Hugo massageava suavemente minhas costas enquanto estávamos abraçados. Aqui foi a máximo de afeto de um estranho que eu tive há anos.
- Você está bem? - pergunta ele após eu sair de seu abraço.
- Sim, obrigada! - digo ao secar as lágrimas com minhas mãos. - Você tinha razão, me sinto bem melhor, obrigada! - digo o olhando.
- Que bom que está melhor! Acho que é melhor descermos, Louis deve estar preocupado com você. - diz ele.
- Sim, tem razão! - digo tentando me recompor.E assim descemos e fomos novamente para a sala de jantar.
Ao chegarmos lá, vemos que Louis não estava. Talvez estivesse ainda na cozinha com Rita, e então seguimos para lá. Ao entramos na cozinha, vejo meu filho contente, tomando seu café da manhã e contando histórias de sua escola para Rita, que lhe dava atenção a todo o momento.
- Louis, você não está dando trabalho a dona Rita está? - pergunto fazendo ele perceber minha presença ali.
- Não mamãe! Eu estou bem comportado. - diz ele sorrindo. Sorriu em resposta.
- Está bem, termine seu café. - digo.
- E nós vamos tomar o nosso! - diz Hugo me olhando. - Rita, por favor, continue com Louis até ele terminar. - diz ele para Rita.
- Sim senhor. - responde a mulher.
- Venha! - diz Hugo e então o sigo.Ao chegarmos de volta a sala de jantar, nos sentamos em volta da mesa e começamos a tomar nosso café. Apesar de estar sem fome, me forço a comer. Eu não poderia me deixar abalar. Não agora. Meu filho ainda precisava e muito de mim.
- Sei que quando estamos assim, a comida tem gosto amargo. Mas, não desista de comer, as vezes, precisamos ser fortes, não por nós, e sim pelos os que amamos! - diz Hugo me olhando atentamente. Faço que sim com a cabeça em resposta.
Não sei bem como, nem quando, mas, algo havia mudado entre nós. Sentia Hugo um pouco mais próximo a mim, mais receptivel.
- Obrigada Hugo, sem a sua ajuda talvez, eu tivesse desabado. - confesso. Ele me olha atentamente.
- Você também está me ajudando Lyandra, mais do que imagina. - diz ele deixando a incerteza de sua frase no ar.E assim terminamos o nosso café, num clima de paz e tranquilidade.
- Eu, preciso ir para a empresa. Qualquer coisa, Rita e Clara estão aqui, e tem também Renato, se você precisar sair. - diz ele ao se levantar da cadeira.
- Está bem. Obrigada! - digo por fim.Hugo me olha mais uma vez e saí.
******
- Mamãe? - Louis chama minha atenção enquanto estávamos brincando em seu quarto.
- O que foi querido? - pergunto enquanto seguro um de seus brinquedos.
- O que é família? - pergunta ele confuso.
- Ah, família? - pergunto confusa com sua pergunta. Louis estava em uma daquelas fases em que fazia perguntas curiosas a toda hora.
- Sim. Eu quero saber o que é família. Minha amiguinha da escola falou que ela tem uma família bem grande. - disse ele.
- Ah! Entendi. Bom, família é um grupo de pessoas, que compartilham o mesmo sangue, ou se consideram próximas umas das outras, e com isso, vivem juntas. Tem também algumas que vivem separadas, mas mesmo assim são família. Entendeu? - ele balança a cabeça em sinal de negativo.
- Deixa eu ver se consigo explicar melhor... Eu e você, nós somos uma família, porque temos o mesmo sangue, nos amamos e moramos juntos. Já o tio Beto, mesmo não morando com a gente também é nossa família, porque ele também tem o mesmo sangue que nós, e nós o amamos não é mesmo? - ele balança a cabeça em sinal de positivo. - Já a tia Brenda também é nossa família, ela não tem nosso sangue, mas, nós a amamos muito, e ela nos ama. E juntos, somos uma grande família. - digo.
- Acho que entendi! - diz ele meio confuso ainda. - Eu também tenho uma família não é mamãe?
- Sim meu amor, você tem, e a sua família te ama muito. Todos nós te amos. - digo por fim. Louis sorri e volta a brincar.****
Mais tarde, já no começo da noite, Rita me avisa que Hugo não jantaria em casa, então, janto sozinha com Louis. Após o jantar, o coloco para dormir, depois, desço até a sala da casa.
Andando pelo o andar de baixo, decido explorar os cômodos que eu ainda não tinha ido. E assim, sigo pelo o corredor ao lado da escada. Por trás da primeira porta, ficava uma sala de vídeo, com uma enorme tv parecia mais uma sala de cinema. Na segunda porta, eu já sabia que ficava o escritório, e na terceira e última, me deparo com uma academia completamente equipada. Noto que, após a última porta, há uma pequena escada, e com essa descoberta fico mais curiosa ainda, para onde aquela escada levava?
Satisfazendo minha curiosidade, sigo subindo por ela até chegar na área externa do apartamento.
Aquele espaço se tratava de uma área privada com piscina, sauna e uma vista linda de todos os arredores do prédio. Era lindo a vista dali a noite, e tudo parecia tão pequeno visto de lá de cima. Fico encantada com toda aquela paisagem, era realmente de tirar o fôlego.
- A vista daqui é linda! - ouço a voz de Hugo vindo por trás de mim.
Eu estava parada admirando a vista a minha volta e nem percebi quando ele chegou.
- Sim, é linda! - digo ainda olhando para frente. Hugo se aproxima de mim e sinto seu inconfundível cheiro de cigarro, madeira e vinho no ar.
- Me desculpe não estar aqui para o jantar! - diz ele olhando para a frente.
- Não precisa se desculpar. - digo.
- Minha avó ligou, ela disse que pegou um resfriado e vai atrasar alguns dias para vir, mas, disse que está ansiosa para lhe conhecer pessoalmente, eu lhe enviei as fotos do casamento, ela ficou encantada com você e, o Louis. - disse ele me olhando.
- Que bom! Que tudo ocorra como você deseja. - digo forçando um sorriso. - Vou precisar de seu motorista amanhã, se não for te incomodar.
- Não, tudo bem. - diz ele.
- amanhã é a segunda quimio de Louis.
- Entendo. - diz ele apenas.
- Boa noite Hugo! - digo me despedindo.
- Boa noite Lyandra! - responde ele olhando para a frente.Enquanto me viro para sair, sinto de relance minha mão tocar a sua, um leve toque de nossos dedos, e bastou apenas isso para que um arrepio percoresse meu corpo. Paro no mesmo lugar ao sentir os dedos de Hugo procurarem desesperados pelos os meus. Involuntariamente, seguro seus dedos com os meus e Hugo os massageia. Seu toque, sua pele, seu cheiro, tudo era hipnotizante.
Hugo me puxa pela a mão e ficamos frente a frente, próximos, juntos. Nossos olhares se cruzam, nossas respirações ficam pesadas, uma atração irresistível nos domina, não tinha como negar o que estava em nossos olhos. Aos poucos, Hugo aproxima seus rosto do meu, tão próximo, nossos lábios quase se chocam. Há uma sedução no ar, uma magia, um clima. Não tinha como negar. Nossos olhares queriam dizer tantas coisas...
- Hugo, por favor. Melhor não! - digo como num susurro. Hugo me olha atentamente, como se buscasse em meus olhos as verdades que meus lábios diziam, mas não havia verdades ali. Minha boca dizia o que minha consciência mandava, já meus olhos, expressava o que minha alma desejava.
- Sei que você quer isso tanto quanto eu! Por que resiste? - pergunta ele com a voz rouca. Fecho meus olhos ao me ver seduzida por sua voz.
- Eu, eu... Tenho medo! - confesso ainda inebriada por ele.
- De quê? - ouço sua voz baixinho ao pé do meu ouvido. De repente, sinto algo me desestabilizar. Sinto meu corpo todo reagir a ele, era como se meu corpo quisesse estar em suas mãos. Sinto meu corpo arder e queimar.
- De não, me... Controlar! - digo baixinho. - De não, resistir. - a cada palavra dita, meu corpo se arrepiava mais e mais. - De me entregar! - digo por fim.
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Uma Família Para O Ceo
RomanceAté onde o amor de uma mãe é capaz de ir? Lyandra é uma mãe solo que luta para sustentar seu único filho Louis. Mas, ao descobrir que seu filho está doente, Lyandra se vê sozinha e desesperada. Sem dinheiro para o tratamento, Lyandra se vê perdida...