Capítulo trinta e três: Mistério

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Vitor havia entrado em contato novamente. Marcando assim, um novo lugar para o encontro, então, ficamos certos de nos encontramos na sorveteria da cidade, um lugar neutro e que não teria atritos como no último encontro.

Estávamos eu, Louis e Hugo sentados na sorveteria esperando Vitor chegar. Pontualidade nunca foi seu forte, e disso eu sabia bem.

- Desculpem o atraso! - disse ele sentando a nossa frente.
- Novidade seria se chegasse no horário! - resmungo. Ele sorri, um sorriso fraco e sem graça. Reviro os olhos. - Filho, lembra que nós vinhemos aqui para conhecer uma pessoa? - pergunto a Louis.
- Sim! O papai disse que eu iria conhecer meu outro pai. - diz ele da forma mais fofa que já vi.
- Sim... Então filho, esse é Vitor, seu outro pai! - digo. Louis o olha atentamente.

Noto que Vitor fica apreensivo com o olhar minucioso de Louis.

- Ele não tem cara de pai! - diz Louis o olhando.
- Nem caráter... - digo ironizando.
- Vejo que o menino puxou a você Lya! - diz ele seriamente. O fuzilo com os olhos.
- Louis, vamos escolher nosso sorvete! - diz Hugo me salvando de uma situação embaraçosa com meu filho.
- Oba! - diz o menino ao se levantar.

E assim os dois partem.

- Por que está tornando isso tão difícil? - pergunta Vitor assim que vê Louis sair.
- Eu estou tornando difícil? - pergunto ofendida.
- Sim Lya! Pra que esse encontro acontecesse precisei praticamente te obrigar a isso. E você, não está sendo nenhum pouco flexível!
- Você só pode estar brincando Vítor! - digo já imaginando minha mão apertando a garganta dele com força. - Você deve se lembrar que foi você quem quis assim. Na verdade, eu não tenho obrigação nenhuma de facilitar as coisas pra você, você não facilitou nada pra mim! - digo seriamente.
- Eu sei que eu errei, que fiz besteira. Mas, me arrependi, e estou aqui tentando acertar.
- É fácil dizer isso agora Vitor... Já se passaram quase cinco anos né?! Mas quando eu precisei, você não estava lá. Em nenhum dos momentos... Você não sabe como foi difícil pra mim passar por tudo o que passei sozinha, sem ajuda, sem amparo! Você não o viu se formando na minha barriga, não o viu nascer, não ouviu seu primeiro chorinho, não viu seus primeiros passos, nem ouviu suas primeiras palavras! No primeiro dia de escola, você não estava lá. Nem tão pouco quando veio o diagnóstico da doença! - digo com pesar.
- Beto me contou sobre a doença. - diz ele.
- Exatamente isso, o que você sabe sobre seu filho é apenas o que ouviu falar, porque você simplesmente não estava lá! Você não o viu na primeira quimio, não o viu sofrer com os sintomas, nem o viu quando ele soube que estava curado semana depois! Não foi em você Vitor que ele deu o primeiro abraço orgulhoso de si mesmo depois que soube da notícia, e não foi você Vitor, que chorou abraçado a ele ao ouvir ele dizer que estava curado! - digo com lágrimas nos olhos. - E não foi a você que ele disse a palavra pai!
- Eu mereço ouvir tudo isso Lya, mas, agora eu estou aqui! - diz ele seriamente.
- Sim, estou vendo! Mas, agora as coisas são diferentes Vitor...
- Eu estou vendo que Louis está bem amparado! - diz ele ao olhar para Louis e Hugo que estavam tomando sorvete em outra mesa.
- Sim, ele está! - digo.
- Eu queria conhecer meu filho, ajudar no que fosse preciso reparar meu erro. Mas, vejo que cheguei tarde! - diz ele pesadamente. - Mas fico feliz Lya, você soube escolher um bom pai para ele. Melhor do que eu poderia ter sido.
- Era exatamente por isso que eu não queria esse encontro Vitor. Você entra e saí das nossas vidas a hora que bem quer! E é isso que está tentando fazer agora.
- Lya, como eu disse, eu estava disposto a ajudar, a estar com vocês, mas vejo que cheguei tarde!
- Você poderia se quisesse, estar com seu filho, ser presente para ele. Mas você simplesmente não quer, nunca quis!
- Acho que você tem razão! - diz ele.
- Então por que tudo isso? - pergunto.
- Minha mãe, ela insistiu pra quê eu me aproximasse de vocês. Mas, ao ver como o menino é com ele... - diz Vitor ao olhar para os dois sentados tomando o sorvete e rindo. - Eu não posso tirar isso dele! - diz ele com pesar. Nesse momento, uma ficha caiu em minha cabeça.

Agora muitas coisas faziam sentido.

- Então ela sabia de mim e de Hugo? Ela sabia que eu havia me casado com o filho dela? - pergunto. Vitor faz que sim.
- Eu não sabia de todos os detalhes Lya, fui pego de surpresa assim como vocês... Ela me contou que descobriu que você havia casado com um homem rico, que estava bem, e que seria melhor eu me aproximar, conhecer meu filho. Você sabe que quando minha mãe quer ser convincente ela é! Mas, eu não sabia que esse homem era o filho mais velho dela. Não sabia de nada disso!
- E ela? - pergunto.
- Acredito que sempre soube! Aquela cara de surpresa quando viu Hugo lá em casa, foi apenas encenação.
- E o que ela que com Hugo? - pergunto.
- Isso eu já não sei Lya, de verdade eu não sei. - confessa ele.

Apenas o olho atentamente, aquela cobra havia feito tudo aquilo de caso pensado.

- E como vai ser agora Vitor?
- Não se preocupe Lya, estou voltando amanhã para o Canadá, é lá que morro... Nada vai mudar. Eu garanto. - diz ele para meu alívio. E no final das contas, o advogado de Hugo tinha razão afinal.
- Então, acho melhor você ir, sem despedidas, sem desculpas. Apenas vá! - digo seriamente. Ele faz que sim.
- Espero que um dia você consiga me perdoar Lya! - e ao dizer isso, Vitor se levanta e vai.

Vitor havia saído mais uma vez da minha vida como uma ventania. E como toda ventania deixa estragos, ele havia também deixado. Mas, desta vez, vejo que sem a ajuda dele, não conseguiria desvendar esse mistério.

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