Capítulo trinta e um: Visita

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- Chegamos! - diz Hugo ao parar o carro em frente a casa grande da fazenda.

Eu conhecia bem aquele lugar, era onde a família do pai de Louis morava, era onde eu me criei e de onde fui expulsa.

- Seja forte! - diz Hugo ao apertar de leve minha mão. Faço que sim com a cabeça.

Descemos do carro e Hugo segue para o banco de trás para pegar Louis. Imediatamente, vejo surgir pela a porta principal Vitor, e um arrepio forte dominou meu corpo.

Com Louis no colo, Hugo segura firme minha mão, e dando um sinal de positivo, Hugo me direciona para subirmos os degraus da casa. Eu precisava ser forte.

- Lyandra! - diz Vitor assim que paramos a sua frente.
- Vitor. - digo firmemente. Ele me olha atentamente e olha para Louis que apenas observa a situação grudado no pescoço de Hugo.
- Não vai nos apresentar? - pergunta ele. Engulo em seco.
- Hugo, esse é, Vitor! - digo apenas.
- Prazer! - diz Vitor ao esticar a mão. Hugo não aperta sua mão, uma estava segurando Louis e a outra segurava a minha. Noto que Vitor fica sem graça. - E você deve ser Louis? - pergunta ele a Louis. Ele faz que sim. Vejo Vitor sorrir.
- Venham, entrem! - diz ele e em seguida anda para dentro da casa. Hugo aperta gentilmente minha mão e entramos.

Sigo por dentro da casa que conhecia bem. Tudo estava exatamente como era. Chegamos a sala de visitas e vejo sentados no sofá Vitor Manoel pai de Vitor e Beto, os dois sempre se deram bem apesar de tudo. A mãe de Vitor, Sandra, estava de costas para nós, olhando pela a janela.

- Pessoal, eles chegaram! - diz Vitor a todos.

Imediatamente, Beto e Vitor Manoel se levantam do sofá, e então, Sandra se vira para nos olhar.

Vejo o sorriso forçado de Sandra se desfazer assim que ela olha para Hugo. Vejo espanto em seu olhar, surpresa, confusão. Olho para Hugo sem entender o que estava acontecendo e sinto ele apertar forte minha mão.

- Papai, esse é Louis. - diz Vitor sem perceber o clima estranho que se formou. Aquilo não era novidade, ele sempre foi um tapado.

Mas antes que o velho pudesse dizer algo, Sandra se manifesta.

- Hugo? - pergunta ela surpresa como se precisasse de uma afirmação.

- Vocês se conhecem? - pergunta o tapado.

Ninguém responde nada.

Sandra anda  nossa direção a passos lentos, como se tentasse entender o que estava acontecendo ali. Todos ficam sem entender, inclusive eu. De onde Sandra o conhecia? Seriam eles amigos? Por que todo o clima naquela sala pesou com nossa chegada? Minha mente  estava em confusão. Sandra para em nossa frente ignorando todos ao redor. Vejo ela analisar Hugo atentamente, e vejo também seus olhos encherem de lágrimas. O que diabos estava acontecendo ali? E quando finalmente tomo coragem de me pronunciar, sou interrompida antes mesmo de falar.

- Mãe! - diz Hugo seriamente.

Não, aquilo não estava acontecendo, não era real. Era um sonho, um pesadelo.   Dizia a mim mesma repetidas vezes. Mas não, tudo era bem real e estava acontecendo.

- Mãe? - pergunta Vitor surpreso.

Vejo as lágrimas de Sandra caírem.

- Ele é o filho que você abandonou? - pergunta o imbecil surpreso. Abandonar filhos talvez estivesse no sangue, fosse costume de família.
- Hugo, eu... - tentou dizer ela.
- Estamos aqui para Louis conhecer o pai! Apenas isso. - intervio. Eu sabia que aquela situação havia pegado Hugo desprevenido. Sandra me olha atentamente.
- Vocês estão, juntos? - pergunta ela. Não respondo.
- Vitor, acredito que esse encontro seja melhor deixar para outro dia. - digo.
- Realmente, depois do pouco que vi aqui, será o melhor mesmo! - diz ele concordando.
- Vamos querido! - digo chamando a atenção de Hugo. Ele parece estar em choque. Depois de breves instantes ele me olha e faz que sim. - Até mais! - digo e sigo com Hugo e Louis para fora dali.

Ao descermos os degraus da casa, antes de chegarmos no carro, vejo se aproximar, minha mãe.

- Lyandra! - diz ela ao me chamar. Paro surpresa. O que mais me faltava acontecer? Penso. Ela se aproxima e me olha atentamente. - Filha, eu quero falar com você!
- Desculpe senhora, eu não tenho mãe! Deve estar me confundindo com outra pessoa. - digo firmemente. Ela me olha atentamente e vejo lágrimas em seus olhos. - Hugo por favor, me tire daqui! - suplico.

Hugo e eu entramos no carro e saímos dali a mais rápido possível.

Que desastre havia sido aquela visita.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora