Sem chão

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As três amigas chegaram no Shopping Limoeiro em pleno pico de movimento. As lojas estavam lotadas de pessoas indo e vindo, comprando ou apenas passeando. Ao bater um pouco de fome, Mônica, Denise, Magali e Marina foram lanchar na padaria do Seu Joaquim. Magali não via seu namorado a alguns dias, pois Quim conseguira uma bolsa de estudos para cursar gastronomia em Goiás, e só estava de volta nos fins de semana. Era feriado e não havia sinal de que o rapaz estaria lá neste dia. Além da já conhecida falta de consideração por parte de seu sogro, para dizer o mínimo, Magali sabia que o ambiente estaria menos alegre sem seu Quinzinho.

- Então Maga, muito legal a oportunidade de curso que o Quim abraçou. Mas vocês estão tão longe né...- disse Marina, vendo a amiga observar o balcão onde tantas vezes namorava enquanto comia doces e sonhos. Agora quem estava lá era Aninha, trabalhando em outro dos seus "bicos".

- Pois é Ma. Eu não tenho do que reclamar. O Quim é um doce. Mas é realmente chato ficar distante dele. Não posso ser egoísta, por isso não reclamo com ele.

- Mona... Não é que eu queira ser vilã nem nada disso... Mas aquele rapaz ali do outro lado da praça de alimentação não se parece muito com... - Denise calou-se, chocada com o peso da cena que todas ali viram.

- Quim? Não, não, não, não... - Magali se levantou e foi até a porta, colidindo com algumas mesas e cadeiras pelo caminho. Sua vista já se turvava devido as lágrimas, mas seu cérebro lutava para não acreditar no que via.

- Joaquim!!! - gritou para todos ouvirem. O garoto estava abraçado a uma menina muito bonita, meio cheinha, de cabelo vermelho e roupas caras. Segundos antes os dois se beijavam como se não estivessem ali. Agora Quim tinha os olhos saltados, surpreso por ter sido pego no flagra por sua namorada. Mas ao mesmo tempo, pareceu tranquilo demais. Algo estava muito errado. Faltava chão sob os pés da garota ali parada na porta.
- Magali! - só foi o tempo de Mônica gritar. A garota magricela desabou no chão, desacordada.

...

- Seu miserável! - Mônica não esperou o rapaz sair dali. Voou para cima do mesmo, separando-o da parceira, e já preparando para soca-lo, quando de repente surgiram não se sabe de onde, Do Contra e Nimbus, que a pegaram e tiraram-na dali.

- Você não tem nada a ver com isso Mônica! Agradeça seus amigos por tira-la daqui! - Gritou Quim, arrumando seu casaco e passando o braço pelo pescoço da garota estranha. Pareceu nem ter visto sua namorada ali, na frente da padaria de seu pai, amparada por amigos e desmaiada.

- Rápido, tragam sal! Ela tem pressão baixa! - Gritou Aninha, já correndo em busca do saleiro.

- Esperem! Vamos deixar aquele crápula sair de fininho assim?

- Calma Denise! A Magali é prioridade aqui. - disse Marina, que mantinha a cabeça de Magali em seu colo. - Ele parece não ter ligado a mínima para ela. Que bizarro.

- Eu tenho outro nome para isto. - cuspiu Denise, apontando para dentro da padaria, de onde saia o Seu Quinzão, pai do Quim.

- Que que se passa aqui oh pah?! O que é toda essa zorra aqui diante da padaria? E esta pó de osso aí deitada espantando meus clientes?

- Seu Joaquim! A menina desmaiou depois de ver... - Marina pôs a mão na boca de Denise antes que esta continuasse.

- Ela tem pressão baixa seu Quinzão.

- Também puderas! Vive de beliscar e não come direito! Esta menina é má companhia para meu Quim. Saiam daqui tão logo esta se levante, opah? Tenho dito! - e saiu resmungando.

- Grrr, como pode existir alguém assim? - Denise rangeu os dentes observando o velho e gordo padeiro se arrastar para dentro de sua cozinha.

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