Capítulo dezesseis: O pai de Louis

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- Bom dia! - digo as funcionárias que estavam na cozinha quando eu entro com Louis.
- Bom dia. - as duas respondem.
- É, será que eu poderei preparar o café de Louis? - pergunto.
- Ah, estamos terminando o café, eu já ia agora mesmo arrumar a mesa. É que o senhor Hugo não acorda tão, cedo. - diz Rita.
- Tem problema não, é que nós já estamos acostumados a acordar cedo, Louis vai para a escola, e eu vou pro trabalho então tudo funciona cedo pra a gente. - digo com um leve sorriso. - Mas, se eu puder, gostaria de ao menos ajudar vocês! - digo, ela se olham espantadas.
- Bom, tudo bem... - responde Rita. Sorriu em resposta.
- Louis meu querido. - digo ao me abaixar para falar com meu filho. - A mamãe vai ajudar as meninas com o café, então, fique na sala quietinho enquanto isso tá bom? - ele faz que sim. - Tome meu celular, assista seus desenhos enquanto isso. - digo ao lhe entregar o celular. Ele pega e saí.
- Por onde começo? - pergunto ao me levantar.
- Clara já está terminando de passar o café, e de resto, tá tudo pronto. Eu só tenho que, tirar os pães de queijo do forno, se a senhora quiser, pode ir arrumando a mesa. - diz Rita.
- Ótimo! - digo sorrindo.
- Eu lhe ajudo a levar as coisas. - diz ela prontamente.


Levo junto com Rita os utensílios para organizar a mesa de café da manhã. Enquanto ela volta para a cozinha, começo a organizar a mesa enquanto cantarolo uma música.

- Fico triste em saber que você está feliz e que não foi graças a noite maravilhosa que tivemos porque não tivemos! - ouço a voz de Hugo me tirar de meu momento relex.
- Não seja idiota! - digo ao me virar e o ver parado me olhando.
- Isso é serviço para as funcionárias! - diz ele cruzando os braços.
- Eu me ofereci para ajudar. - digo enquanto volto a organizar a mesa.
- Hum... - resmunga ele.
- Você não tem outra coisa para fazer não? Trabalhar talvez? - pergunto incomodada com sua presença.
- Ah querida, já estamos assim? Como um casal de verdade, a esposa não aguenta o marido dentro de casa e o marido não aguenta ficar em casa com a esposa rabujenta... Somos o casal perfeito! - diz ele claramente zombando.

Ok, ele havia conseguido me tirar do sério.

O olho seriamente e vejo em seus lábios aquele sorriso presunçoso de sempre, como isso me irrita! Ando em sua direção com uma faca de cortar pão em mãos. Na verdade, nem percebi que a carregava, eu penas queria dizer poucas e boas para aquele imbecil. Parada bem a sua frente, o olho atentamente nos olhos. Hugo me olha ainda mais atentamente, como se tentasse enxergar através do meu olhar.

- Olha aqui seu idiota! - digo seriamente. - Com quem pensa que está falando? Com uma de suas piriguetes? - digo brava.
- Por que querida? Te incomoda saber que tenho outras? - pergunta ele com voz rouca.
- Não seja petulante! Por mim você pode ter mil mulheres, não me interessa. - digo convicta. Ele sorri. E que vontade de tirar aquele sorriso idiota dos lábios dele.
- Não é o que parece! - diz ele sudutoramente.
- Não seja convencido, nem todas caem aos seus pés! - digo seriamente. Ele me olha seriamente. Ponto para mim!
- Não foi isso que aconteceu ontem a noite! - diz ele seriamente olhando em meus olhos. Engulo em seco. Ponto pra ele.

Por um momento, esqueci daquela discussão sem sentido e me lembrei da noite passada.

A lembrança de estar em seus braços no escuro, de sentir seus lábios em minha pele, de seu cheiro, cheiro esse que naquela manhã já não era tão forte. Me lembrar de tudo aquilo me desestabilizou, confesso. Me vi perdida em mim mesma e com isso, aquela pose forte e decidida de antes se decipou. Hugo ainda olhando dentro de meus olhos, parece perceber que baixei a guarda. Lentamente, ele aproxima sua mão de meu rosto, tocando suavemente em minha pele, sinto o toque quente de sua mão acariciar meu rosto. Aquela atitude, aquele toque, me pegaram de surpresa. Fecho os olhos na tentativa de apreciar o momento. O que está acontecendo comigo?

Sinto o polegar de Hugo tocar e passear por meus lábios, e isso me deixou de pernas bambas, confesso.

E quando desejei loucamente que seus lábios estivessem ali no lugar de seu polegar, sou chamada de volta a realidade.

- Mamãe! Mamãe! - a voz de Louis ecoa na sala. Me afasto bruscamente e me viro para ver meu filho. Noto uma ponta de decepção no olhar de Hugo.
- O que aconteceu meu querido? - pergunto tentando voltar ao normal, se é que isso era possível.
- O tio Beto, ele quer falar com você! - diz ele me trazendo o celular.
- Ah, me dê aqui! - digo pegando o celular. - Venha, sente-se aqui. - digo o levando para sentar a mesa. Sento Louis e volto minha atenção para o celular. - Oi Beto. - digo.

- Oi Lya, como você está? - pergunta ele.
- Bem, e você? - pergunto enquanto coloco a faca do pão sob a mesa. Nesse momento, as funcionárias entram com as coisas do café e enquanto falo com Beto as ajudo a organizar a mesa me esquecendo completamente que Hugo estava mais afastado me observando.
- Estou bem. Lya, tenho uma notícia não muito boa pra te dar. - diz ele com uma voz preocupante.
- O que aconteceu Beto? - pergunto seriamente enquanto organizo as xícaras sob a mesa.
- O pai de Louis, ele voltou! - diz ele seriamente.

Nesse momento, sinto como se alguém tivesse me dado um soco no estômago. Congelo literalmente. Fico sem reação, sem ação. Aquela notícia havia sim me pegado de surpresa. Trêmula, deixo a xícara que segurava cair no chão, e vejo cacos voarem para todos os lados, sem falar que, ela caí bem em cima do meu pé. Não senti a dor do impacto, senti apenas medo.

- Lya, você está aí? - ouço a voz de Beto ao longe.
- Depois conversamos! - digo e em seguida desligo.

Ainda em choque olhando para a frente, ouço a voz de Louis.

- Mamãe, você está bem? - pergunta ele.

Me viro e olho para meu filho que parece preocupado. Olho também para as funcionárias que pareciam surpresas e tensas, e vejo mais afastado Hugo que me olha a todo o momento com certa curiosidade.

- Eu, eu... - tento encontrar palavras.
- Rita, por favor leve Louis para tomar café na cozinha! - diz Hugo claramente me salvando daquela situação.
- Venha Louis, fiz bolinhos de chuva. - diz ela pegando meu filho pela a mão. Ele a acompanha com um leve sorriso.
- Clara, por favor, limpe isso! - diz Hugo a outra funcionária. Ela faz que sim e saí.

Então, Hugo se aproxima de mim, estou ainda parada com o celular em mãos.

- Você está bem? - pergunta ele.

Naquele momento, minha voz embarga. Sinto um bolo se formar em minha garganta, mas não digo nada.

- Venha, vamos fazer um curativo nesse pé! - diz ele me olhando.

Olho para meu pé e vejo um pequeno rastro de sangue. Vendo que eu permanecia imóvel, Hugo pega em minha mão e me direciona para fora dali.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora