Nuvens e Rancor

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Núvens já se juntavam no horizonte. Toni podia ver uma futura tempestade se formando. Sua moto estava parada à beira da estrada, em um velho distrito industrial longe da civilização. Lugar perfeito para o tipo de negócio que o atraiu até ali.

-Hunpf! Este cara deve estar de caô pro meu lado. - disse para si mesmo. Já havia esperado uns vinte minutos ou mais pelo contato.

-Ora, ora! E não é que você é bem pontual, senhor Antônio? - bradou um homem que saiu de dentro do velho galpão, atrás de onde Toni se encontrava. -Diga-me... Você é pontual assim com suas provas do colégio?

-Hum! Que senso de humor idiota o seu. Vim aqui resolver de vez nossa pendência, e não ficar de papo.

-Além de pontual, é direto. Gosto disso. Mas veja bem... Vamos falar de negócios sim, mas não aqui ao ar livre. Venha... Meu carro está lá atrás. - disse, colocando a mão sobre o ombro do loiro.

-Eu prefiro falar-mos aqui mesmo. Ninguém passa por aqui. E quanto mais rápido resolvermos isto, mais rápido concluo meus planos.

-Ok. Certo, você ganhou! - o homem de estatura baixa, cabelos encebados de gel e paletó de feira, parecia ainda por cima um péssimo ator de filmes de espionagem antigos.

-Certo. Olha... Eu consegui o dinheiro e mais um bônus pra você e seus homens darem um susto também na atual namorada do Cebolitos.

-Ora... Eu pensava que a loira frescurenta trabalhava com você e Murilo também...

-É Maurício. E não é da Carmem que estou falando. Meu plano inicial sofreu um pequeno problema que acabou se tornando apenas um outro meio de concretiza-lo. Enfim, a atual namorada do três fios é esta garota... - disse, e entregou para o outro uma foto aparentemente recente de Denise. -Com ela basta um susto, de preferência algo que a deixe queimada por um tempo com o resto da "turminha" deles.

-Pode deixar... - respondeu o outro, guardando a foto e abrindo o envelope de dinheiro. Ao conferi-lo, deu um largo sorriso. -Meu caro, é sempre um prazer fazer negócio com gente de visão como você. - concluiu dando tapinhas amistosos nas costas de Toni, de propósito, pois sabia que o outro odiava isto.

-Pois bem! Você já sabe o quê fazer. Haverá uma festa no colégio agora no fim do ano, e é lá que o Cebolitos tem que sumir. Não o matem. Só o larguem no lugar mais inóspito possível. Podem judiar dele um pouco. Ah! E faça parecer que ele fugiu, ou algo do tipo.

-Sim, claro. Mas e quanto á parte dois? Ainda quer que...

-Deixe essa parte para depois. O Maurício ainda vai me servir muito. E para terminar... Um aviso: cuidado com a Mônica.

O outro sujeito apenas concordou com a cabeça, já se afastando em direção de onde veio. Antes de sumir na escuridão daquele lugar, voltou um passo:

-Diga pra mim... Afinal qual é o seu motivo de tamanho rancor por aquele cara?

-Ele existe. Só isso.

Toni estava novamente sozinho naquele terreno sombrio. E algumas gotas de água já caiam em seu rosto.

-Sim... Ele apenas existe. - falou para sí mesmo, enquanto enxugava uma lágrima e ligava sua moto.

Histórias que o Bairro do Limoeiro ContaOnde histórias criam vida. Descubra agora