coisas que usou para limpar e fazer o curativo no meu ferimento.
- Talvez, contar a alguém, desabafar ajude você a se acalmar. Sei que ainda está em choque pelo o que ouviu no celular! Não precisa contar para mim, se não quiser. - ao dizer isso, ele se levanta e segue para o banheiro.
Por incrível que pareça Hugo tinha razão. Eu precisava colocar pra fora o que estava dentro de mim. E precisava fazer isso logo.
Hugo saí do banheiro e segue para o porta do quarto. E antes que ele toque a maçaneta, eu falo:
- O pai de Louis voltou! - digo sentindo o peso de cada palavra.
Hugo para, se vira para mim e nesse momento não consigo me controlar, deixo as lágrimas que tanto prendia se soltarem, e choro amargamente. De cabeça baixa chorando, não sei por quanto tempo fiquei assim, sinto o toque suave dos dedos de Hugo sob minhas bochechas, secando minhas lágrimas. E mais uma vez, ao sentir o toque de sua mão sob minha pele, fecho meus olhos.
- Apesar de sermos estranhos um para o outro, estamos casados perante a lei Lyandra. E quero que saiba que você pode contar comigo sempre que precisar. Não quero que me veja como um inimigo, porque não sou! - diz ele. Levanto meu olhar e o olho com os olhos cheios de lágrimas.
Nesse momento, me levanto e abraço Hugo forte. Como se eu buscasse nele meu refúgio, meu alívio.
Aos poucos, sinto os braços de Hugo me envolverem num abraço apertado e cheio de significados.
Ali estava selado pela a primeira vez entre nós, uma trégua. Não havia segundas intenções, não havia uma barganha, nada exigido em troca. Apenas duas pessoas que pareciam apreciar aquele momento terno. De um lado, havia eu, quebrada, destruída e cheia de mágoas. Do outro, havia Hugo, que pra mim, ainda era um mistério.
Um doce, sedutor, e envolvente mistério.
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Uma Família Para O Ceo
RomanceAté onde o amor de uma mãe é capaz de ir? Lyandra é uma mãe solo que luta para sustentar seu único filho Louis. Mas, ao descobrir que seu filho está doente, Lyandra se vê sozinha e desesperada. Sem dinheiro para o tratamento, Lyandra se vê perdida...