Cebola estava em modo de "stand by", como costumava chamar seus momentos de meditação, que no passado usava para bolar seus tão famosos "planos infalíveis", que por sinal, sempre falhavam. Mas não agora. Seus planos estavam direcionados para objetivos mais importantes e urgentes neste momento. Precisava -mais uma vez- se desculpar com aquela baixinha dentuça de cabeça tão dura e coração de manteiga. Sabia que poderia apenas bolar um texto cheio de adjetivos que enaltecessem as virtudes da garota, mas ele já dera tantas mancadas... Não. Desta vez ela precisava saber o quanto seus sentimentos eram reais! Estava disposto a ir onde precisasse. Claro, desde que não fosse necessário usar sua arma secreta.
- Pensa rápido careca! - Cascão gritou do centro do pátio, arrancando o ex-troca-letras de seus devaneios.
- Aaargh! Que é isso?!! - só teve tempo de pular de costas e cair sentado antes de ser atingido por um enorme cesto de lixo que voou e caiu bem no lugar onde estava sentado a pouco. - Quem foi o maluco que jogou isso em mim? - teve dificuldade para esconder o susto.
- Oh Cebolinhaaa! Quase que você virou o novo Cascão do pedaço heim hahahaha!!! - falou uma voz por trás do balcão da sala dos professores, cuja porta estava aberta.
- Antônio. Claro que tinha que ser o Tonhão! - disse, encarando o outro que já vinha em sua direção.
- Pra você é apenas Toni, ouviu, panaca?
- Fala sério Antônio. - dessa vez pôs ênfase no nome do rival, de propósito - Eu não tenho tempo e nem saco pra lhe dar com você agora, então volte pro seu lugar nos fundos da quadra, junto com os outros da sua classe.
- Você tem muita coragem de falar assim depois de ter apanhado para o Xaveco na frente de todo mundo. - incitou o loiro, relembrando o episódio cujo qual quase todo o colégio nem lembrava mais.
- Sua baixeza não tem limites não é Antônio. Mas apesar de adorar humilha-lo intelectualmente, estou verdadeiramente cansado de blá blá blá hoje. Então, ou vamos logo para as vias de fato, ou você pode ir para a p...
- Pare com isso Cebola! Toni, vaza daqui agora! - gritou alguém por trás do ex-cinco fios. - Não vou falar duas vezes.
- Hunf! Meu respeito por um cara que se esconde atrás de saia de mulher é totalmente nulo. - disse o loiro, já se afastando, dando de ombros tentando esconder o medo.
- Eu não preciso que me defenda. Você não entende o significado da palavra honra? - disse sem olhar para trás.
- Cê, vamos parar com isso. Você não têm que provar nada pra ninguém e...
- Cala a droga dessa boca Mônica! - disse tão alto que até o faxineiro, que era meio surdo, parou o esfregão e olhou de forma espantada. Mônica não esperava aquela atitude e só pôde ficar parada, travou no lugar - Porcaria de mania essa sua de achar que eu só penso na opinião dos outros! Você não entende, não é? Eu preciso ser o melhor para MIM MESMO! E não dá pra aceitar ser humilhado pela simples existência de alguém que deveria me apoiar e me dar valor...
- Então... Cê... Você queria que eu não... Existisse? É isso que você tá dizendo? - a garota fixou nos seus olhos, não se importando com as lágrimas que já afloravam.
- N-não foi isso que eu disse. Só que... - pela primeira vez ele havia se perdido em seus próprios argumentos. Era isto que agir por impulso criava, uma situação sem saída.
- Eu, eu não quero que fale mais comigo. Por tempo indeterminado. - seus olhos ardiam, mas nada era pior que a vontade de voar nos braços do garoto e pedir que esquecesse tudo. Apenas sabia que aquilo fora longe demais.
- Cara. Que foi que eu fiz... - disse, enquanto ela se afastava, ao lado de Magali, que o olhava incrédula.
- Dessa vez você tá enrolado careca. Mas o tempo cura tudo, dê tempo e espaço pra ela.
- Desde quando você entende dessas coisas Cascão? - olhou para o amigo tentando não ver a cena de Mônica, a garota mais forte que conhecia, saindo amparada por amigas, frágil, chorando, por SUA causa.
- Aí é que está. Eu não entendo. Foi minha mãe que me disse isso da última vez que briguei com a Cascuda.
- Bom... Acho que desta vez não adianta comprar frozinhas apenas...
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Histórias que o Bairro do Limoeiro Conta
FanfictionEste bairro tem muitas histórias para contar. E todas envolvem uma turma jovem e cheia de sonhos. Em um dia como todos os outros, uma discussão abala os ânimos de um casal já conhecido pelas brigas. Enquanto isso, outros dois jovens, amigos de infâ...