|•Noah and Sina•|
Sina, após flagrar o namorado com outro cara (e descobrir que, ainda por cima, ele tem um gosto para homens melhor que o dela!), se arrepende de ter abandonado a família, o gato, o emprego, os amigos e até o país para segui-lo. Mas...
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— Ei, animal — Josh sussurra, cutucando minhas costelas com um dedinho, que, se ele não tomar cuidado, vou fazer questão de quebrar. — Droga, Noah! — ele reclama mais alto. Suspiro e desgrudo a boca de Alice antes de colocá-la no chão para ver o que é tão importante a ponto de me interromper.
— O que foi? — pergunto, sem paciência.
— Por acaso aquele cara que está com a Si não é o Lamar, é?
Demoro um segundo a mais para assimilar a pergunta, porque um frio inquietante percorre meu corpo e me arrepia imediatamente. São meus instintos antevendo o desastre com o qual vou me deparar quando olhar para onde Josh aponta, e eles adivinharam. Eu sabia que isso ia acabar acontecendo. Tive certeza assim que nos encontramos: a volta de Lamar se transformaria em um problema. Será que não fui claro o suficiente com ele? Deveria ter levantado a camiseta e mostrado a arma? Posso fazer isso agora.
— Mas que merda! — solto, irritado, sem desgrudar os olhos dela. Eu gostaria de prever gritos, socos e quem sabe algumas lágrimas, mas estaria mentindo para mim mesmo.
— O que foi, amor? — Alice se intromete, com as sobrancelhas erguidas e as mãos na cintura fina.
— Nada, nada de mais. Só mais um problema. Um grande e enorme problema! Um problema que, como sempre, vai cair no meu colo mais tarde. — Alice me olha sem entender, e eu balanço a cabeça, pedindo para ela esquecer.
— Calma, Noah. A minha irmã não é burra a ponto de... — A frase de Josh morre lentamente à medida que vemos Sina se jogar sobre Lamar, como eu bem sabia que faria. As mãos dela envolvem o pescoço dele, que neste momento eu queria enforcar, e o filho da puta, por sua vez, passa as mãos pela cintura dela, levantando-a do chão e a apertando contra seu peito, onde eu adoraria encostar o cano da nove milímetros.
Josh já devia saber que a burrice daquela garota não tem tamanho.
— O que você estava dizendo? — murmuro, ácido, porque um instante depois ela está rindo para o filho da puta feito uma hiena.
— Deixa pra lá! Só tira a mão da arma. É Ano-Novo! — ele manda, suspirando, me dando as costas e caminhando para perto de Heyoon. Não parece decepcionado, muito menos surpreso. Mas a esta altura quem ficaria? Já vimos Sina tomar decisões piores. Baixo a mão, que agiu por instinto, e respiro fundo. Josh está certo, é Ano-Novo.
Posso apavorar Lamar Hype no dia 2, no horário comercial.
Foram muitas as desilusões amorosas que Sina enfrentou ao longo dos anos, uma pior que a outra, e, por mais que eu deteste admitir, ela foi a culpada por boa parte delas. Minha memória é espetacular, então vejamos...
Relacionamento fracassado número 1: enquanto a maioria das criancinhas — eu inclusive — estava aprendendo a pintar com os dedos, Sina já estava à nossa frente, se apaixonando, obviamente pelo pirralho errado do parquinho. Se eu fosse opinar, diria que o dedo podre veio de fábrica. Enfim, ela estava caidinha, tanto quanto uma garotinha de cinco anos pode estar, por um garoto da nossa turma.
