Cascão desferia vários golpes e chutes no ar, mimetizando uma luta contra um inimigo invisível, enquanto a garota sentada a sua frente o observava, sem falar nada, mas confirmando com acenos de cabeça que o escutava.
- Daí o Cosmo Guerreiro passou a mão na arma e... Maga? Tá ouvindo? Essa parte é a mais legal da temporada.
- Bom... Sabe o que é Cas... Eu tô preocupada com a Mô e e Cê. Eles não chegaram ainda. Já já toca o sinal.
- Heim... Verdade, mas você conhece aqueles dois, devem estar discutindo pelo caminho ou coisa assim.
- Não sei não. A Mô nem ligou pra mim depois do cinema de ontem. Você falou com o Cebola? - disse ela, olhando para o portão de entrada do colégio com ar esperançoso.
- Nem. O bestão desligou o celular. Acho que a treta foi bem feia desta vez.
- Espero que fique tudo bem. Detesto vê-los assim brigados. Ahm, Cascão...
- Fala. - o ex-sujinho olhava para os tênis, imaginado botas espaciais. Sempre o mesmo sonhador.
-Er... Nós somos amigos a tanto tempo, e nunca brigamos, digo, nunca ficamos sem nos falar por muito tempo, não é? - a garota olhava nos olhos do amigo, que por sua vez, travou a visão nos seus, de forma meio automática, sorrindo levemente. - Somos muito diferentes daqueles dois. Acho que isso é uma coisa boa. Nosso quarteto só é o que é porque sempre estamos de boa. Assim podemos ajudar tanto o Cebola, quanto a Mô.
- Acho que você tem razão Maga. Neste caso, espero que jamais briguemos por nada neste mundo. - disse, se aproximando da ex-comelona da turma e pegando sua mão. - E pra dizer a verdade, nem vejo meio disso rolar. Afinal você é a pessoa mais meiga que conheço. Não dá para brigar ou ficar com raiva de você, Maga.
- Aham... Obrigada Cas. Mas poderia soltar a minha mão? Não é por nadinha, só que o pessoal pode achar estranho.
Cascão nem se dera conta que havia pego a mão da garota. Ao notar isto, se afastou com tanta brutalidade para trás que esbarrou em alguém que carregava uma garrafa de café para a sala dos professores, este, por sua vez, derrubou a bolsa cheia de livros que também trazia consigo.
- Oh! Professor Rubens! Me perdoe! Não quis... - Cascão não sabia o que fizesse naquela situação toda.
PEEEM!
- UH! Salvo pelo gongo heim Cássio? Hehe, pode deixar, vai pra sua aula, eu junto tudo aqui. - disse o professor, recebendo a ajuda de Magali para empilhar alguns volumes sobre Anatomia. - Você também Magali. Muito obrigado.
A garota balbuciou alguma coisa e sorrindo, pôs-se ao lado do amigo ex-sujo indo para a sala de aula.
Neste exato momento escutou por trás de si a voz que mais esperava ouvir naquela manhã. Mesmo que fosse em volume alto, como foi o caso.- Argh! Que garoto irritante! - veio ao encontro de Magali batendo os pés no chão e arrastando a mochila pelo piso do corredor.
- Mônica! Menina, onde se enfiou desde ontem, que eu já te liguei um montão e nada?! Não me diga que... - não teve como concluir sua frase. A professora de Português chegou colocando todos os retardatários para dentro e já mandou todos sentarem e abrirem seus livros no capítulo sobre consonância verbal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Histórias que o Bairro do Limoeiro Conta
FanficEste bairro tem muitas histórias para contar. E todas envolvem uma turma jovem e cheia de sonhos. Em um dia como todos os outros, uma discussão abala os ânimos de um casal já conhecido pelas brigas. Enquanto isso, outros dois jovens, amigos de infâ...