Capítulo 29

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Desço as escadas quase mijando nas calças de tanto rir

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Desço as escadas quase mijando nas calças de tanto rir. Não acredito que caí nessa. De novo. Uma barata. Ela me fez deslocar todo o grupamento para minha casa para dar conta de uma barata. Ok, era voadora, e a culpa é minha. Foi erro meu ter contado para Sina que uma barata grudou no cabelo de uma menina durante um encontro uma vez e não quis sair por nada. Ela ama tanto aquele cabelo platinado que pegou trauma. Mando os policiais de volta à delegacia. Assim como eu, eles não conseguem se controlar e vão embora às gargalhadas. Já conhecem bem as loucuras dela. Só lamento pela porta que arrebentei achando que ela realmente estivesse em apuros. Era uma boa porta.

Sina não sabe, mas me deu tudo de que eu precisava para colocar a segunda parte do plano em prática. Subo a escada e a encontro sentada na cama, olhando para o cadáver com um sorrisinho satisfeito nos lábios. Como sempre, alheia aos problemas que arruma.

— Obrigado por tornar as minhas próximas semanas um inferno. A nova piada do momento na delegacia vai ser essa maldita barata. Vou me irritar bastante e apontar muito a arma para as pessoas. Espero que você esteja contente. — Nada, nada disso é mentira. Ela acabou de tornar minhas próximas semanas bem mais divertidas.

Por que eu amo tanto essas merdas? Sei lá, mas vou sentir falta.

— Não foi nada de mais, Noah — ela diz, empurrando minha chatice com a mão.

— Odeio falhar quando o assunto é o meu trabalho. Ele não é um dos seus brinquedos. Essa foi a gota d’água, Sina — cuspo, me encostando na parede, rente à porta.

— Teve uma época em que o seu copo não tinha fundo — ela diz, triste, tirando os olhos da defunta para me encarar. — Lembra? — Vagamente. Acabou há quarenta e seis horas. — Sabe? Eu podia pingar e pingar, pingar para sempre sem correr o risco de ele transbordar.

— O copo não tinha fundo para você — friso. É inacreditável como ela se faz de burra, puta merda. — Quer ser metafórica? Ok. Pingava tudo dentro de mim, e para não transbordar eu me afoguei.

— Traduz? — Ela franze a boca. Pensando bem, talvez ela não esteja se fazendo de burra. Não duvido nada que toda a vodca que ela já bebeu nesta vida tenha queimado alguns neurônios.

— Cansei de você. — Dou de ombros. Minto, quebro tantas promessas com essas três palavras. Elas têm gosto de mentira e arrependimento, mas não o bastante para me parar.

— Como assim, cansou? Tá falando do quê? — Sua expressão é de medo.

— Não está mais dando certo você ficar na minha casa — pronuncio as palavras com clareza.

— Por quê? — Sina faz beicinho. Eu amo esse beicinho de garota mimada.

— Porque você não consegue deixar nada limpo, não tem cuidado com nada... Quantos copos você já quebrou esta semana? — pergunto, fingindo estar puto. As bochechas dela ficam vermelhas e eu vejo pelo seu olhar que escolheu mentir. — Esquece. Eu vi as provas do crime no lixo — corto antes que ela retruque. — Fora o que você arremessou em mim. Me machucou, aliás. Você nem pediu desculpa, e hoje me fez passar vergonha no trabalho. Não preciso repetir quanto isso me emputece, certo?

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora