Capítulo trinta e oito: Hugo, me ajude!

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Sigo até o prédio onde ficava a empresa de Hugo com um carro de aplicativo. A cada momento que me aproximava do local, sentia um frio na barriga misturado com um embrulho. Eu estava eufórica demais.

Agora tudo fazia sentido. Hugo estava distante já dias antes de me dizer que queria o divórcio. Eu sabia que algo estava o encomendando, e no momento em que me falou que não queria mais nada comigo, vi em seu olhar dor e tristeza, eu não entendia o porque de tudo aquilo, mas agora tudo fazia sentido.

Primeiro eu iria me reconciliar com Hugo, depois, daria um jeito naquela víbora de uma vez por todas.

Chego na empresa e vou direto para a recepção, a tal Lívia estava lá, com a mesma cara de convencida de sempre.

- Olá. - digo a ela.

- Olá. - responde.

- Diga a Hugo que preciso falar com ele! - digo seriamente.

- Me desculpa mas, o dr. Hugo me deu ordens para não deixá-la entrar! - diz ela.

Claro, Hugo queria a todo o custo me afastar dele. Eu sabia que com aquela criatura não teria acordo. Então, rendida, segui para fora do prédio.

De pé na calçada, tentava encontrar uma maneira de entrar sem ser vista. Eu precisava falar com Hugo e teria que fazer aquilo logo... Até que, enquanto eu tentava encontrar um jeito de entrar, vejo a mesma Senhora que me ajudou antes sair do prédio com uma vassoura na mão. Aquela mulher era meu anjo da guarda.


- Senhora! - a chamo baixinho. Ela se vira e me olha.

- Ah, oi senhora. - diz ela vindo ao meu encontro.

- Me desculpe só lhe procurar quando preciso de ajuda, mas, estou realmente precisando encontrar Hugo sem que saibam! - digo. Ela sorri.

- Tudo bem... Vou criar outra distração pra a senhora entrar! - diz ela sorrindo.

- Obrigada! - agradeço aliviada. - Mas, a senhora sabe se ele está na sala dele?

- Ah, sim! Ele está em reunião, na sala de reuniões. O vi lá agora a pouco! - diz ela.

- Mais uma vez, obrigada! - digo. Ela sorri em resposta.


Vejo a mulher entrar novamente no prédio e se aproximar da recepção.

- Meu Deus Lívia! - grita ela. A recepcionista o olha surpresa. - Acabei de ver um rato entrar por debaixo da sua mesa! - a secretária ao ouvir o que a mulher disse, grita desesperada e saí correndo de detrás da mesa. Algumas pessoas que estavam em volta tentam ajudar a senhora a "tirar o rato" dali, aproveito essa distração e passo por eles, seguindo para o elevador. Aperto o botão do andar da sala de reuniões e torço para que tudo continue dando certo.



Enquanto o elevador subia, me sentia mais e mais tensa, meu estômago não parava de embrulhar e uma adrenalina me dominou. E foi quando o elevador parou no andar e abriu a porta eu sentia que realmente não estava bem. Mas eu precisava continuar, precisava encontrar Hugo e contar a ele a verdade.

Ando a passos lentos até a sala de reuniões que para mim naquele momento havia se tornado mais distante do que me lembrava e tento me manter firme. Eu realmente estava nervosa, tanto que já estava passando mau.

Finalmente chego a sala, e escuto algumas vozes vindo de dentro, respiro fundo e abro a porta, sem cerimônias.


Ao abrir a porta, vejo a sala cheia de pessoas sentadas discutindo algum assunto, todas as atenções se voltam para mim, sentado próximo a porta, estava Hugo, e ele foi o último a me olhar. Hugo parecia cansado, com a barba por fazer e olheiras nos olhos, vi na minha frente um Hugo diferente do que eu estava acostumada a ver. Hugo me olha confuso e surpreso e vejo um leve brilho em seu olhar.

- Lya? - pergunta ele ao se levantar e parar bem a minha frente.

- Hugo, eu... - eu simplesmente não conseguia falar, minha voz não saia.

- Lya, você está bem? - pergunta ele com ar de preocupação. Eu deveria estar com uma cara péssima.

Nesse momento, sinto um bolo sair de minha barriga e subir até minha garganta, e sem aviso prévio coloco tudo para fora, vomitando assim no sapato de marca de Hugo. Sabe quando você tem um daqueles mal estar que se deixar até às tripas você vomita? Pois bem, foi exatamente isso que me aconteceu ali, péssima hora pra passar mau. Depois de colocar tudo o que comi pra fora, levanto minha cabeça e olho para as pessoas que ali estavam, todos estavam me olhando, e então olho para Hugo e pude ver em seu olhar espanto. E quando pensei que ia parar por aí, sinto um calor frio me dominar, minhas pernas queriam falhar e sinto que vou derreter.

- Hugo, me ajude! - foi tudo o que consegui dizer.


Eu simplesmente apaguei ali mesmo sob o olhar de todos.

Uma Família Para O CeoOnde histórias criam vida. Descubra agora