O Assalto

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PADARIA JOAQUIM

Quim dava uma olhada nos últimos detalhes antes de fechar o caixa daquela tarde. Seu pai estava no litoral, aproveitando alguns dias de férias (o que para ele significava vender bacalhau e pãesinhos de peixe na orla da praia), e ele podia se dar o luxo de fechar mais cedo, para aproveitar o resto do dia com sua garota.
No momento em que estava baixando as portas para sair, uma pessoa de roupas pretas se aproxima, em uma moto também preta. Estava de capacete.

-Desculpe amigo, estou fechand... - A pessoa, ao que o pareceu, um homem, aponta o cano prateado de uma arma em sua direção.

-Abre lentamente e entra de costas. Estou de olho em você. Sem gracinhas. - ordena a voz abafada, enquanto o homem desce da moto e vai em direção do garoto.

-Cer-certo amigo. Eu tô de boa, faço o que mandar. - seu costume com situações desse tipo era zero. O medo de levar um tiro o paralisava.

-Sem conversa gordo. Vai passando o que tiver de valor aí. Eu não quero te fazer mal nenhum, mas vai depender de você. - o homem fechou o portão de ferro e entrou, ligando as luzes do local. "Isso foi estranho... Como ele sabia onde haviam interruptores?" pensou Quim.
Com um esbarrão do garoto, vários doces e balas cairam do balcão onde estava a caixa-registradora. O nervosismo de Quim almentava a cada instante, colocando-o em uma situação potencialmente perigosa.

-Tome cuidado gordo! Não queira chamar atenção indesejada heim!

-Ok, desculpe.

-Não fale comigo! Só vá rápido.

Quando Quim estava para terminar de esvaziar a caixa registradora, ambos ouvem batidas no portão. Alguém poderia ter ouvido a movimentação e desconfiado de algo. Rapidamente o homem correu para trás do balcão da padaria, agarrando Quim pela garganta e tapando-lhe a boca.

-Quinzinho? Você está aí amor? - era Francini. A última pessoa que Quim gostaria de ver ali naquele momento.

-Sssshiii... Nem um pio ouviu, gordo? - falou o homem misterioso, com a voz abafada pelo capacete. Porém neste momento, Quim percebeu que aquela voz lhe parecia conhecida. O medo talvez o estivesse enganando. Tinha que ser isto.

A garota lá fora pareceu ter desistido. Mas logo se ouviu o toque de um celular dentro da mochila do homem, que Quim ainda segurava. Era o seu próprio telefone que tocava.  Neste momento, a garota, ouvindo o barulho do toque, e percebendo o portão destrancado, levantou a pesada fechadura, abrindo-o em seguida.
O grito que a garota quase deu, foi abafado automaticamente, assim que percebeu a situação do namorado. Um homem de capacete e roupas pretas, detinha Quim sob a ameaça de uma pistola prateada, e agora vinha em sua direção, apontando a mesma.

-Afaste-se da porta e dessa novanente o portão. Devagar... Isso, agora vai pro canto! - O homem soltou Quim para que este se virasse para a frente e em seguida apanhou a mochila. Retirou de dentro dela o celular. O abriu, retirou o chip e jogou em qualquer lugar por ali. Em seguida apontou a arma para os dois jovens. Neste momento, Quim teve um relance de visão dos cabelos do assaltante, pois uma mecha loira saiu pela gola da jaqueta. Cabelos loiros e lisos... Se o homem percebeu a olhada do garoto para seu perscoço, não deu demonstração.

-E agora heim? Oque eu faço com vocês dois? Não contava com a intromissão de ninguém. Acho que terei que atirar em um dos dois pra dar trabalho aos gambés.

-Não! Por favor! Você já tem o dinheiro e os celulares! Nós não sabemos nada ao seu respeito! Pode ir em...

-Cala tua boca gordo! Eu não tô brincando aqui não! E vocês sabem mais de mim do que imaginam. Agora vou sair por aquela portinha dos fundos. Espero pro seu bem que ela esteja destrancada. - disse o homem, se afastando dos dois e olhando por cima do ombro, para trás. Neste momento a garota deu um grito, com um pequeno camundongo que passou próximo a ela. O homem teve um susto e disparou. Jamais imaginaria que a arma estava destravada. O sangue brotou da camisa, antes branca, bem no meio do torax de Joaquim.

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