capitulo 3

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A única coisa em que consigo pensar quando o táxi ganha as ruas de Londres a caminho do aeroporto é que não vou sentir falta de absolutamente nada desta cidade

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A única coisa em que consigo pensar quando o táxi ganha as ruas de Londres a caminho do aeroporto é que não vou sentir falta de absolutamente nada desta cidade. Não que ela não seja linda, maravilhosa ou excitante. É que Londres simplesmente não é o meu lugar. Não mais!

Perdi uma estrela aqui — bom, é maneira de falar, porque aquele safado está mais para um pisca-pisca de Natal vagabundo —, e de repente me dou conta de que posso nunca ter a chance de me deparar com meu verdadeiro amor. Perder a fé nessa procura faz meu peito transbordar de desilusão. Me faz sentir vazia.

Eu não sou ninguém sem esse sonho. Não sou a Sina, não sou eu mesma.

Sinceramente, nunca tive um propósito verdadeiro na vida, pelo menos não um de gente grande como a maioria das pessoas tem. Nunca sonhei em construir uma carreira sólida, aprender coisas novas, viajar e conhecer o mundo ou beijar um golfinho na boca. Nunca quis aprender a dirigir um ônibus, fazer um curso de culinária ou me tornar famosa. Eu só tinha um maldito sonho: encontrar o cara perfeito! Será que é pedir demais?

Tudo e qualquer coisa que eu fiz, cada passo dado e cada corte de cabelo ou jeans comprado para acentuar minha bunda foram para encontrá-lo. Por mim eu sairia de pijama na rua, mas aí sempre pensava: E se for hoje? Ser massacrada novamente pelo peso aterrador da derrota me faz sentir sem um lugar no mundo, com fome e revoltada. Me faz querer quebrar alguma coisa, ou, no mínimo, a cara de alguém. Por que eu não quebrei a cara do Levi quando surgiu a oportunidade? Eu tinha que ficar distraída com os músculos — bons músculos, admito — do cara que ele estava pegando, em vez de expulsar toda essa frustração de dentro de mim, de preferência na forma de socos e pontapés? Eu devia pelo menos ter quebrado uma costela dele.

Sento em uma cadeira pra lá de ruim e aguardo meu voo ser anunciado pela mulher de voz sexy do aeroporto. Posso apostar todas as minhas calcinhas que ela não é solteira. Não, senhor. Ela deve ser casada, e muito bem casada, com um piloto tão sexy quanto a voz dela sugere que seja.

Agora, mulheres como eu? Essas deixam evidente que são encalhadas.

Basta reparar na minha cara de bêbada, no rímel borrado e na calcinha gigante e confortável para saber que eu não tenho um homem para chamar de meu.

Quando meu voo é anunciado, me arrasto para a fila de embarque com a mochila batendo desconfortavelmente nas minhas costas. Entro no avião e confiro o número da poltrona, o que decerto eu nem precisaria fazer, porque, com a sorte que tenho, é só reparar no cara mais babaca que encontrar e me sentar ao lado dele. Com certeza o meu lugar será ali. Olha lá, dito e feito! Poltrona 13B, bem ao lado de um homem que não para de olhar para a bunda de quem passa pelo corredor.
Não sei por que ainda me surpreendo!

Passo por cima dele e me jogo na poltrona da janela com um suspiro frustrado. Pelo menos isso: eu adoro sentar na janelinha! Não perco tempo respondendo ao cumprimento cheio de segundas intenções e ao bater frenético de cílios que o homem me oferece. Seriam longas e intermináveis horas de conversa fiada com um estranho que só vai me fazer sentir mais deprimida. Dou um sorrisinho fraco e viro a cara bem quando o safado olha desavergonhadamente para minhas coxas e assobia sem som, imaginando que eu não percebi. É oficial: vou vomitar toda a vodca que ainda está dentro de mim, se possível no colo dele! Antes que a bile chegue de fato à minha garganta, um bonitão cutuca o homem ao meu lado educadamente, chamando nossa atenção:

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora