Capítulo treze: O desafio de Hugo

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Após tomar um banho e me trocar, volto novamente para o quarto, e para meu alívio, Hugo já não estava lá.

Observo a vista da janela do quarto e fico deslumbrada ao ver o pôr do sol dali. O céu num tom alaranjado dava indícios de que a noite logo viria.

Meu Deus!

Eu iria dormir ali, com ele!

Ainda em meio a esses pensamentos, meu celular toca.

O pego em cima de um móvel ao lado da cama e vejo que era Beto.

- Oi Beto! - digo ao atender.
- Ou Lya, como foi o casamento?
- Normal! - digo apenas.
- Hum, você está com algum problema? - é, realmente não conseguia esconder nada dele.
- Hugo preparou um quarto para Louis, ele equipou o quarto com tudo que ele precisava, decorou, colocou brinquedos, enfim, o quarto dos sonhos de qualquer criança! - digo.
- E isso de alguma forma mexeu com você! - diz ele.
- Não sei...
- Mexeu sim Lya. É normal, ele tocou num ponto sensível pra você, no seu ponto fraco. Como diz o ditado, agrade a um filho e agradará a mãe duas vezes...
- É, deve ser isso! - digo vencida.
- Lya, eu pesquisei um pouco sobre Hugo Lambertucci... - mais um detetive, pensei.
- Bom, sua fama o precede... Mulherengo, farista, sedutor. Me admirei muito quando descobri isso e vi que ele escolheu se casar. Por isso, tome cuidado Lya, apesar de vocês estarem casados, não se esqueça que é um casamento por contrato, e existe apenas no contrato. Hugo não é o tipo de homem pra você Lya, e você já sofreu tanto apesar da pouca idade. Tome cuidado!
- Não se preocupe Beto. Eu terei cuidado! - digo apenas.
- Está bem... Preciso desligar, mamãe... Preciso ir.
- Tudo bem. Tchau. - digo ao desligar.

******

- Louis! - digo ao abrir a porta do seu novo quarto.
- Oi mamãe. - diz meu pequeno sentado no tapete do quarto brincando com seus brinquedos.
- Tudo bem por aqui? - pergunto ainda da porta. Ele balança a cabeça em sinal de positivo e volta a brincar.
- Mamãe vai descer um pouco no andar de baixo, mas não demoro tá bom?
- Tá. - responde ele.

Deixo a porta entreaberta e sigo pelo o corredor.

Ao descer, começo a percorrer por todo o andar. Passo pela a sala e ao passar por uma parede encontro a sala de jantar e logo após ela a cozinha. Havia duas mulheres trabalhando lá, e ao notarem minha presença noto que ficam sem jeito.

- Boa noite. - falo meia sem graça.
- Boa noite. - elas respondem juntas.
- Me chamo Lyandra, mas, todos me conhecem por Lya. - digo tentando puxar assunto. As duas mulheres se olham espantadas.
- Sou Rita, e essa é Clara. - diz a mais velha das duas.
- Prazer! - digo com um leve sorriso. As duas sorri em resposta. Noto que estavam confusas e surpresas.
- Vocês sabem onde está o Hugo?
- Ah, ele está no escritório. - a mais nova responde.
- E, onde fica? - pergunto sem jeito.
- Depois da escada passando pelo elevador, segunda porta. - diz ela.
- Obrigada! - respondo e em seguida saio.

Sigo segundo a orientação da mulher e paro bem em frente a segunda porta. Respiro fundo e bato de leve duas vezes seguidas.

- Entre! - ouço sua voz ecoar.

Abro a porta e lá estava ela, sentado atrás de sua mesa com um óculos de grau em seu rosto, Hugo olhava atentamente para a tela do notebook enquanto tragava seu cigarro. Ainda parada ao lado da porta o observo. Ao notar que nenhum movimento é feito, ele levanta seu olhar para mim.

- Entre querida! - diz ele de maneira sedutora. Reviro os olhos.

Entro e encosto a porta. Me aproximo e ele faz sinal para que eu sente a sua frente. E lá estavamos nós mais uma vez.

- Quero conversar com você sobre algumas coisas! - digo seriamente. Ele ergue uma sobrancelha. Ao notar que ele não diria nada, prossigo. - Temos que estabelecer como serão as coisas entre nós.
- Isso não é meio tarde? - pergunta ele para minha surpresa.
- Antes, eu estava envolvida com o tratamento do meu filho, não tive cabeça para pensar em mais nada. - digo.
- Falando nisso, como ele está reagindo ao tratamento? - pergunta ele para minha surpresa.
- Hã, bem... - era estranho conversar com Hugo sobre meu filho, ele era um estranho pra nós. Hugo me olha como se esperasse que eu continue. - Bom, ele já fez a primeira seção de quimio, semana que vem fará a segunda. O médico está esperançoso e eu também. - admito.
- Ele irá ficar bem! - diz ele seriamente. Concordo balançando a cabeça em sinal de positivo. - E o que você quer estabelecer entre nós? - pergunta ele tirando os óculos e os colocando sob a mesa.
- Não teremos intimidades! - vou direto ao ponto. Ele me olha atentamente.
- Só isso? - pergunta curioso.
- Não, também não quero que tenhamos nenhum tipo de aproximação, isso inclui, dormir juntos. - ele ergue novamente aquela bendita sobrancelha.
- Bom, até vovó chegar tudo bem, depois, nada feito! Não quero que ela perceba nada de anormal entre nós, por isso, aceito suas exigências até o dia em que vovó pisar nesta casa... Não se preocupe, não vou força-la a nada, mas depois que vovó chegar iremos dormir juntos e iremos agir ao menos na sua frente como um casal de verdade...
- Está bem! - digo vencida.
- Mas, se você me pedir com carinho, posso lhe proporcionar muitos prazeres! - diz ele num tom sedutor.
- Não seja idiota, não lhe pediria isso nem que fosse o último homem da face da terra! - digo seriamente. Ele sorri.
- Um desafio, gosto disso!
- Escute bem, eu fiz tudo conforme o acordo. Estou aqui e ficarei até o dia que sua avó partir, apenas isso. Não espere nada a mais que isso. Não sou uma de suas aventuras, e muito menos me deixarei levar por seu dinheiro e jeito esnobe! Nem tudo o dinheiro pode comprar senhor Lambertucci! - digo seriamente.

Hugo me olha seriamente e percebo que o atingi em cheio. Me levanto e o olho pela última vez, saio de sua sala e subo novamente para o andar de cima.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora