Cebola estava apreensivo. Não sabia se aquela era mesmo a melhor coisa a se fazer, mas ficar parado observando seu relacionamento já conturbado com Mônica ir de mal a pior, não parecia nem de perto o correto.
Sabia ele que mais cedo ou mais tarde, a dentucinha se cansaria de suas mancadas. E não teria mais volta.- Você não parece muito bem. - disse alguém que chegou por trás de sua mesa.
- Talvez eu não esteja. Dormi mal por duas noites seguidas. - respondeu de forma quase robótica.
- Parece que você só me chama para conversar quando está na fossa, né não? Estou ficando um pouco cansada disso "Cebolaboy". - disse a garota das marias-chiquinhas, sentando a sua frente.
- Me perdoe Denise. Eu... - é interrompido
- Não seja dramático fofo. Eu não viria até aqui se não me importasse. Você é um amigo leal e... Aham... Eu também gosto da dentuça. - terminou a frase quase sussurrando. - Enfim, pode desabafar.
- Bem... Você viu como eu me descontrolei ontem com a Mô. Eu falei de um jeito horrivel com ela. Não queria ter agido daquela forma. Mas o jeito que ela sempre me trata... Ela não percebe que um garoto ser defendido fisicamente pela namorada é humilhante?
- Correção... Vocês NÃO são namorados gato.
- ... Ora, isso é detalhe! O fato é que isso não se faz. E eu reagi da forma mais automática possível, no instinto.
- Sei. E para alguém como você que adora ser racional... - disse apoiando os cotovelos na mesa e a mão no rosto.
-Exatamente. Agir daquela forma é sempre uma facada no meu próprio ego. Você me compreende Denise. E sou grato por isso. - sorriu para a amiga. Seu primeiro sorriso em dias.
- Ahm, ok. Eu gosto de ver este seu lindo sorrso, Cê. - tapou a boca assim que percebeu sua gafe. - Digo, digo... Pra isso servem os amigos né? - Colocou o menu da lanchonete na frente do rosto para esconder seu rosto vermelho.
- Ora, Denise. É realmente muito bom ter alguém com quem contar nestas holas... Digo, HORAS.
- ...
Os dois começam a rir sem parar. Aquilo pareceu ter feito voltarem a ter sete anos. Denise ainda chorando de rir, pediu uma salada e um refri ao garçom que passava por ali. Cebola pediu um sanduiche de peixe e suco. Estava se divertindo. Pensava tanto nos seus problemas que não lembrava nem de se cuidar. Agora estava vivendo um agradavel momento e nada lhe faria sair do prumo.
- Vou te dizer uma coisa Dê., precisamos sair mais vezes. -disse, segurando a mão da amiga, que não esperava por isso. - Você anda sempre com a galera, e pouco conversamos. Estou disposto a mudar isso. Até como forma de me desculpar por só te alugar com meus problemas.
- Eu... Ahm... Agradeço seu zelo fofo, mas...
- Ah. Eu entendi... Tá preocupada com a Mônica não é? Na verdade... Eu acredito que ela vai me dar um gelo por um bom tempo agora. E neste meio tempo, eu preciso me distrair. Ou mofar dentro de casa...
- Não! Ahm... Quero dizer, a louca! Claro que podemos sair mais! Agora poderia... - olhou para suas mãos, ainda unidas.
- Ah, claro, desculpe.
- Que isso... Cê.
...
Em outra mesa mais ao fundo da lanchonete, um rapaz observava discretamente o casal animado que conversava. Seus cabelos louros se destacavam escorridos pelos ombros.
- Alô, Mônica? É o Toni. Queria marcar um lanche para... Me desculpar pela minha atitude infantil. Juro que não vou tentar nada. Pode até trazer a sua amiga comilona.
Ah? Você topa? Puxa, que bom. Até amanhã então. - guardou o celular e foi se levantando.- Espere, você tem certeza de que isso vai dar certo? Não quero a Mônica machucada, apenas decepcionada. - falou alguém que estava na outra cadeira.
- Não se preocupe meu caro. Temos um trato. Só quero me vingar do "tloca-letlas". Apenas esteja perto quando ela precisar, e ela VAI precisar huhuhum... - disse, saindo da lanchonete.
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Histórias que o Bairro do Limoeiro Conta
Hayran KurguEste bairro tem muitas histórias para contar. E todas envolvem uma turma jovem e cheia de sonhos. Em um dia como todos os outros, uma discussão abala os ânimos de um casal já conhecido pelas brigas. Enquanto isso, outros dois jovens, amigos de infâ...