Capítulo 33

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Eu me sento nos tornozelos e enterro o rosto nas mãos, cansada, me perguntando por que ninguém fez nada

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Eu me sento nos tornozelos e enterro o rosto nas mãos, cansada, me perguntando por que ninguém fez nada. Por que ninguém o impediu de sair? De me abandonar, quando eu fiquei? Tomei a decisão certa. Por mais que eu quisesse sair pela porta sem olhar para trás e me jogar debaixo de um caminhão, ainda estou aqui, e é sobre isso que estou falando. Bater em metade das pessoas que eu mais amo quando todas tentaram me segurar para não ir atrás dele é questionável, mas infelizmente não consigo me arrepender; eu queria bater.

Lamar. Krys. Josh. Heyoon. Todo mundo tomou, porque ficou bem claro que eles não só sabiam como o ajudaram a esconder de mim. Krystian me confirmou, cuspindo tudinho enquanto levava uns tapas. Não é culpa minha se foram estúpidos a ponto de se deixarem convencer pelo plano ridículo do Noah. Se ele tivesse me contado no carro, nada disso teria acontecido, e eu não estaria com os punhos doendo agora.

Ergo os olhos quando alguém entra pela porta da sala. É Clara.

— O Noah foi mesmo embora? — meu pai pergunta, sem acreditar. Quando ela assente, os olhos dele se desviam para mim por apenas um instante antes que ele pegue a chave do carro no balcão da cozinha e saia correndo atrás de Noah com Krys. — Fica de olho nela — ordena por cima do ombro antes de sair.

— Eu fico — diz Clara, olhando para mim.

Caio no choro.

Nunca mais vou falar nada para o Noah sem pensar primeiro.

Nunca mais.

Por que eu disse aquilo?

Escuto a porta bater e entro em completo desespero, não só pelo que falei ou por Noah ter me abandonado, mas pelo que está acontecendo. E se ele morrer? E se ele morrer longe de mim? E se eu perder o tempo que ele ainda tem porque não me deixa chegar perto?

Por que droga ele está fazendo isso? Eu sei por que, mas não quero que ele me proteja agora. Quero protegê-lo.

Vou para minha cama e me enfio embaixo das cobertas. Só saio do meu esconderijo quentinho quase uma hora depois, quando meu pai entra no quarto seguido de sua mulher. Ela fica na porta, me olhando com simpatia e tristeza, enquanto me sento e abraço o travesseiro.

— Achou? — pergunto, em um choramingo.

— Não. Fui até a casa dele para tentar colocar um pouco de juízo naquela cabecinha dura que nem a sua, mas está tudo fechado. Sinto tanto, filhinha — ele responde, afagando meu cabelo, e nem sei como é possível, mas choro ainda mais. — O Krystian ainda está procurando, e o seu irmão deixou a Heyoon em casa e também saiu atrás dele. Daqui a pouco um deles liga. — O conforto de pai abre mais minhas feridas.

Enquanto ele me olha com um misto de pena e incerteza, sinto que elas se alargam até caber um punho dentro. Se nem meu próprio pai acredita que eu suporto passar por isso, o que me resta?

— Você também acha que eu não dou conta, né?

Ele sorri fracamente, mas os olhos são de quem chorou o caminho inteiro até o sobradinho rosa.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora