Capítulo trinta e dois: Eu já disse que te amo?

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O caminho de volta estava sendo mais desafiador que na ida. Hugo estava calado, quieto, pensativo e concentrado na estrada. Eu sabia que aquele era um momento só dele, que ele precisava apenas ficar no seu canto, sem falar, apenas ficar envolto de seus próprios pensamentos. E na verdade, eu também precisava daquele tempo. Afinal, não tinha sido só Hugo que tinha voltado a reencontrar sua mãe, eu também havia reencontrado a minha.

Sabe essas voltas que a vida dá e nos pegam desprevenidos, desatentos, e num momento não muito bom? Pois bem, isso havia acontecido comigo.

Minha vida estava uma bagunça. Parecia que eu estava vivendo numa montanha russa, me vi perdida e sem perspectiva de que no final, tudo acabaria bem. Eu já não tinha tanta certeza de que as coisas daria certo no final.

Hugo passou o resto do dia calado, pensativo e uma prova de que seu emocional não estava bem era que ele havia voltado a fumar. Conversei com Beto e pedi para que no final da tarde ele levasse Louis para passear na cidade para que eu pudesse conversar com Hugo sozinha e tentar de alguma forma o ajudar. Eu sabia que Hugo estava abalado, e por mais que eu não estivesse no meu melhor momento para tentar ajudar alguém, eu precisava estar presente na vida dele naquele momento. Assim como ele sempre esteve na minha.

- Podemos conversar? - pergunto assim que Louis saí.

Hugo estava de pé em frente a janela do quarto. E assim ele ficou. Em total silêncio, apenas com a fumaça do cigarro a sua volta. Eu sabia que Hugo não estava nada bem.

- Hugo, eu estou aqui! Como você sempre esteve comigo. Você não está só! - digo o olhando. Hugo permanece olhando para a Janela. - Só quero que saiba disso! - ao dizer isso, me viro para sair, e quando dou meu primeiro passo, sua voz é ouvida. Baixinho e como se tentasse a todo o custo colocar para fora o que estava entalado por dentro.

- Aquela mulher, é um monstro! - ouço Hugo dizer seriamente. Me viro e o olho. - Ela me abandonou Lya, eu tinha apenas 10 anos. Havia acabado de perder meu pai! Estava sofrendo, triste, arrasado, e ela me largou... A única vez que ela voltou foi pra pedir dinheiro, e depois sumiu... Até agora! - diz ele com pesar. - Eu nunca imaginei que ela seria a, avó de Louis... Ela não mudou nada. Continua do mesmo jeito! É uma víbora!

Sinto o peso de cada palavra, a angústia escondida, o recentimento, a dor. Como Hugo estava sofrendo! Eu só queria ter o poder de tirar dele toda aquela dor, mas eu não tinha. E me sentia uma inútil por isso.

- Hugo, vamos voltar para casa! Essa viagem foi um erro. - digo. Hugo finalmente se vira e me olha.
- Não podemos Lya! Estamos aqui por Louis, não podemos iniciar uma desavença entre você e o pai dele, isso te causaria grandes prejuízos. - diz ele me olhando atentamente.
- Se você quiser voltar, vou entender. Eu posso fazer isso sozinha! - digo.
- Não minha querida, você não pode! E disso sabemos bem... - diz ele ao tocar meu rosto acariciando minha face. Fecho os olhos ao sentir seu toque. - Eu ficarei aqui com vocês Lya, vocês são minha família. E família a gente não deixa pra trás! Nunca! - diz Hugo me olhando atentamente. Nesse momento, senti meu coração acelerar. Mesmo ferido, Hugo ainda encontrava forças para me apoiar.

E foi naquele momento que decidi, nada nem ninguém poderia nos separar.

- Eu já disse que te amo? - perguntei olhando em seus olhos. Hugo sorri.
- Mais do que eu possa merecer ouvir! - responde.

E assim, aproximo meus lábios dos de Hugo, e lhe beijo suavemente.

Envolvidos pelo momento terno e de carrinho, nos entregamos ao amor. Mas desta vez havia sido diferente. Havia mais que puro desejo em nosso sexo, havia cumplicidade, amor, afeto, desejo, proteção. Nossa relação estava aos poucos, se tornando mais e mais forte.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora