Capítulo quatorze: A noite de núpcias

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Sim, eu estava furiosa, nervosa, brava, enfurecida e tantas outras coisas que poderiam definir meus nervos a flor da pele.

Entro no "meu quarto" com uma vontade enorme de quebrar alguma coisa, como aquele idiota conseguia me tirar do sério assim?

Tento respirar, me acalmar, relaxar, mas é quase impossível.

Homens...

Por que eles eram sempre assim comigo? Todos agiam da mesma forma. Foi assim com pai de Louis. Aquele filhinho de papai mimado pensou que poderia me comprar, comprar meu silêncio, e me convencer com seu dinheiro que o melhor a ser feito era abortar. Sim, aquele imbecil queria que simplesmente abortasse meu filho, e isso eu nunca perdoei.

Quando descobri estar grávida, me vi perdida por tantas coisas... Meu sonho de cursar uma faculdade, de ter um bom emprego, de viajar, conhecer gente e lugares novos, de ter um futuro diferente, tudo se foi. De repente, me vi perdida, sozinha e com um filho a caminho. O pai de Louis, meu namorado, a pessoa a quem me entreguei uma única vez e de quem confiava, simplesmente me abandonou.

Ou eu ou ele!

Disse o imprestável.

Eu queria que eu escolhesse, ou meu filho ou ele, e eu fiz minha escolha.

Quando lhe contei que não iria abortar, que não iria abrir mão do meu filho por mais difícil que fosse minha vida futuramente, ele simplesmente me abandonou. Saiu do país praticamente fugido.

Beto, meu irmão ao descobrir tudo isso me levou até os avós de Louis. Como eram pessoas de posses, acharam que eu estava dando um golpe, e simplesmente me deram as costas.

Abalada, cansada mentalmente e angústia, só vi minha dor aumentar quando meus pais, ao descobrirem minha gravidez, me expulsarem de casa, e se não fosse a ajuda e o apoio do único homem que sempre me estendeu a mão, eu não estaria aqui. Meu irmão foi meu herói, meu amigo, meu protetor, e todas as vezes em que eu pensava em desistir, em me entregar, ele estava lá me incentivando a prosseguir.

O pai de Louis foi a minha maior decepção, e no entanto, foi quem me deu a minha maior alegria. Contraditório até.

E desde que isso me aconteceu, eu simplesmente me fechei para as coisas do coração. E pretendi permanecer assim.

Mas, agora, casada e morando sob o mesmo teto que aquele pervertido, vejo uma pequena brecha nessa muralha interna que construí em volta do meu coração se abrir, mas eu iria a todo o custo a fechar novamente. Eu precisava.

Toc, toc.

Ouço leves batidas na porta.

- Entre! - digo.

A porta se abriu e era Rita. Uma.das funcionárias da casa.

- Dona Lyandra, o senhor Hugo pediu pra avisar que o jantar será servido. Ele espera a senhora e seu filho na sala de jantar.
- Ah, está bem. Obrigada. - digo e a mulher saí.

Jantar com aquele idiota, e não teria como a noite ficar mais estranha.

Sigo com Louis para o andar de baixo.

Ao chegar na sala de jantar, vejo que "meu marido" já está lá a minha espera. Me sento com Louis um pouco próxima  a ele e imediatamente o jantar é servido.

Observo que Hugo enquanto janta olha com atenção para meu filho e isso me incomoda um pouco. Louis concentrado em sua refeição e na conversa que estava tendo comigo sobre a escola, nem percebe o que acontece a sua volta, tento lhe dar total atenção mas é um pouco difícil com olhares nos encarando.

Com o fim da refeição, subo com Louis para seu quarto, o menino atencioso como é, dá boa noite para Hugo que o responde como se estivesse no piloto automático.

- Durma com Deus meu anjinho! - digo ao beijar sua testa logo depois que ele dorme.

Deixo apenas a luz do abajur acesa e deixo a porta entreaberta.

Ao entrar no meu quarto, vejo que Hugo já estava lá. De pé observando a vista da janela, ele se mantém calado. Sigo para o closet e coloco um pijama, volto para o quarto e ele continua na mesma posição de antes.

Eu estava cansada, queria dormir, descansar, mas, não sabia como iríamos fazer para dormir separados. Parada o observando, noto quando Hugo respira profundamente e fala ainda de costas para mim.

- Pode ir dormir, não se preocupe, não vou tocar em você. Vou para o quarto de hóspedes! - ao dizer isso, ele se vira e saí do quarto sem nem sequer olhar em meu rosto.

E foi assim que passei minha noite de núpcias. Sozinha mas me sentindo bem melhor, pior seria se ele estivesse lá, disto eu tinha certeza. Tudo precisava se manter como estava. Eu só precisava aguentar por pouco tempo.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora