Nostalgia

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Cebola deixou Denise em casa e agora seguia para a sua, ao lado de Cascão, que também vinha da casa de Magali.

-Ei careca, você vai ligar pra ela né? Digo, a Mô não merece ficar no escuro sobre...

-Eu sei Cascão. Mas não hoje. Ela tem que digerir isto. E aceitar que vai ser assim. Eu já corri atrás dela. Agora temos que descansar um do outro.

-Bem... Você que sabe mano. Aliás, tenho que desaprovar a maneira como você e a Dê resolveram "expor" a novidade pra todo mundo. - Cascão se equilibrava no meio-fio da rua, com os braços abertos.

-Não vi nada demais, ora, você conhece a Denise. Se não for pra "lacrar", ela nem faz.

-Ih...

-O quê? Tem algo na minha cara? - disse, esfregando o nariz e bochecha.

-Você está começando a falar igual ela.

- ...

Os dois caíram na risada. Os dois pareciam os mesmos guris de anos atrás. Aquela amizade jamais seria rompida.

...

CASA DO DO CONTRA - DIA SEGUINTE

-Ah! Olá Mônica! Que bom que apareceu por aqui.

-Ahm... Oi Nimbus. Não sabia que você havia chegado. Sentimos saudades, toda a turma. - disse a jovem, parada como uma estátua á frente da residência. Aquela era a maior casa do bairro do Limoeiro.

Nimbus havia ganho um concurso internacional de mágicos. O prêmio era uma temporada de hospedagem na mansão do maior mágico da atualidade, Augustus Hécate II.

-Pois é! Eu também senti saudades de vocês. Mas entre! O Maurício vai ficar feliz em te ver. Ele anda meio pra baixo nos últimos dias. - disse, dando passagem para a garota.

-Então era verdade... - sussurrou Mônica, espantada em imaginar que Toni realmente estava ajudando um amigo. E ao mesmo tempo se culpando por ter desconfiado tanto dele.

-O quê era verdade?

-Ahm, nada! Só estava pensando o quanto essa casa é linda por dentro! Fazia muitos anos que eu não entrava aqui. - mentiu.

-Verdade né? A gente sempre costuma se ver fora daqui. Bem... Se não se incomoda, eu vou sair agora, estava de saída quando você chegou. Pode subir. Maurício está no quarto dele. - Nimbus deu um leve aceno com a cabeça e se retirou.

Mônica respirou fundo e subiu as escadas.  As mesmas que tantas vezes subiu correndo para encontrar o namorado do ensino fundamental. Nostalgia e um leve tremor lhe passaram pelo corpo todo. Parou em frente á porta e bateu duas vezes antes de ouvir:

-Está aberta!

...

CASA DA MAGALI

Magali ouvia música em auto volume enquanto organizava seus livros na estante. Cascão viria visita-la naquele dia e falar finalmente com seus pais. Aquilo seria um pouco constrangedor, tendo em vista que eles já conheciam o rapaz a tantos anos. Mas era também necessário.

-Magali! Filha! - chamou sua mãe, abrindo a porta do quarto.

-Ah?! Ah, oi mamãe! - a jovem diminuiu o volume do mini sistem para escutar melhor.

-Seja mais humilde e abaixe o som deste rádio, sim filha? Seu pai está fazendo contas lá em baixo.

-Oh! Perdoe-me mamãe, eu não...

-Tudo bem meu amor, eu também já tive sua idade e também ficava empolgada com a visita de um namorado. - disse dona Lili, sentando na cama da filha. - Só não exagere. E também peço que tenha cuidado ao dar a notícia ao seu pai.

-A senhora acha que ele vai enxotar o Cas daqui de casa pra fora? - o simples pensamento a fez tremer. Jamais se perdoaria por fazer algo contra a vontade de seus pais, mas estava feliz como nunca esteve.

-Não creio que ele faça isso, mas as coisas andam estressantes no trabalho. E você conhece bem o seu pai. Só não espere que ele faça uma festa e coloque o genro no colo.

-Hum... Entendi mamãe. Obrigada por ficar do meu lado. Nossa! - Magali deu um pulo ao ver o relógio de mesa. -Olha a hora! Tenho que tomar banho e me arrumar! Mamãe, me faz um favorzinho? - disse, fazendo cara de "gato de botas".

-Diz meu amor.

-Vai amaciando o velho pra mim? A senhora sabe bem como fazer isso...

-Hahaha... Só você mesmo filha. Deixa comigo. - falou enquanto piscava pra filha, saindo do quarto.

Histórias que o Bairro do Limoeiro ContaOnde histórias criam vida. Descubra agora