BAIRRO DO LIMOEIRO
Ela caminhava pelas ruas de seu bairro como se houvesse ali uma passarela. "Denise não apenas existe, Denise acontece!". Este era seu pensamento número um do dia, como uma espécie de mantra pessoal. Observava sua imagem refletida em toda superfície espelhada pela qual passava. Absorta em pensamentos autoavaliativos, a garota nem percebeu o jovem a sua frente, parado bem na esquina. O baque foi inevitável.
- Ai! Mas quê... - olhou no rosto do garoto com o qual havia colidido, e agora segurava seus ombros.
- Me perdoe Denise, estava distraído. - falou o jovem de cabelos bagunçados.
- Ah, é você Cebolaboy! Eu, eu também tava aérea gato. Aham, sabe muito bem que ser Denise não é fácil! Haha, a louca! Mas diz aí, qual o babado? E essa cara de enterro?
O garoto olhava para o céu com um ar cansado. Seus pensamentos estavam bem longe daquela tagarelice.
- Quem, eu? - disse ele
- Não boy, minha vovózinha! Oh povinho lerdo.
- Ahm... Nada não, é que eu e a Mô...
- Ih! Melhor nem continuar, gato! Já sei onde esse chororô vai parar. Sério boy, já pensou em pular fora desse bote furado? Você e a Monicoelhuda só vivem de quebra-pau quase todo dia! Isso cansa minha beleza amore! Me ajuda ae!
- Ok Denise, me desculpe. Mas se você não quer ouvir, porquê perguntou? Se não pode ajudar não me avacalha oras! - disse ele, já se afastando para a direção oposta.
- Amore, Denise é exclusiva, dinâmica e necessária! Ei! Não vai pro colégio não, criatura?! - disse ao perceber o caminho o qual ele tomou.
- Esqueci uma coisa em casa. Tchau Denise. - falou sem olhar para trás.
- Tchau... Cê. - disse em voz baixa, ao ver que Cebola estava longe o suficiente para não ouvir.
Continuando seu caminho, Denise observava cada um dos outros alunos que naquele horário rumavam para o colégio. Sua capacidade de analisar qualquer minúncia nas ações e/ou reações de seus colegas era digna de Sherlock Holms.
- Elementar minha cara parceira de entidade educacional... - aquela voz irritante e irreconhecível passou ao seu lado, comentando algo com uma das professoras do colégio.
- Poxa! Nem chego no colégio ainda e já vejo essa figura doida, aff! - disse, quase para si mesma, porém falava com Carmem, sua "best friend for ever", que se aproximava vindo do outro lado da rua.
- Olá fofis! - disse a patricinha do bairro, seguindo ao lado dela para a entrada do colégio.
- Carminha Frufru, minha deusa da purpurina! - disse com os braços abertos. - Meu dia se ilumina com sua imagem bem-vestida mulher! A louca!
- Que bom que alguém acha este dia bom...
- Que é isso gatz. Que rostinho brocoxô é esse? Perdeu liquidação relâmpago no shopping foi?
- E eu lá tenho cara de quem compra em liquidação oh criatura abissal?! - ralhou a outra. -Meu problema é outro...
- Bom, seja o quê for, depois me conte amore, parece que tem gente vindo falar com você. - apontou então para o jovem que caminhava até as duas. Era um loiro de ombros largos e sorriso sarcástico, muito conhecido das duas.
- Olá gatas. Preciso falar com você, Carmem, e tem que ser agora. - falou o loiro, pegando a patricinha pela cintura e a puxando para um canto onde estava uma moto parada, no estacionamento do colégio.
- Hei seu troglodita! Não sou das tuas não! - Carmem o empurrava inutilmente com as mãos. -Me larga!
- Ok ok, se acalme Carminha, vou apenas lhe pedir um favor...
- Quando terminarem, estarei na sala esperando viu miga! - Gritou Denise, saindo para os corredores.
- Espera criatura, não me deixa aqui!! - Mas a outra já virava a esquina, sumindo de vista. -Aff! Afinal, o que é que você deseja, Toni?
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Histórias que o Bairro do Limoeiro Conta
FanfictionEste bairro tem muitas histórias para contar. E todas envolvem uma turma jovem e cheia de sonhos. Em um dia como todos os outros, uma discussão abala os ânimos de um casal já conhecido pelas brigas. Enquanto isso, outros dois jovens, amigos de infâ...