Fantasmas viventes?

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CASA DO CASCÃO - 41 horas para a festa

-E então meu velho... Foi isso. E agora ela quer que eu termine com a Magali. Do contrário eu vou ver minha cara nas manchetes policiais. E pior, de trás das grades! - Cascão falava olhando seu reflexo no espelho do guarda roupa. Á quase uma hora estavam ele e Cebola ali trancados, no quarto do ex sujinho -que por sinal permanecia um caos- conversando sobre aquela situação.

-Humm... Tem uma única coisa errada nessa história toda. - disse por fim Cebola, sentado numa cadeira giratória, com sua velha expressão concentrada.

-E oquê seria?

-Elementar meu caro! Essa história toda é uma gradissíssima mentira. Simples. É um embuste.

-Co-como assim? - Cascão se ergueu da postura que estava, tomando um ar preocupado. Cebola fingiu não perceber e continuou:

-Pra começar, eu vi muito bem como a Penha saiu do país a um ano. Ela estava com um ar bastante resolvido, sentimentalmente dizendo. E mais... Ela e a Magali tiveram sim seus atritos, porém, isto foi resolvido de forma total e irrevesível. Como eu sei? Simples. Á uma semana a Denise me mostrou uma foto que a própria Penha postou da França, na qual estava ela e um rapaz muito bem apessoado. E adivinha quem a Penha marcou na foto? A Mô, a própria Denise, é claro... E a Magali!

-Ahm... Isso não quer dizer nada oras, afinal eu...

-Confessa Cascão. Você e a Penha estão nisso juntos, de alguma forma! - exclamou o ex cinco fios, levantando-se do seu lugar e encarando profundamente seu melhor amigo. Ele conhecia tão bem aquele cara que não dava pra saber se estava mesmo falando dele, ou de sí próprio.

-Tá! Eu não posso com você careca! - desabafou. -Vou contar tudo desde o início, então senta aí!- disse, apontando a cadeira novamente para o outro.

-Sou todo ouvidos. - respondeu Cebola.

...

CASA DA MAGALI - Mesma hora

Magali estava procurando um vestido para comprar pela internet. De repente uma mensagem aparentemente anônima chegou em seu celular. Ao abri-la, uma imagem a fez pular da cadeira. Aquilo só podia ser brincadeira. O susto a fez soltar o aparelho no chão. Magali sabia muito bem que os mortos não mandam WhatsApp. Aquilo só podia ser trollagem. Uma que apenas pessoas de coração muito negro podiam fazer.
A imagem era de uma hora atrás. De pé  do lado de fora da sua janela, um transeunte havia fotografado Quim. E ao seu lado, Penha.

...

CASA DO CASCÃO

-Eu estava no colégio terminando uma prova final, das muitas que fiquei... Enfim, naquele dia eu senti um peso estranho. Um sentimento de medo que veio do nada, sabe? - Cebola fez que sim com a cabeça e Cascão continuou. -Então... Eu saí do colégio e antes de virar na esquina, dei de cara com a Penha. Assim do nada! E ela simplesmente apareceu ali cara! Não lembro de tê-la visto vindo na minha direção, sabe, parece que...

-Que ela se materializou. - Categorizou Cebola, continuando seu olhar firme no amigo.

-Exato. Isso. Daí ela veio com aquela cantada clássica dela pro meu lado e eu simplesmente corri. Depois disso eu esqueci dela. Poxa, tipo... A Penha? Querendo algo COMIGO? - disse com um tom hirônico. -Bem... Passou uns dias e ela me apareceu novamente do nada! E pior! Na frente do campinho! Mas dessa vez, ela me parou simplesmente na calçada e colocou um papel na minha mão. Eu olhei o papel e desdobrei. Quando olho para a frente a mulher sumiu! - concluiu com os braços erguidos, teatralmente.

-E o quê havia no bendito papel? - questionou Cebola, se inclinando sobre a cadeira.

-Um tipo de desenho e a palavra "SOCORRO" Escrita de vermelho. Mano... Aquilo foi a coisa mais bizarra que me ocorreu desde você sabe quando!

-Humm... Que loucura. E onde está este papel? Quê simbolo havia no desenho? E principalmente... Porquê maldição a Penha te beijou hoje, logo antes de mim aparecer ali? - o cérebro do jovem funcionava á mil. Este quebra cabeça estava muito sem sentido.

-Bom... Quanto ao papel, deve estar por qualquer lugar aqui no meu quarto... O simbolo parecia com aquele que surgiu no seu braço na Umbra... E quanto ao beijo... Eu simplesmente não sei.

-Como assim não sabe? Você ficou todo sem jeito quando eu cheguei cara! Parecia que você queria entrar no chão.

-Acontece que ela me beijou me chamando de... Samir. Eu... Não estava com vergonha, eu tava era apavorado.

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