Almoxarifado

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Mônica conseguiu arrastar o Do Contra para um passeio no Shopping Limoeiro, mesmo não tendo a real noção do que isto significaria. Afinal passou-se apenas três dias que ali mesmo acontecera a cena que mais machucou seu coração. Mas por hora pelo menos, deveria esquecer seus problemas. Havia um amigo muito querido ali precisando de sua ajuda.

-E então DC, diz pra mim... Qual o lugar do shopping que você mais gosta?

-Sinceramente? - perguntou, olhando com descrença para o entusiasmo da garota.

-Claro! Qualquer que seja o lugar, eu vou com você! - disse sorrindo.

...

MINUTOS DEPOIS

-ALMOXARIFADO?! Este é o seu lugar "preferido" do shopping?

Mônica definitivamente havia subestimado a capacidade de Do Contra para contrariar as pessoas e até mesmo a lógica do bom senso. Aquele almoxarifado era um lugar grande, porém era escuro, frio e sem graça. Além de estar apinhado de coisas encaixadas ou não, e o pequeno espaço que estava vazio só comportava duas pessoas e um sofá velho, no qual inclusive os jovens estavam sentados neste momento.

-Ora Mônica... Você que perguntou qual o lugar que EU mais gostava no shopping. Aqui eu posso ficar tranquilamente lendo meus gibis, sem que ninguém possa vir zoar da minha cara ou fazer piadinhas.

-Mas DC... Você nunca se importou com essas bobagens. O quê está acontecendo? - Mônica estava realmente se preocupando com a atitude do colega. -Você é sempre tão seguro de si...

-Este é o problema Mô. Não percebe? Eu tenho que viver impondo uma certa frieza no trato com todo mundo. Porque simplesmente não aceitam que eu queira nadar contra a maré. Todo mundo tem um pouco de loucura Mô. Mas só implicam com a minha! Tem pessoas por aí que matam outras pela COR. Tem gente capaz de TUDO por fama, até mesmo abrir mão das próprias convicções. Mas eu não quero nada disso. Tudo que eu quero é poder nadar contra a corrente desta Matrix. E ninguém precisa vir junto! Só quero que entendam e me deixem em paz. - concluiu, secando algumas lágrimas na camiseta.

-Ah... Nossa DC. Eu, jamais imaginava que sua filosofia de vida fosse profunda assim. - Mônica não havia verdadeiramente entendido o ponto de vista do rapaz. Mas resolveu lhe dar apoio incondicional, tendo em vista o quanto era importante pra ele. -Mas olha...

-Não sinta pena de mim ok. Apenas me sinto farto de ser contrariado por contrariar o mundo. - seus olhos fitavam o chão.

-Seu bobo... - disse a dentucinha, segurando o queixo do rapaz, o fazendo olhar para ela. - Eu estou aqui não estou? Pode contar comigo. Sempre. - Mônica decidiu não ligar mais para o alarme insistente em seu cérebro. Olhando para os olhos do rapaz, pôde rever o quanto ele é bonito. Olhos pretos hipnotizantes e rosto perfeitamente proporcional, sem uma única mancha. Antes que sua mente gritasse o contrário, resolveu agir. Aproximou o seu rosto do dele e selou suas palavras com um beijo longo e sincero.

-Ahm... Esta foi sem dúvida a melhor surpresa que tive em anos. - disse Do Contra, após alguns minutos.

-Eu... Eu fiz isso pra você saber que não vai mais estar só. Não é pena ok? Eu gosto de você. E tem mais! Você é lindo demais, o lugar é romântico, apesar de meio tosco, e sua carência inocente não ajuda muito. Garotas tem limites, sab... - foi interrompida pelo próprio rapaz, que a segurou pela cintura, a trazendo para mais perto, num beijo mais forte que antes. Ficaram ali por vários minutos, que para ambos pareceram horas.

...

CASA DA DENISE -MESMA HORA

-Olha gato, você precisa resolver esta treta com a Mônica logo. Nosso namoro vai ser motivo de muito auê ainda. - dizia a ruiva, sem olhar para o namorado, que estava de costas para ela, sentado num puf confortabilíssimo e olhando o computador.

-Eu vou fazer isso. Só que ela ainda nem se quer respondeu uma das 76 mensagens que eu enviei. O que significa que ela provavelmente ainda não digeriu muito bem o acontecido.

-Aham... Mas espera! 76 mensagens!? Aff, precisa disso tudo? Olha que fico com ciúmes heim! - disse, se fingindo de ofendida. Ela estava deitada na cama com os pés nas costas do rapaz.

-Duas coisas... Você sabe á quanto tempo eu e a Mô temos esse lance da gente. E mais... Dá pra tirar seus lindos pezinhos gelados nas minhas costas?

-Humm... Eu que não ligo pra o passado. Dênise é sempre exclusiva amore! E... Ai! Não! Por favor! Aaaah!!! - ela estava distraída e não viu quando Cebola guardou o notebook e pulou em cima da cama, começando um ataque de cócegas.

Histórias que o Bairro do Limoeiro ContaOnde histórias criam vida. Descubra agora