Capítulo 42

215 23 4
                                    

Depois de caminhar até o posto, abro a porta da sala dele com delicadeza

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Depois de caminhar até o posto, abro a porta da sala dele com delicadeza.

- Se você abrir a boca para encher o meu saco, eu vou lá para a delegacia vomitar. Não me obrigue a isso. Já foi horrível me arrastar até aqui, e olha que foram só duas quadras - imploro, delicado, indo direto para o banheiro.

- Precisa arrebentar a minha porta e falar com essa grosseria toda?
Te deixei dormir na minha cama até agora. É meio-dia, sabia? - Ou talvez não tão delicado. - E você nem trabalha mais na delegacia - Josh lembra.

- Você acha que alguém liga? - resmungo, me jogando no chão. Encosto a nuca no azulejo gelado para ver se o enjoo melhora e nada. Ergo a tampa do vaso e espero. - Ontem fiz um cara confessar em cinco minutos que estuprou a enteada, cinco. O Marcelo e o Otavio adoram quando vou vomitar no banheiro da nossa sala. Dizem que essa coisa me deixa com um mau humor útil. - Dou de ombros, sentindo a bile subir pela garganta. Ainda consigo vê-lo me encarando de trás da mesa, os braços cruzados, enquanto passo mal. - Pelo menos eles não me chantageiam como você, seu pai e sua irmã do mal. Só pedem - protesto.

Mentira. Eles entram no banheiro e jogam as pastas no meu colo, ou me enfiam em uma sala de interrogatório pela gola da camisa, mas quem liga? Ninguém. Nem sei por que insistiram tanto na festa de despedida, se sabem que ainda vou vomitar muito naquele banheiro.

- Foi a tequila ou a quimioterapia? - Josh pergunta acidamente. Dou um chute na porta para fechá-la, mas ainda não me livro dele. - Abre, por favor. Vou ficar melhor se puder te ver.

- Só porque você pediu com jeitinho e acordou para abrir a porta pra mim às cinco da manhã, depois que eu fui expulso de casa. - Sorrio.

Josh foi embora do bar à uma. Krys e o namorado, Alexandre, às duas. Às duas e um eu comecei a beber, porque sabia que nem Marcelo, nem Otavio, muito menos os outros teriam coragem de falar alguma coisa. Ninguém se arrisca perto da minha boquinha grosseira. Foi uma noite ótima, na qual esqueci por algumas horas que tenho um problema enorme para encarar. Teria sido perfeito se minha garota não estivesse acordada e bem mais grosseira que eu. Não que eu tenha me importado com a patada, mas me importei bastante que ela tenha enjoado com o cheiro do uísque.

Sina ama uísque.

Sina ama uísque e, como se isso não fosse ruim o bastante, agora também vomita Big Macs.

Tá vendo a merda?

- Estou esperando uma resposta, Noah.

- Uísque - digo, parando de pensar. - Aposto que a sua irmã não erraria, e pode muito bem ter sido a comida dela - minto, brinco e abraço a privada um pouquinho mais apertado.

- Por falar na Sina, será que ela pode distrair a minha mulher amanhã?

- Ela disse que era a última vez...

- Ela está um dia atrasada. Ela sempre espera dois para conferir, e vai querer me fazer rastejar para a linha do trem quando der negativo mais uma vez. Você não me ama? - reclama, gemendo. Eu nego. - Você gosta de pizza, Noah? Gosta de vomitar na santa paz do meu banheiro? Gosta do meu pai ligando para convidar vocês para jantar sempre que manda uma mensagem pedindo socorro? Gosta do silêncio da Joalin? Porque, se gosta, é bom fazer a minha irmã mudar de ideia...

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora