Era domingo. Magali acordara quase ao meio-dia por conta da noite em claro que passou repensando sua vida. Sua mãe não quis acorda-la e pediu ao marido que não ligasse o cortador de grama naquele dia (o que fez muito a contra gosto, pois significava ter que cortar a grama durante a semana), para que Magali descansasse.
-Humm... Que cheirinho delicioso é esse? - disse enquanto descia as escadas, já de banho tomado e indo direto para a cozinha.
-Olha quem acordou de bom humor hoje! - disse dona Lili, ao ver o sorriso no rosto da filha. - Venha meu amor, fiz panquecas e bolo de cenoura!
-Humm! Está com uma cara ótima mamãe! Acho que também vou querer... - é subitamente interrompida pela campainha, que tocava insistentemente. - Ué, quem poderia ser?
-Se forem Testemunhas de Jeová manda ir catar coquinho! - gritou o pai de Magali, do quintal dos fundos, onde estava consertando um vaso de plantas.
Ao abrir a porta, dona Lili ergue uma sobrancelha, olhando de volta para a cozinha, encarando sua filha. - Bem... É pra você, Magali. - diz, saindo da frente e dando passagem para Quim.
-Aham... Oi Magali.
...
-E então? Qual foi a desculpa que aquele lá inventou para se retratar da burrada que fez? Diga tudo e não me esconda nada! - impôs Mônica, deitada no carpete do quarto de sua melhor amiga, duas horas após Quim ter ido embora.
-Er... Na verdade ele veio me "liberar do compromisso" que tinhamos - palavras dele - desde crianças". Você acredita?
-Como é que é?! Esse cara é doido ou bebe gás de canudinho?! - Mônica deu um pulo.
-Na hora eu também fiquei sem palavras, sabe. Mas ele me contou com detalhes tudo que aconteceu durante o último fim de semana. E vou te dizer, pode parecer loucura, mas não estou mais com raiva do Joaquim.
-Agora é que eu não entendi foi nada mesmo. Você viu a garota com ele! Você viu o beijo! - Mônica gesticulava os braços efusivamente.
-Calma mulher! Vou contar do jeito que ele me contou:
"Era sexta-feira de manhã e eu não via a hora de chegar no curso. Eu caminhava apressado pelas ruas, pois havia chovido e em Goiás faz um frio de rachar nesta época do ano. Então quando atravessei uma viela sem olhar para os lados, de repente uma bike veio com tudo pra cima de mim." - quando ele disse isso eu também arregalei os olhos, assim como você fez agora. Bem, voltando... - "Quando me levantei, estava arranhado e confuso, mas vendo que estava inteiro, olhei pra frente e vi a pessoa que havia me atropelado. Era uma garota. Ela havia caído de mau jeito e torcido o tornozelo. Me senti culpado, e mesmo sabendo que perderia aquele dia de curso, me prontifiquei a leva-la a um pronto atendimento. Por sorte havia uma UPA próximi. Olha Magali, eu te juro pela alma de minha falecida mãe... Jamais passou por minha cabeça me apaixonar por aquela garota... Mas para tudo o que aconteceu nos três dias seguintes a isto, não sei dar outro nome a não ser DESTINO."
-Pera! Para TUDO mona! Que papagaiada é esta de "destino"?! Que moleque sem noção!
-Ora Denise! Eu nem... DENISE?! DE ONDE VOCÊ SAIU CRIATURA?! - gritou Magali, mas logo se recompôs e continuou:
-O fato é que ele disse que já fazia algum tempo (e eu confesso que também havia percebido) que o nosso relacionamento se estagnou. Não só pelo fato de não nos vermos quase nada, mas também... Nós mau conversavamos. Parecia que eramos simples colegas. E quando ele conheceu esta garota, a Francini... - Magali mastigou cada letra do nome. - Ele meio que "tirou as escamas dos olhos (palavras dele).
-Mas amiga, e o beijo? E o jeito frio que ele falou comigo naquele dia? - Mônica queria saber. Ainda não estava convencida daquela história. E a incomodava a tranquilidade por parte de Magali.
-Ele me jurou que aquilo foi fruto de uma sucessão de atitudes mau planejadas. Ele havia conversado com a tal... Com a garota, sobre mim e como (nas palavras dele novamente) estava sendo difícil continuar com um namoro sem sentido para ambas as partes. Ela deu a ele a idéia não muito bem elaborada de simular um beijo quando me vissem, para dar razão a um rompimento. Mas na hora "H", O Quim deu pra trás. Não porque tenha repensado sobre o nosso namoro... Mas por medo de você, Mônica!
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Histórias que o Bairro do Limoeiro Conta
FanfictionEste bairro tem muitas histórias para contar. E todas envolvem uma turma jovem e cheia de sonhos. Em um dia como todos os outros, uma discussão abala os ânimos de um casal já conhecido pelas brigas. Enquanto isso, outros dois jovens, amigos de infâ...