Capítulo 37

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Sina não está no sofá quando acordo na manhã seguinte — acho que deveria dizer madrugada

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Sina não está no sofá quando acordo na manhã seguinte — acho que deveria dizer madrugada. Devem ser umas cinco e pouco da manhã quando subo a escada na ponta dos pés. Noto a porta do antigo quarto da minha mãe entreaberta e respiro aliviado: minha garota deve ter corrido para a cama que era dela. Não gosto de entrar ali. Fecho a porta e volto pelo corredor para não correr o risco de acordá-la. Tomo um banho, me troco e escrevo um bilhete que ela provavelmente vai me fazer engolir quando eu chegar em casa e saio sem pensar demais, sem remorso. Abro a porta e entro no carro distraído com algumas mensagens no celular que não pretendo abrir agora. Bato a porta e tomo um susto quando escuto um rosnado. Sem brincadeira, quase mijo nas calças quando viro e a encontro, recostada na porta do passageiro, com os pés no banco e um leve toque assassino no olhar.

Bom, eu sabia que hoje seria apenas o primeiro de uma série de dias ruins. Tá aqui a prova — e aparentemente a prova morde, ou pelo menos está rosnando como se mordesse.

— Alguém me disse uma vez que o mundo é dos espertos. Acho que é verdade. — Ela afia mais o tom. Parece brincadeira, mas está longe de ser. — Até gosto de gente esperta, Noah. Só não gosto de gente mentirosa. — Me encara com um par de olhos vermelhos de quem chorou a noite inteira em vez de dormir, e pelo tom eu sei que me fodi. Muito. Respiro fundo, pronto para dizer que não menti, porque eu não fiz isso, mas minha garota faz um sinal negativo com a cabeça. — Só dirige, Noah — corta. Engulo em seco.

Saio da cidade em silêncio. Quando paramos no último semáforo, encosto a cabeça no banco e olho para ela. Observo o cabelo amassado, ondulado e bonito, solto nos ombros, o jeans rasgado e a camiseta de manga comprida branca, o cardigã cinza, velho e largo que eu adoro e as sapatilhas azuis. Tão linda. Tão, mas tão triste. É horrível saber que é comigo.

— Passou a noite inteira de tocaia no carro? — pergunto, na metade do caminho. Detesto que a cara de sono e os olhos inchados respondam a minha pergunta no seu lugar. — Sina? — insisto.

— Você tem uma coisa e tanto pela frente hoje. Você — ela me lembra, como se estivesse decepcionada por eu viver me esquecendo. — Nós precisamos nos concentrar nisso, então eu estou tentando de verdade não lidar com a situação como eu lido com tudo. Ajudaria se você só calasse a boca até eu conseguir apagar da memória a sua cara assustada quando me viu. É isso ou eu vou te bater, e eu não quero te bater, não posso mais, então colabora.

— E quem disse que não pode mais me bater? — Olha o absurdo da pergunta, mas é bem séria. Ela tem que parar com isso. Nada mudou ainda.

— Estou tentando ser uma pessoa melhor aqui, mas tá por um fio, Noah. — Ela mostra com o polegar e o indicador que o fio é bem curto.

— Ajudaria se eu te alimentasse?

Bem-vindo ao primeiro passo para pedir desculpa nesse relacionamento.

— Comida sempre ajuda, você sabe disso. Fazer perguntas estúpidas é que não está te favorecendo — Sina resmunga, me dando as costas e apoiando a cabeça na janela. Eu me preparo para a delícia de dia que vou ter com essa mulher duplamente virada no demônio. É ótimo, na verdade, porque não sobra tempo para ficar ansioso com o que estou indo fazer.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora