Mônica respirou fundo e entrou naquele quarto. As janelas estavam fechadas e as cortinas, pretas, também. Apenas a luz fraca do dia lá fora e a do monitor do computador permitiam vislumbrar alguma coisa.
-Que bom te ver, Mô. - disse o rapaz que estava na cama, que por sua vez parecia mais um ninho de pardais, tamanha a bagunça em cima dela.
-Ahm... Milagre você conseguir ver algo neste escuro, DC. - a garota saiu tateando até encontrar uma cadeira. -Sabe, estou preocupada com você.
-Comigo? Não há necessidade Mô. Estou bem.
-Ah mas não está mesmo. Eu sei que mesmo contradizendo tudo ao seu redor, você adora a turma. Gosta de estar perto de pessoas. - passando em vistoria o quarto, já com a vista adaptada ao breu, Mônica notou pacotes de pipoca, nuguets e garrafas de refrigerante pelos cantos. Fingiu não ver nada.
-Eu estou contradizendo isto também. Sabe Mô... Tudo ao meu respeito está se tornando estereótipo. Não suporto nem pensar nisso. Todos esperam VER o Do Contra contradizendo as coisas. Isso já é ESPERADO.
-Mas... Você pode adoecer se isolando. Eu... Não gostaria disso. - disse, baixando o olhar ao ver que ele a encarava.
-Bom... Se você veio até aqui parece que eu estou exagerando um pouco. Não esperava ver algum amigo me procurar, mas você... Eu não mereço. - falou voltando a deitar e ler o livro cujo qual estava lendo quando Mônica entrou em seu quarto.
-Isso não é verdade DC. Você merece atenção. Na verdade... Merece mais do que "certas pessoas". - disse, olhando para a janela, como se visualizasse alguém além do tecido e do vidro. - Algumas pessoas não merecem nada.
-Está tudo bem Mô? Não me diga que é o Ceb...
-Não quero falar sobre ele, por favor. Vim aqui TE dar um apoio. E só saio daqui quando você topar dar uma volta comigo. - falou se levantando decidida.
-Olha. Eu estou realmente inclinado a só sair daqui pra escola semana que vêm.
-Pois você está muito enganado senhor Maurício! Pode ir arredando dessa cama e tomando um banho. Você VAI sair comigo! - falava já de pé, indo para a porta do quarto. -Vou ter que contrariar suas contradições hoje. Estou te esperando na sala. - deu uma piscada e fechou a porta atrás de si.
-Hum... Isso foi mais fácil do que pensei. - sussurrou Do Contra, sentado na cama. Já sentia um domínio da situação.
...
CASA DO CEBOLA
- O irmãozão está com cara de apaixonado! Tá apaixonado!
- Cala a boca Maria! - gritou, batendo o punho na mesa. Não estava realmente irritado, mas não gostava nada de demonstrar seus sentimentos, muito menos de ser desmascarado abertamente. Era verdade.
Denise havia feito reacender o sentimento em seu peito. Algo que já estava sumindo depois de tantas brigas e discussões com Mônica. Já nem lembrava da última vez que haviam se divertido juntos. Estava tudo embaçado. Havia apenas ressentimentos.-Ora Cebola... Você está mesmo com uma cara ótima. Parece que alguém já se recuperou da dor de cotovelo... - Maria saiu da mesa rindo.
-Essa guria está clalamente me avacalhando... Hunf!
-Filho! Tem visita pra você! - disse sua mãe, abrindo a porta para alguém na sala.
-Fala careca! Vai enrolar mais quanto tempo? Já são 16:30hs! O Titi já criou raíz esperando a gente pro treino! - Cascão já chegou pegando uma torrada e metendo na boca. Estava com o uniforme do time e com sua inseparável bola olímpica.
-Vish! É mesmo! Pensei que era cedo ainda! Péra aí que já volto! - correu engolindo o último gole de café enquanto subia as escadas para seu quarto. Trocou de roupa na velocidade do som e pegou a mochila, pois do treino iria direto para a casa de Denise. Tinha ficado de ajudá-la na personalização do seu novo blog.
-Nossa! Esse cara é um relâmpago quando quer! - disse Cascão, vendo o amigo descer em tão pouco tempo. -Bom... Até mais dona Cebola!
-Até Cascão. Ei! Não vai dar um abraço na sua mãe seu moleque? - reclamou dona Cebola, recebendo em seguida o abraço do filho, que saiu como um foguete acompanhado do ex-sujinho.-Essas crianças crescem muito rápido. - suspirou voltando a cuidar de sua louça.
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Histórias que o Bairro do Limoeiro Conta
FanfictionEste bairro tem muitas histórias para contar. E todas envolvem uma turma jovem e cheia de sonhos. Em um dia como todos os outros, uma discussão abala os ânimos de um casal já conhecido pelas brigas. Enquanto isso, outros dois jovens, amigos de infâ...