Chegar em casa e ver meu filho me esperando com um sorriso enorme não tinha preço. Louis definitivamente era o melhor remédio para a minha tristeza.
- Mamãe chegou! - disse ele ao me ver entrar em casa. Louis corre ao meu encontro e então me abaixo esperando o impacto de seu abraço.
E assim ele faz. Me dá o abraço mais aconchegante que eu poderia receber.
- Meu docinho! - falo ao abraça-lo forte.
- Lya, você precisa ver o desenho que o Louis fez de você e do tio, tá lindo! - diz Ana, nossa babá me chamando a atenção.
- Hum, você fez um desenho meu e do tio? - pergunto o olhando.
- Fiz sim, quer ver? - pergunta meu menininho com os olhos brilhando.
- Quero sim. - digo.E imediatamente, Louis parte em direção ao quarto.
- Lya, o Louis não passou a tarde bem. Ele vomitou e, vazou sangue do seu nariz! - disse Ana tristemente.
- O médico disse que isso poderia acontecer. São os sinais da doença! - digo tristemente.
- Já conseguiu o dinheiro?
- Ainda não... Na verdade, nem sei o que fazer para conseguir. - desabafo.
- E os avós paternos dele? Se você os procurassem...
- Não Ana, não vou procurar eles. Eles sabem que tem um neto, sempre souberam e nunca se preocuparam com ele. Meu filho não tem avós, de ambos os lados. - digo seriamente.
- Me desculpe Lya, é que...
- Tudo bem Ana, mas, eu não vou recorrer a eles, eles nunca se importaram com meu filho, nunca os procurei, e olha que já passei por poucas e boas, não vai ser agora que vou os procurar. - digo me sentindo exausta.
- Entendo. Bom, vou indo. Até amanhã! - diz ela pegando sua bolsa e saindo.
- Até amanhã. - digo ao fechar a porta.
- Mamãe, mamãe! - me viro e vejo Louis vindo ao meu encontro com uma folha de papel em mãos. Me abaixo para ver.
- Nossa, essa aqui sou eu? - pergunto ao ver meu desenho no papel.
- Sim! - responde Louis orgulhoso.
- Você fez o tio Beto mais bonito que eu. - digo fingindo estar triste.
- É que ele é só mais alto. Só isso. - diz ele. Sorriu em resposta.
- Vem, vamos tomar um banho para jantar. - digo o pegando no colo.Sigo com Louis para o único banheiro da casa e começo a tirar sua roupa. Enquanto tiro sua blusa, vejo três pingos de sangue sujarem o chão branco do banheiro. Ao olhar para o rosto do meu filho, vejo um pequeno rastro de sangue saindo de uma de suas narinas. Tento me controlar, não me desesperar. Mas lágrimas caem de meus olhos. Eu simplesmente não consegui as segurar.
- Mamãe, você está chorando! - disse Louis ao limpar minhas lágrimas com suas mãozinhas.
- Mamãe só está triste. - disfarço.
- É porque eu estou doente não é? - pergunta ele me olhando atentamente. Louis tinha apenas quatro anos mas era um menino muito esperto.
- Mamãe só está com medo meu amor, só isso. - digo com a voz embargada.
- Não fica assim não, eu vou melhorar logo, a tia Ana falou isso quando eu vomitei. - disse ele tentando me acalmar.
- Você vai sim meu amor. - digo ao beijar o topo de sua cabecinha.Ainda melancólica, dou banho em Louis e o visto para o jantar. Após o jantar, o coloco para dormir e então ligo para o doutro Bento.
- É Lyandra, isso não é um bom sinal. Não sou especialista na área mas, me parece que a doença esta evoluindo. Você precisa correr contra o tempo. - disse ele. Correr contra o tempo. Me fez lembrar da frase que o tal Hugo me disse ao me persuadir com sua proposta. Realmente, tempo era uma coisa que eu não podia me dar ao luxo. - Você tentou um empréstimo?
- Sim, mas, o banco não aprovou. Disseram que o valor é alto demais e que eu não tenho condições suficientes para quitar a dívida. - falei.
- Sinto muito Lyandra. Se eu pudesse ajudar sabe que eu faria.
- Sei sim Bento. Obrigada. Não se preocupe, eu darei um jeito, e logo. - assegurei.Conversamos sobre como eu poderia fazer para cuidar melhor de Louis naquela fase e então nos despedimos. Eu estava cansada, exausta e sem forças para lutar. Mas eu precisava ser forte, tinha que ser.
E foi então que uma ideia surgiu em minha mente.
E se eu aceitasse...
Pensei por um breve momento.
Meu orgulho me impedia de buscar ajuda aos avós de Louis. Não era apenas orgulho, mas, eu simplesmente não poderia fazer isso. Quando souberam que o pai de Louis havia partido da cidade porque eu estava grávida deram razão a ele, disseram que eu estava dando um golpe, que eu queria dinheiro. E por mais que eu dissesse que não, eles diziam que mais cedo ou mais tarde eu apareceria pedindo dinheiro. Eu não podia fazer isso, mas disso dependia a vida do meu filho.
No entanto, havia Hugo.
Talvez se ele não tivesse aparecido na minha vida com aquela proposta eu até tivesse ido procurar os avós de Louis. Mas, por mais difícil que seja, eu tinha outra alternativa. Só me restava escolher. Eu simplesmente não sabia qual era a menos pior.
Me casar, ser de alguém.
Como eu iria conseguir fazer isso?
E se eu voltasse para minha cidade e fosse pedir ajuda aos avós de Louis, como eles iriam reagir? Será que me dariam o dinheiro? Era bem provável que não. Antes me diriam poucas e boas e depois negariam. Eu os conhecia bem, sabia do que eram capazes de fazer. E aquilo não era nem metade do que eles eram capazes.
Sendo assim, decidi que era hora de reagir. Tomar uma atitude, seja qual for, nada seria mais importante que meu filho. Nem minha dignidade.
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Uma Família Para O Ceo
RomanceAté onde o amor de uma mãe é capaz de ir? Lyandra é uma mãe solo que luta para sustentar seu único filho Louis. Mas, ao descobrir que seu filho está doente, Lyandra se vê sozinha e desesperada. Sem dinheiro para o tratamento, Lyandra se vê perdida...