Sequestrada

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1 MÊS ATRÁS

Ela caminhava a passos largos. Precisava chegar a tempo de contar toda a verdade ao Cebola. A garota havia acabado de escapar, e lhe era quase certo que muitíssimo em breve, os homens de terno cinza a encontrariam, se não fosse rápida o bastante.
"Vamos lá Carmem Frufru! Corre pra tentar fazer algo de bom pelo menos uma vez!" Pensou. Já fazia alguns minutos que andava perdida por entre aquela mata. Era um lugar bem isolado, apesar de ela ter percebido (pelo tempo demorado para a deixarem ali naquela ambulância falsa), que não era muito longe do aeroporto particular onde a desembarcaram.
A garota foi feita refém, ou prisioneira, seja lá o que quizessem com ela, enquanto caminhava por uma viela atrás do shopping, após um rapazote ter pego sua bolsa e corrido até ali. Em seguida veio o clássico... Um carro fechando sua passagem, homens de ternos velhos e acinzentados, clorofórmio e o mais profundo breu.
Ouviu ainda a voz do aparente "lider" daqueles homens, dando ordens para que não a ferissem, pelo menos até uma segunda ordem. Ela acordou algum tempo depois, em um quarto bem ventilado, apesar de muito sujo e sem praticamente móvel algum. Estava algemada na cama. Sua roupa estava intacta e concluiu que seu corpo não fora violado de forma alguma também. Menos mal.
Neste momento, estava sem saber, à uns duzentos metros da cabana. Mas pôde começar a ouvir cães e passos apressados ao seu encalço. Tinha pressa para encontrar uma estrada por onde teria a chance de escapar daquele pesadelo. Porém suas esperanças foram por água á baixo quando ao sair para fora do arbusto onde estava escondida, sentiu um puxão forte ás suas costas, e foi jogada ao chão por mãos grossas de um negro enorme com um olho cego.

-Ora mais vejam só rapazes! - esbravejou, chamando a atenção de outros quatro homens que estavam mais atrás. -Parece que este passarinho fugiu da gaiola para a arapuca! Ha! Ha! Ha!

-Por favor, pelo amor de Deus me deixem ir! E-eu pago o dobro a vocês do quanto quer que ele esteja pagando! - Carmem chorava em meio á truculência do indivíduo, que já a havia amarrado as mãos e os pés, a colocando sobre os ombros em seguida.

-Olha guria! Eu e os rapazes não lhe faremos nenhum mal físico entendeu? Não é dinheiro apenas que está na jogada. Meu chefe deve um favor ao Toni está só pagando este favor! Agora eu já falei demais. Você ficará feliz em ter apenas a minha companhia e dos meus amigos aqui até o ano novo! Ha! Ha! Ha! - dizia o brutamontes, enquanto a carregava com facilidade de volta para o cativeiro.

-Ah? Mas... Mas porquê até o ano novo? O quê que o Toni quer...

-Sem mais papo! Você foi uma menina má e vai ficar sem janta por isso! E você só precisa saber que aqui será seu lar até segunda ordem! Agora cala a porcaria dessa boca antes que eu lhe ponha uma das minhas meias garganta á baixo!

"Meu Deus. O quê eu vou fazer? E o quê o maluco do Toni pretende fazer que precisa me manter longe?" Pensava, enquanto mais uma ves adentravam aquele chalé pavoroso, cheio de animais grotescos empalhados e cheiro de urina e mofo para todos os lados. Aquilo era a anti-sala do inferno para alguém como Carmem.
E teria de passar um mês ou mais presa ali com aquela gente.

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